DIA DAS MÃES

O que a natureza uniu o coronavírus não separa!

Em tempos de isolamento social, histórias inspiradoras revelam o valor dos presentes imateriais.

Entra ano, sai ano e esta continua sendo uma das datas mais esperadas por todos: filhos, companheiros… E, claro, pelas mães. Se para o comércio, que geralmente nesta época registra o segundo melhor período de vendas do ano, atrás apenas do Natal, o Dia das Mães de 2020 está frustrante, em decorrência da crise provocada pelo novo coronavírus, imagine só como se sentem aquelas que, hoje, dariam tudo por um simples e gratuito abraço dos filhos, distanciados pela necessidade de proteção! A data, instituída no Brasil no Governo Getúlio Vargas, em 1932, virou tradição e sinônimo de família reunida. Mas, diferente dos outros anos, com fartas celebrações repletas de abraços, beijos e aquela aglomeração da boa, este ano o cenário é completamente diferente.

Há quase cinco meses, o mundo parou, desacelerou, diante de um inimigo “invisível”. A economia mundial sofreu – e ainda sofre – diversos impactos. E em meio a tantas mudanças, uma é praticamente unanimidade em todos os espaços: as relações sociais não são mais as mesmas. Agora, não há o contato frequente, o toque, o olho no olho.

“Hoje, precisamos viver em uma sociedade sem abraços, mal conseguimos ver o rosto do outro, diante do necessário e obrigatório uso de máscaras de proteção. Apesar de novo e diferente, esse cenário leva muitas pessoas a refletirem e valorizarem ainda mais a convivência com o outro, seja amigo ou parente”, atesta a psicóloga Celiane Chagas.

Saudade e criatividade

É exatamente essa valorização sentimental, com pitadas generosas de um ingrediente chamado saudade, que tem mexido com a criatividade de muitos filhos, por exemplo. Mais de um mês sem um abraço da mãe, o videomaker Danilo Fernandes (33) contou com a ajuda da esposa, Brena Keny, para surpreender aquela que lhe deu a vida. “Como São Luís iria entrar em lockdown [bloqueio total] já na terça-feira (5), eu não poderia sair no domingo (10), Dia das Mães, nem mesmo para levar o presente da minha mãe, ainda que sem contato físico. Foi, então, que eu resolvi antecipar a homenagem”, conta Danilo.

Com ajuda do talento musical da esposa, que fez a trilha sonora em voz e violão, não deu outra: uma semana antes da data oficial, lá estava Danilo fazendo uma verdadeira serenata na porta do apartamento da mãe. “Com a ajuda da minha esposa, escolhemos a música que ela mais gosta e cantamos, ela se emocionou. Foi a forma que eu encontrei de demonstrar o meu amor pela minha mãe”, emociona-se.

Brena diz ter apoiado incondicionalmente a ideia do marido, tanto em sinal de respeito, admiração e gratidão pela sogra quanto por outra razão, ainda mais comovente. “Há mais de 6 anos, perdi minha mãe. Ela partiu, mas ficaram os ensinamentos que nunca esquecerei. Então, sinto muita saudade da minha mãezinha. Todos deveriam homenagear as mães enquanto elas estão por perto. Por isso, não pensei nem duas vezes em realizar essa surpresa para minha sogra com meu marido”, orgulha-se Brena.

Danilo Fernandes com a esposa, Brena Keny, e a mãe dela, falecida em 2013

A psicóloga Celiane Chagas lembra que gestos como esse revelam bem quais são os verdadeiros e mais importantes presentes, em um cenário onde valores e prioridades passam por uma profunda ressignificação. “Um dos maiores desafios do isolamento social é ficar longe das pessoas que amamos, e isso tem impacto direto nas comemorações dessa data. Isso porque o Dia das Mães possui um grande apelo emocional e sentimental para as nossas relações sociais. Esse novo contexto em que vivemos traz mudanças tanto nas comemorações quanto na forma de presentear, dando ainda mais valor aos presentes imateriais”, reflete.

