Dia de queimação de palhinhas
Instituições religiosas, sociais, públicas e comunidades em geral comemoram o Dia de Reis, uma das festas tradicionais mais singelas celebrada em todo o mundo
Primeiro é rezada uma ladainha, em seguida são feitas orações e os presentes começam a desfazer o presépio. As murtas, palhinhas secas, são levadas para serem queimadas ao som de uma música de domínio popular. “Ao jogar as murtas as pessoas fazem seus agradecimentos pelo ano que passou, seus pedidos e assim segue a tradição ano após ano”, diz a aposentada Nielva Lago, 75 anos, que ao longo de décadas faz o ritual da queimação de palhinhas na casa dela.
Assim como a família de Nielva, muitas pessoas, igrejas e instituições realizam o ritual encerrando o ciclo natalino com a tradicional Festa de Reisado, que retrata a visita dos três Reis Magos ao Menino Jesus. Essa festa é uma manifestação folclórica que sempre ocorre no Ciclo Natalino, tendo seu início geralmente no dia 24 de dezembro, se estendendo até o dia 6 de janeiro, dia de Santos Reis. As comunidades mais tradicionais desmontam o presépio, reproduzindo a cena do nascimento de Jesus e a visita dos reis magos ao recém-nascido, na manjedoura.
“Aqui em casa é uma festa colaborativa. Toda a família e amigos compartilham da queimação, colaboram porque após o ritual religioso comemoramos com bolos e chocolate”, completa Nielva, dando seguimento a uma tradição que começou com a mãe dela e que será realizada nesta segunda-feira, 6.
Como dissemos, além das comemorações familiares que se mantém, instituições também celebram. No dia 7 tem festa também realizada pelo Grupo Social de Idosos (GSI) do Sesc, com o fechamento do ciclo das festas natalinas e o desmonte das árvores e dos presépios. A cerimônia acontece a partir das 17h30, no Ginásio Charles Moritz, no Sesc Deodoro e inclui também a apresentação do Pastor Menino Jesus, do Grupo de Convivência da Terceira Idade do Sesc.
“A tradição retrata a visita dos reis magos ao recém-nascido na manjedoura e simboliza o desprendimento das impurezas do ciclo que encerrou e a esperança de um novo ano repleto de bênçãos. As palhas, uma planta chamada murta, usada para decorar os presépios, são queimadas em um fogareiro, produzindo um aroma agradável”, informou o Sesc.
No Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, a queimação de palhinhas encerra o ciclo de festas natalinas realizada pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura. A festa será nesta segunda-feira, 6, com saída do cortejo, com a participação de vários grupos de reisados, do Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, às 17h30, em direção ao Passo da Quaresma, na rua João Vital de Matos. A solenidade ocorre às 18h, no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, no Centro Histórico de São Luís.
Tradicionalmente a atração religiosa reúne grupos de pastores e reisados e um público diverso para prestigiar a celebração que faz parte das tradições maranhenses. As pessoas se concentram no Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, de onde saem cantando e louvando, passando pela Rua do Giz até chegar ao presépio na Rua João Vital de Matos. Chegando ao Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, o ritual inicia com a ladainha à Nossa Senhora. Em seguida, os fiéis começam a desfazer o presépio e queimar as palhinhas.
Uma das festas culturais mais ricas do país
Os reisados e grupos de pastores são heranças dos povos ibéricos (Portugal e Espanha), podendo ser encontrados em todos os continentes. No Brasil, ganharam características próprias na dança, na forma de vestir, tocar em cantar e dançar. Narram a viagem dos Reis Magos e dos pastores até Belém, onde nasceu o Menino Jesus.
Uma das festas culturais mais ricas do folclore brasileiro, acontece entre primeiro e seis de janeiro, quando as chamadas “companhias” vão de casa em casa cantar os seus versos acompanhados de violas, violões, sanfonas, pandeiros, triângulos, caixas e instrumentos de corda. Alguns vestem fardas e máscaras. O restante dos componentes usa uniforme, geralmente calças e camisas sociais.
A festa, realizada na véspera e dia de Reis (6 de janeiro), retrata a visita dos três reis magos ao Menino Jesus. Em São Luís a brincadeira é conhecida como Reis, mas em outros municípios do estado recebe a denominação de Reisado, a exemplo do Careta, de Caxias, com variação na roupa, nas personagens, nas músicas e na forma de apresentação. No Reis, o cordão é formado por duas fileiras de moças e senhoras com castanholas, tendo como personagens principais o rei e a rainha. Alguns grupos possuem dois reis e duas rainhas e acrescentam outros personagens, como anjos, lua e estrela.
Embora na capital as festas de Reis se concentrem mais na zona rural, há grupos que tem mantido a tradição, a exemplo do Reisado Folias de Natal (Os Foliões), do grupo de Reisado da Cia Barrica, dentre outros. Esses grupos mantem a tradição de reis e pastores, levando às ruas da cidade toda.