5 livros para quem quer fugir da folia
Não gosta de folia? Aproveite esses dias para se dedicar a leitura
Quer aproveitar o carnaval para colocar a leitura em dia? Fizemos uma seleção dos lançamentos mais fresquinhos do mercado editorial para você aproveitar o feriado mergulhado em bons livros. E tem de tudo. A ficção surreal de Ian McEwan, o projeto de poder de Donald Trump, os bastidores das matérias que denunciaram Harvey Weinstein e os detalhes mais curiosos sobre o funcionamento do corpo estão nos lançamentos que acabam de chegar nas estantes das livrarias.
Assédio em Hollywood
Ronan Farrow começou a investigar os casos de assédio do produtor de cinema Harvey Weinstein para a rede de televisão NBC, mas, depois de dezenas de entrevistas com vítimas e testemunhas, viu o material vetado. Ofereceu, então, as reportagens à revista The New Yorker e acabou publicando uma série que ajudou a desmascarar um dos maiores predadores sexuais de Hollywood. A reportagem saiu alguns dias depois de outra matéria, escrita pelas jornalistas Jodi Kantor e Mega Twohey, mas causou igual impacto. No ano passado, Farrow, ganhador do prêmio Pulitzer, transformou o material no livro Operação abafa — Predadores sexuais e a indústria do silêncio, que chega ao Brasil este mês em tradução da editora Todavia.
No livro, o autor aprofunda a reportagem, conta detalhes de bastidores da apuração, explica como foi a rejeição ao material por parte da NBC e explica como acabou seguido, investigado e ameaçado por poderosos interessados em evitar a publicação das matérias. Farrow é filho de Mia Farrow e Woody Allen.
Inspiração kafkiana
Antes de dar início à narrativa, Ian McEwan avisa que A barata é um conto longo e que qualquer semelhança com baratas, vivas ou mortas, é mera coincidência. Na história de McEwan, o inseto Jim Sams, certo dia, desperta na pele do primeiro-ministro da Grã-Bretanha com a missão de aprovar a Lei do Reversalismo. Uma exigência do povo, a tal lei institui que, a partir de sua aprovação, os súditos da coroa pagarão para trabalhar e serão pagos para consumir. É tudo bastante surreal em A barata, confessamente inspirado em A metamorfose, de Franz Kafka, e explicitamente influenciado pelo Brexit.
Nos mínimos detalhes
Qual a função da pele? Por que os milhões de bactérias da flora intestinal são importantes para a sobrevivência humana? Como conversam o sangue e coração? O que é medicina boa e medicina ruim? E o sistema imune, como funciona? Por que nervos e dor são tão dependentes? E o equilíbrio, qual o papel dele na existência? Quando Bill Bryson resolve investigar um tema, pode esperar uma narrativa saborosa e detalhada sobre um universo destrinchado em partes. Assim como já havia feito no livro Em casa — Uma breve história da vida doméstica, ele toma agora o corpo humano para narrar seu funcionamento de maneira acessível a qualquer leitor.
O universo de Anne Frank
Alguns dos escritos de Anne, que registrou a vida no diário produzido em um esconderijo no qual viveu com a família para escapar dos nazistas, ganharam várias edições, mas nunca haviam sido reunidos em um único livro. Com Obra reunida – Anne Frank, a Record, única editora autorizada pela Fundação Anne Frank a editar o livro, traz uma compilação do que já foi publicado, mas também de textos inéditos.
Trump e a democracia
Donald Trump se tornou fonte inesgotável para jornalistas e analistas políticos. Desde que assumiu a Psresidência dos Estados Unidos, em 2017, pelo menos quatro bons livros foram publicados sobre a maneira como lida com o cargo. Um gênio muito estável — A ameaça de Trump à democracia, dos jornalistas Philip Rucker e Carol Leonnig, é o mais recente. “Fazer a cobertura jornalística da Presidência de Donald Trump tem sido uma jornada vertiginosa”, avisa a dupla.
O título do livro vem de uma citação do próprio presidente americano, que costuma se definir como genial e estável, e o volume analisa a personalidade de Trump como individualista e egoísta, capaz de gerar o caos para se proteger e se autopromover. Leonnig e Rucker defendem que há um significado e uma estratégia na desordem provocada pelo presidente norte-americano.