Isolamento e proteção

Outra mudança de comportamento já experimentada por muitas famílias diz respeito ao cuidado, diante do medo de perder. Se antes a preocupação com a saúde era de pai e mãe para filho, agora o que mais se vê é filho pensando em como proteger a mãe, o pai e os avós, por exemplo. Esse sentimento aflorou ainda mais na jornalista Juliany Oliveira (22), que se casou em dezembro do ano passado e deixou a casa dos pais. Apenas quatro meses depois desse momento tão marcante na vida da família, Juliany foi infectada pelo novo coronavírus, longe do cuidado de quem sempre estava ali por perto para aliviar qualquer dor. Agora, foi Juliany quem, apesar da saudade, isolou-se em um confinamento sofrido para proteger a mãe, Joana Cristina (47), de qualquer ameaça à saúde.

A jornalista Juliany Oliveira com a mãe Joana Cristina (47). Juliany está distante da mãe há 1 mês.

“Eu não abraço a minha mãe há um mês. Pra mim, a troca de carinho nunca teve tanto valor como agora. Não tem sido fácil ficar longe de quem amamos, sem poder ao menos tocar, é angustiante, mas sei que é para o bem. Hoje, felizmente, podemos contar com a tecnologia, que nos ajuda a amenizar o distanciamento. Por isso, todos os dias ligo, falo com ela, digo que a amo e que, quando tudo isso acabar, nosso Dia das Mães terá ainda mais amor e abraços”, desabafa a jovem, que outro dia foi surpreendida pela presença da mãe no próprio condomínio. “Mamãe apareceu chorando lá embaixo, e eu fiquei da sacada do apartamento, querendo estar mais perto, no colo dela, é muito triste!”, recorda com afeto.

Em situações em que os filhos moram com a mãe e precisam ficar isolados perto dela, a sugestão da psicóloga é a valorização da presença. “Com a rotina cheia de afazeres, muitos filhos nem sequer paravam para conversar com a mãe, mas com a pandemia essa realidade mudou, e hoje passam mais tempo com ela. É exatamente essa oportunidade de estar perto que precisa ser valorizada e cultivada”, ressalta Celiane.

O presente

Não há dúvidas de que esta data será diferente e que as homenagens e gestos de carinhos vão precisar ser à distância para muitos. Para ajudar você a surpreender sua mãe com experiências únicas e inesquecíveis, a psicóloga Celiane Chagas deixa cinco ideias de como homenageá-la. Confira!

1) Filhos na cozinha

Para os filhos que moram com suas mães, uma opção que foge dos presentes com embrulhos e grandes laços é preparar um almoço especial em homenagem a ela.  “Mesmo que você não tenha tanta intimidade na cozinha, vale à pena tentar. Essa é uma ótima forma de demonstrar o seu amor e gerar momentos marcantes”.

2) Homenagem em vídeo

Aos filhos que não moram com suas mães e não podem sair para presenteá-la, a dica é fazer um vídeo cantando a música preferida dela ou enviando uma mensagem sincera. “Não precisa nem de edição se você não puder fazer, basta expressar seus sentimentos e deixar por conta da emoção”.

3) “Eu te amo”

Quantas vezes já olhou para sua mãe e disse sinceramente um sonoro “eu te amo”? Tenha certeza, ela vai amar! “Para algumas pessoas, expressar os sentimentos é um desafio, mas nessa data eu lhe convido a romper essa barreira. Não tenha dúvidas, será libertador para você e um verdadeiro presente para a sua mãe. Afinal, o distanciamento é apenas físico, e não emocional”.

4) Filme com a mamãe

Depois do almoço em família, um filme sempre cai bem, mas que tal deixar a sua mãe escolher o filme? “Geralmente são os filhos que escolhem ou indicam algum filme, mas essa é uma oportunidade de mudar esse hábito e deixar as mães participem dessa escolha. É importante destacar que o filme é em família, então nada de deixar ela assistindo ao filme sozinha e ir para o quanto. Aproveite esse momento para conhecer os gostos da sua mãe!”.

5) Book caseiro

Já pensou em transformar a sua mãe em modelo? Sim, a sua modelo! “Essa é uma dica bastante interessante. Uma sessão de fotos melhora a autoestima porque faz a mulher se encarar por outros ângulos. Ela começa a perceber que fica bonita de perfil, ou com os cabelos na lateral, ou sentada, por exemplo. Além disso, os próprios filhos podem registrar esse momento”.

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