Um dos mais tradicionais grupos de bumba meu boi do Maranhão, o Boi de Nina Rodrigues realiza nesta sexta-feira (17), o batizado da brincadeira que desde abril vem realizando apresentações nos arraiais da cidade.

O grupo do sotaque de orquestra é um dos mais tradicionais do estado e tem como característica principal suas belas índias e toadas dançantes.

O ritual de batismo será na Igreja da Nossa Conceição, Monte Castelo, a partir das 17:30h. Tradicionalmente o Boi de Nina Rodrigues realiza seu batizado no dia 13 de junho, Dia de Santo Antonio, mas este ano, em decorrência da pandemia e de outros fatores, a brincadeira teve que mudar a data da benção do boi.

A brincadeira que este comemora seus 32 anos em 2022 reverencia as raízes maranhenses em suas apresentações do auto do bumba meu boi e seus personagens, como por exemplo, Catirina, Pai Francisco, índias e vaqueiros que com suas indumentária cheias de brilhos e cores encantam o público em qualquer lugar.

Segundo o cantador do Boi de Nina Rodrigues Joelson Braga a temporada junina 2022 está bastante intensa, após dois anos da pandemia da Covid-19.

“Em 2020 o Boi de Nina Rodrigues fez 30 anos de trajetória, veio a pandemia e interrompeu o nosso grande espetáculo que fizemos para este período que foi aperfeiçoado naquele momento. E agora nós estamos trazendo esse projeto dos 30 anos com releituras das toadas tradicionais do Boi de Nina Rodrigues que não podem faltar em nosso repertório e nos arraiais por onde a gente passa, e que que as pessoas cobram. Selecionamos as principais toadas que o público cativo já conhece e com novos arranjos e interpretações com essas releituras”, revelou Joelson Braga.

Joelson Braga que está no Boi de Nina Rodrigues desde o início da sua fundação, revelou que a história de sua brincadeira confunde-se com a sua própria história.

“Sou músico e cantor por conta do Boi de Nina Rodrigues. Eu era animador do ônibus do boi. Antigamente a gente fazia até oito apresentações por noite. Começava as 17h e ia até de madrugada. E eu para não deixar o clima cair dentro do ônibus eu cantava e animava a galera. E com isso fui conquistando meu espaço na brincadeira e hoje sou cantador do Boi de Nina Rodrigues. Só não acompanhei o Nina no primeiro ano que foi em 1990. Devo tudo ao Nina Rodrigues, pois além do boi, eu tenho a minha carreira solo onde canto outras músicas não só de bumba meu boi, mas de outros ritmos”, contou o cantador que nasceu no município de Nina Rodrigues, mesma cidade que deu origem à brincadeira.

Um espetáculo para todas as idades, há mais de 30 anos o grupo vem desenvolvendo junto à comunidade o resgate cultural através da música, poesia e da arte, um trabalho de valorização das nossas raízes. Além de fundadora, Concita Braga é presidente, ama e compositora de toadas.

“A retomada do São João pós-pandemia tem sido muito gratificante, a começar pelos músicos e artistas que estavam carentes do encontro com o público. Por onde a gente tem passado, pois nós também temos feitos apresentações em outros municípios além de São Luís, o público tem extravasado a sua alegria”, disse Joelson Braga brincando que “o maranhense estava ´seco´ de São João”.

Com 28 álbuns lançados, O Boi de Nina é conhecido por suas coreografias harmônicas e ritmadas, assim como sua qualidade musical, sendo pioneiro na introdução de novos instrumentos no sotaque de orquestra.

“Nordeste Brasileiro” é uma das suas principais toadas e tornou-se um hino da cultura maranhense. “Sem duvida nenhuma “Nordeste Brasileiro”, que é uma composição de Concita Braga é emblemática e tornou-se o carro chefe do Nina Rodrigues. É música que as pessoas se identificam e se a gente não toca, eles pedem. É a música que marca o Boi de Nina Rodrigues, pois fala não só do São João, mas do nordeste brasileiro e o seu lado festivo e cultural que nós nordestinos temos”, finalizou Joelson Braga.