COMEMORAÇÃO

Live comemora os 130 anos de “O Cortiço” de Aluísio Azevedo

Obra do maranhense será abordada em ‘live literária’ no Instagram pelo presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão com os imortais da Academia Maranhense de Letras

Reprodução

Uma denúncia à exploração e às péssimas condições de vida dos moradores das estalagens ou dos cortiços cariocas do final do século XIX. Este é o fio condutor de “O cortiço”, um romance de estética naturalista do maranhense Aluísio Azevedo publicado em 1890.

 A obra tornou-se peça-chave para o melhor entendimento do Brasil naquela época, por meio de suas relações sociais e de ideologia representadas de forma fictícia por Aluísio Azevedo que, além de romancista, era contista, cronista, diplomata, caricaturista e jornalista, desenhista e pintor.

Para comemorar os 130 anos da obra do consagrado romancista maranhense, que também era autor de vários romances como ‘O mulato’ (1881) e ‘Casa de pensão’ (1884), anteriores ao ‘O cortiço’ (1890), além de outras publicações, o presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão e membro da Academia Maranhense Letras, desembargador Lourival Serejo, e os escritores e professores José Neres e Ceres Fernandes, também imortais da Academia Maranhense de Letras vão abordar  hoje (13), às  16h30, em uma ‘live literária’ no Instagram @tjmaoficial, aspectos da obra que é um clássico da literatura brasileira.

O romance é composto de 23 capítulos, que relatam a vida em uma habitação coletiva de pessoas pobres, na cidade do Rio de Janeiro. No livro, que apresenta questões pertinentes e até hoje atuais para pensar o Brasil, como a imensa desigualdade social, Aluísio Azevedo tenta mostrar como o meio, a raça e a história determinam o homem e o levam à degradação.

 Tendo por influência escritores naturalistas europeus, dentre eles Émile Zola, por tal ótica capta a mediocridade rotineira, a vida dos sestros, os preconceitos e mesmo taras individuais, opção contrária à dos românticos precedentes. “O cortiço” é um dos primeiros romances brasileiros no qual a homossexualidade foi representada.

Narrada em terceira pessoa, ‘O cortiço’, cuja história se desenrola no Brasil do Século XIX, sem precisão de data é trabalhado de maneira linear, com princípio, meio e desfecho da narrativa. Dois espaços são explorados no romance. Um é o cortiço, amontoado de casebres mal-arranjados, onde os pobres vivem. O outro é o sobrado aristocratizante, representando a burguesia ascendente do século XIX. Os dois espaços são enquadrados no cenário do bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro.

Dono do cortiço, João Romão é um português ambicioso que explora seus empregados. Além de proprietário da habitação coletiva, ele é dono de uma pedreira e uma taverna.  Ainda que não seja o personagem principal da trama, muitas passagens do romance revelam sua ascensão social. Ao mesmo tempo, no decorrer da história é demostrada a degradação social dos menos favorecidos que vivem no cortiço. No cortiço, a vida é simples e dura. Grande parte do enredo retrata a vida de seus moradores e de seus envolvimentos.

“O cortiço” é a mais emblemática do movimento naturalista no Brasil. A grande questão levantada pelo escritor esteve relacionada como o meio, a raça e a história. Assim, a degradação e a decadência do ser humano pode ser explicada pela mistura de raças, que, segundo Aluísio, levam à promiscuidade. Ademais, o meio influencia diretamente o comportamento de seus personagens.

A desigualdade social é um tema muito explorado, o qual é reforçado por meio das diferenças sociais e históricas dos indivíduos envolvidos. Trata-se, portanto, de um retrato revelador da sociedade brasileira em meados do século XIX. A busca pela ascensão dos personagens demostra a ambição deles, envolvidas em questões superficiais. Ainda que tenha sido escrita em fins do século XIX, até os dias de hoje podemos notar essa postura de busca de ascensão social na sociedade brasileira.

“O cortiço” foi escrito em um período de profundas transformações na paisagem urbana do Rio de Janeiro, captadas ali com o registro cru do naturalismo, que rejeitava qualquer forma de idealização do real.

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