SUPERSTIÇÃO

Sexta-feira 13: Ainda há motivo para temer?

Ao longo do tempo a sexta-feira 13 se tornou um dia como outro qualquer, lembrada mais por filmes de terror, do que propriamente por uma questão de sorte ou de azar

Reprodução

Última “Sexta-feira 13” de 2020, um ano que ficará marcado para sempre na humanidade pela pandemia que vitimou milhares de pessoas ao redor do mundo com a Covid-19. Um internauta postou em uma rede social: “temer a sexta-feira 13 pra quê, com um ano desses que a gente está tendo”.

Associar o dia 13, que cai em uma sexta-feira, a algo ruim, é um sentimento que já vem de muito tempo, mesmo antes do nascimento de Cristo.

A data está fortemente ligada à mitologia nórdica e possui várias versões que tentam justificar a sua origem, sempre com uma pitada de misticismo. Entre mitos e verdades, a Sexta 13 ficou conhecida como o dia de mau agouro para os supersticiosos. “A gente lembra que é uma sexta-feira 13, mas depois esquece (risos). Não sei se deu para entender. A vida é tão cheia de tarefas que a gente acaba esquecendo. Mas se acontecer algo de ruim, a gente lembra”, diz a comerciária Valéria Abreu.

O termo superstição vem do latim “superstitio”, mas a origem é bastante discutida e teve diversos significados ao longo da história.

Em artigo, o padre Clemilson Pereira Teodoro discorreu que “o temor e as histórias em torno da Sexta-feira 13 tiveram origem nas difamações e propagandas divulgadas durante o processo de cristianização do Norte da Europa. Quando os primeiros missionários cristãos chegaram e encontraram a religião praticada pelos povos nativos, propagaram a história de que a deusa do amor e da fertilidade chamada Frigga, revoltada por ter perdido espaço para os cristãos, exilou-se no alto de uma montanha e todas as sextas-feiras se reunia com outras onze feiticeiras e com o próprio diabo, formando um grupo de 13, para praguejar contra a humanidade. Os missionários popularizaram a história de que a deusa Frigga era uma bruxa”.

Segundo o Padre Valdenir Tadeu da Cunha, é um  tema que há milênios assombra o imaginário popular em diferentes culturas ao redor do mundo.

“Primeiro o peso negativo que recai sobre a ‘sexta-feira’: foi numa sexta-feira que Jesus foi morto, há quem diga, também, que a contenda entre os irmãos Abel e Caim se deu numa sexta-feira.  Depois, sobre o número treze: na mitologia nórdica fala-se sobre um banquete promovido pelo deus Odin a doze importantes divindades.

Loki, deus da discórdia e do fogo, que não fora convidado, apareceu no tal banquete e criou grande confusão, culminando na morte da deusa da beleza Balder.

Desde então a reunião entre treze pessoas passou a ser evitado. Na última ceia, no cristianismo, o encontro se deu, pela tradição, com treze pessoas e uma dentre elas era o traidor Judas. E, ainda, no capítulo 13 do apocalipse que se assume o 666 como o número da besta ou o anticristo”, comenta o padre.

A partir daí, deduz ele, que o encontro entre a ‘Sexta-feira’ com o número ‘treze’ tornou-se, então, duplamente potencializado de modo negativo.

“Coisas boas e ruins não têm data para acontecer, elas simplesmente acontecem. Milhares de histórias boas ocorreram numa sexta-feira 13 e outras, ruins, que ocorreram noutros dias da semana. Nós, cristãos, não nos orientamos por superstições, sabemos em quem depositamos nossa fé (Hb 11, 1ss). Recebam, neste dia, as bênçãos de Deus. Desejo que coisas maravilhosas aconteçam a todos e todas neste e noutros dias vindouros”, abençoa.

Paraskevidekatriafobia: medo da Sexta-feira 13

O medo da Sexta-feira 13 se chama paraskevidekatriafobia, do grego Paraskeví (sexta-feira) e dekatreís (13) e o sufixo phobia (medo mórbido).

Algumas superstições ainda são cultivadas, como: não passar debaixo de escada, cruzar a rua se olhar um gato preto, cruzar os dedos, bater na madeira três vezes…

De acordo com Padre Clemilton, “muitas práticas, consideradas hoje como superstição, nasceram em contextos históricos bem definidos e foram perdendo o sentido religioso ao longo do tempo; ou são consequências de difamações por propagandas negativas. O gesto simples de cruzar os dedos, por exemplo, perdeu o sentido religioso e se tornou apenas um desejo de boa sorte; mas, antigamente era o modo como os cristãos se identificavam e mostravam a sua fé. Nos lugares e épocas de perseguições, os cristãos cruzavam os dedos para demonstrar a fé sem serem notados”, escreveu.

Ele diz ainda que passar embaixo de escadas, ainda visto como uma prática de azar, antes era entendido como um gesto de desrespeito à Santíssima Trindade. A escada aberta ou fechada formava um triângulo, um dos símbolos da Trindade e passar por baixo dela representava uma ameaça ao equilíbrio e, consequentemente, um pecado.

Sobre gatos: é uma tremenda maldade associar o gato preto a algum tipo de coisa ruim. “A ruindade está é na humanidade”, diz a estudante Raíssa de Assis.

Quanto à bater na madeira 3 vezes para espantar o azar… uma das teorias remetem a madeira ao material com o qual foi feita a cruz em que Jesus foi crucificado, assim, tocar na madeira é um meio de invocar a proteção de Deus.

Nos lugares e épocas de perseguições, os cristãos cruzavam os dedos para demonstrar a fé sem serem notados

VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Negócios
Mais Notícias