ESTREIAS

Artista Pietra D’Ofá lança vídeoclipe da música “Menina” e prepara seu primeiro EP

“Menina” é uma reconstrução em minha vida; é sobre todas as minhas irmãs travestis que se foram e das que estão presentes.

"Tô na criação do meu primeiro EP, onde já lancei um vídeo clipe chamado 'Menina'". (Foto: Edu Jovovich)

Se assumir nunca foi fácil. E mais difícil é ressignificar o próprio caminho. Mas é o que Pietra D’Ofá faz em todos as suas batalhas por expandir sua arte. Se afirmar como travesti – a primeira travesti MC no estado – é, como ela mesma diz, sair das narrativas da prostituição, porque precisa ser valorizada e servir como referência para suas irmãs e irmãos trans. A artista lançou semana passada seu primeiro vídeoclip, da música “Menina”, uma das faixas do seu EP. Nesta entrevista, ela fala de sua própria vida, de sua arte e da forma como pretende recontar sua luta.

Você se assume como travesti?

Sim, me afirmo como travesti, termo esse que no passado foi usado para inferiorizar nossos corpos, hoje uso como ressignificação.

E seu nome Pietra D’Ofá (PP Poeta Marginal), como surgiu?

Sempre me chamaram de PP. Depois que adentrei as batalhas de rimas e poesias, usei poeta marginal. Já a Pietra D’Ofá é meu nome social.Me afirmo como travesti, termo esse que no passado foi usado para inferiorizar nossos corpos, hoje uso como ressignificação.

Me afirmo como travesti, termo esse que no passado foi usado para inferiorizar nossos corpos, hoje uso como ressignificação.

Quantos anos e desde quando trabalha como artista?

Então, eu escrevo desde os 14 anos, mas adentrei as batalhas de MC e poesia tem dois anos e meio, aí só fui agregando mais coisas em minha caminhada, como performance poéticas, poesias, escritas e por aí vai.

Pietra, você reconhece a importância da causa em que está inserida? E de que forma isso contribui com o teu trabalho artístico?

Sim, ser a primeira travesti a ser MC no estado, organizar batalhas, fazendo arte, é de grande importância pois estou saindo das narrativas jogadas sobre corpos T, que é a prostituição e a marginalização. E a contribuição é ter minha arte valorizada, ser referência para as minhas irmãs e irmãos trans, e remontar novas narrativas sobre nossa população.

Agora me fala do teu trabalho como artista, envolvendo música e as performances poéticas.

Tô na criação do meu primeiro EP, onde já lancei um vídeo clipe chamado “Menina” e estou começando a adentrar o ramo musical. Trabalho faz um tempo com performance poéticas, e sempre tô criando novas performances, sempre trazendo temas necessários e fazendo a junção da poesia e da performance que são duas formas de artes que estão entrelaçadas em minha vida.

Você é poeta? Integra grupos de Slam (@slammaria) e batalhas de Rap (@batalhaitinerante) e participa de saraus com intimidade com a poesia marginal. Poderia falar sobre isso também?

Nossa, eu sempre amei a poesia, como disse escrevo desde os 14 anos, e sempre senti falta de um slam no Maranhão, e aí me juntei com uma galera e criamos o Slam Maria Firmina, o primeiro slam do Maranhão. Como já mandava poesias em rodas de batalhas e não me sentia representada dentro das batalhas de rimas por não ver pessoas lgbtqia+, e principalmente pessoas trans/travesti, me joguei dentro deste espaço também, e depois de um determinado tempo assumi a batalha itinerante na qual sou uma das organizadoras.

Agora você tem um vídeoclip divulgado do Youyube, da música “Menina”. Fala um pouco de como foi esse trabalho o que ele significa?

Fiz “Menina” com muita ajuda, pois sou uma artista independente. “Menina” é uma reconstrução em minha vida; é sobre todas as minhas irmãs travestis que se foram e das que estão presentes. Gravei o clip logo após abandonar a prostituição e me jogar inteiramente na minha arte, então ela significa recomeço, possibilidades e principalmente amor próprio.

“Menina” é uma reconstrução em minha vida; é sobre todas as minhas irmãs travestis que se foram e das que estão presentes. Gravei o clip logo após abandonar a prostituição e me jogar inteiramente na minha arte, então ela significa recomeço, possibilidades e principalmente amor próprio.

Poderia falar também do seu EP, por favor?

Então, meu EP tá sendo produzido pouco a pouco. Vão ser 5 faixas, onde três serão com vídeoclipe, e tem trap, love song e outros elementos do rap, mas também tem aquele acústico como menina que é uma parte poética do meu eu artista.

Na música aparecem palavras como amor, dor e cura, que se repetem com frequência. O que esses sentimentos querem dizer na sua música?

Esses são sentimentos que passaram e passam por minha vida em diversos momentos, a dor de ver minhas irmãs sendo assassinadas, o amor que tenho pelo meu trabalho e por minhas irmãs e a cura do nosso interior né?

Transformar as dores em formas de afeto, amor próprio, cura e tudo isso é a Pietra, é a PP, e acredito que na música tento passar por isto, levar na música à cura e o recomeço.

“Escrevo desde os 14 anos, e sempre senti falta de um slam no Maranhão, e aí me juntei com uma galera e criamos o Slam Maria Firmina”. (Foto: Edu Jovovich)

As imagens também trazem um sentimento de acolhimento. É isso que quer transmitir?

Sim, desde o início quando imaginei gravar “Menina” eu quis repassar essa mensagem, tanto pela letra da música, mas por causa também do que ela representa pra mim, então tudo foi pensado em trazer esse lance do afeto e do acolhimento e fico muito feliz pela interação do público que sente isso ao olhar o vídeoclipe.

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