Dudu Gehlen lança livro memorialista sobre seu amor pela avó, Dona Caçula
O lançamento será às 19h desta quinta-feira (7), no centro histórico de São Luís.
O artista e produtor cultural, Dudu Gehlen, lança o livro “Cadeira de Balanço”, para mostrar de forma afetiva e memorialista a suas relações familiares com sua avó materna. O lançamento é nesta quinta-feira, às 19h, no Espaço Chão, centro histórico de São Luís
Dudu começou a escrever o livro em 2016 numa tentativa de materializar a existência da sua avó materna, e o que pode definir a obra são justamente as relações entre o tempo, os afetos, ausências e a saudade. O autor refletiu sobre tudo o que ainda não conhecia sobre essa mulher que, como ele mesmo diz, tanto amou.
“É o meu primeiro livro, uma carta sobre tudo aquilo o que eu nunca disse pra minha avó, para que mesmo quando eu morresse ela continuasse a viver”, ressaltou.
O livro “Cadeira de Balança” é uma autoficcção e foi escrito através da relação familiar entre avó e neto e dos sentimentos que surgem após a morte dela, e também para permitir que bisnetos e tataranetos também conheçam quem foi Dona Caçula.
“É sobre todas as histórias de Dona Caçula, mulher nordestina e artesã, maranhense e moradora de Catanhede, é justamente sobre tudo isso que ela deixou”, explica.
A força motriz da obra são justamente o amor e o carinho que o autor sente pela avó, usando as memórias como inspiração do processo de escrita que o alimentaram. É como a família dele mesmo diz “é um momento pra todo mundo lembrar da sua avó também”.
Leia um trecho da obra:
“A minha felicidade – naquela casa branca de portão marrom, com várias tonalidades de lajotas, deixando registrado em cada uma delas as reformas e as histórias com que a casa ia aumentando e ganhando espaço – não tinha espera, eu não prolongava os motivos dos meus sorrisos, eu não postergava os meus sonhos na tentativa de adiar a felicidade, e é por isso que fui feliz ao teu lado, pois vivia sem a consciência de que assim como a casa ganhava espaço e o quintal perdia, eu aumentava de tamanho no mundo e a senhora diminuía, eu deixava de ser criança e a senhora tornava-se.
Talvez eu tenha aprendido contigo vó, que a simplicidade da vida é onde mora a felicidade, não sei ao certo se foi ao olhar as voltas de papel crepom que lançadas pelas suas mãos coloriam o arame das coroas de cores vivas que enfeitariam o túmulo dos mortos, ou ao olhar as folhas de E.V.A vermelha ganhando o formato de pétalas de rosas, e o quanto isso era a sua distração, fazer coroas para os mortos a mantinha viva”.