ARTE URBANA NA ILHA

Gil Leros: Murais artísticos como comunicação

Artista visual estampa muros de São Luís, com arte urbana inspiradas nas tradições culturais do Maranhão como Bumba meu boi e Tambor de Crioula, homenageia profissionais da saúde.

Foto: Reprodução

Um grande mural em homenagem ao Mestre Leonardo, um dos fundadores do Tambor de Crioula e do Boi da Liberdade, no bairro da Liberdade em São Luís foi finalizado na última quinta-feira (22) pelo artista visual Gil Leros. A obra é parte das ações do projeto “Amo, Poeta e Cantador: Murais da Memória pelo Maranhão” que, neste ano de 2021, vai homenagear 10 personalidades do Bumba meu Boi do Maranhão, como o cantador Humberto de Maracanã do Boi de Maracanã que também já foi finalizado pelo artista.

Além do mural no Centro de Saúde da Liberdade, em homenagem ao Mestre Leonardo, outros três murais serão construídos em São Luís e os demais (seis) em Axixá, Cururupu, Barreirinhas, Guimarães, Viana e São José de Ribamar. Um documentário intitulado “Amo, Poeta e Cantador” também está sendo produzido durante a pintura dos murais, que tem previsão de encerramento no mês de agosto. Além de falar sobre o projeto e a merecida homenagem que o mesmo está fazendo a amos, poetas e cantadores, o documentário vai contar um pouco da história, tradição, trajetória, sotaques e sobre algumas das grandes personalidades do Bumba meu Boi do Maranhão.

O projeto “Amo, Poeta e Cantador” é uma realização do Bumba meu Boi da Floresta, com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Benfeitoria, e do SITAWI.

Paraense de nascença e maranhense de coração

Os murais estão sendo produzido por Gil Leros que apesar de ser natural de Tucuruí, no Pará sempre teve o desenho e a pintura como suas principais ferramentas de comunicação. Quando criança, devido às dificuldades de aprendizagem e desenvolvimento escolar (dislexia – desvio de atenção), viu no papel e lápis para desenho uma válvula de escape, criando um jeito pessoal de lidar com as situações de comunicação.

Com a mudança pra o interior do Maranhão, na cidade de Tuntum , e logo após para São Luís, no fim dos anos de 1990, Gil Leros teve contato com a cultura Hip Hop local, transferindo o gosto de riscar papeis por riscar muros da cidade, dando assim início ao aprimoramento das suas técnicas de pintura e comunicação visual, através de atividades voltadas à arte de rua, tendo-a como seu espaço de desenvolvimento. Com o passar do tempo, montou seu estúdio (Blue House) e estudou Arquitetura e Urbanismo, o que agregou uma nova visão de urbanismo e o reconhecimento de seus trabalhos com intervenções urbanas e o uso da arte na valorização dos volumes arquitetônicos.

No decorrer do tempo, Gil Leros nunca deixou o hábito de espalhar seus grafites pelas ruas, porém estendeu suas habilidades artísticas a outras áreas, sempre envolvendo sua identidade plástica à outras vertentes como arquitetura, música, fotografia e movimentos culturais de sua cidade, já que acredita que a evolução da arte contemporânea está na possibilidade de agregar valores artísticos e pessoais às manifestações de outros artistas, criando uma pluralidade no que diz respeito à produção e manifestação artística cultural, possibilitando evoluções pessoais e coletivas.

Arte espalhada em diversos locais

Durante os anos de 1999 a 2017, promoveu encontros de arte de rua, palestras oficinas e pintou em vários locais de forma espontânea, sem compromisso profissional ou ligado a alguma organização sociocultural. Desta forma, pintou em vários bairros de São Luís e outras cidades, como Fortaleza – CE, São José Do Rio Preto – SP, Santo André – SP, São Mateus – SP, Teresina – PI, Belém – PA entre outras.

O artista é responsável por intervenções urbanas de grande impacto na cidade como na escadaria do Beco do Silva, próximo a Rua Graça Aranha, no Centro Histórico de São Luís cuja estampou duas pintura que viralizaram nas redes sociais da população: a primeira foi a “Coreira do Tambor de Crioula” e a segunda em homenagem às “Janelas coloniais dos casarões” da capital maranhense.

Recentemente o artista visual Gil Leros produziu usou a arte urbana para homenagear os profissionais da saúde do Maranhão. Em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (Secma), Gil e sua equipe pintaram as escadarias do Centro Social dos Servidores Públicos do Maranhão (Ipem), na Avenida Litorânea, com imagens inspiradas em fotos reais que retratam a luta dos agentes de saúde contra a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). De acordo com o artista responsável pela obra, os grafites tridimensionais são uma forma de chamar a atenção da população de São Luís para o trabalho dos profissionais de saúde da região.

O mural em 3D foram estampadas as imagens de uma equipe médica em oração e de outros profissionais de saúde, além de uma pomba branca em referência à paz, que foi ilustrada em meio ao coração estilizado que já é uma marca dos trabalhos de Leros. Ele e sua equipe usaram como referência momentos captados pela fotógrafa da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão, Julyane Galvão, que acompanhou o trabalho árduo de médicos, enfermeiros e técnicos em meio ao surto viral.

Por se tratar de uma estrutura irregular e não uma parede convencional, Gil Leros usou a técnica do videomapping para fazer o mapeamento das superfícies que ganhariam o novo colorido. “Lá na verdade não é uma escadaria. É uma solução de engenharia para conter a força da água que vem da parte de cima do Ipem, para conter a força da água que chegue à avenida [Litorânea]. Se nela uma imagem fosse pintada plana, ela iria criar uma distorção. Com o projetor a gente conseguiu enquadrar e vencer essa distorção. Utilizamos um projetor de grande escala para fazer a projeção dessas imagens e vencer essa diferença de superfície”, explicou Leros.

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