O Mundial de Clubes é aquele show raríssimo. Dificilmente se repete nos palcos do futebol. A plateia rubro-negra é privilegiada. Pediu bis e os deuses da bola toparam uma reedição do espetáculo de 1981. Trinta e oito anos depois, Flamengo e Liverpool entrarão para a história, hoje, às 14h30 (de Brasília), no Khalifa Stadium, em Doha, no Catar, como a quarta final repetida da história da competição intercontinental criada em 1960. Até então, somente Internazinale x Peñarol (1964 e 1965); Real Madrid x Peñarol (1960 e 1966); Boca Juniors x Milan (2003 e 2007) atenderam aos apelos dos fãs por “mais um”.  

Atual campeão da Libertadores, o Flamengo tentará igualar a façanha da Internazionale. O clube italiano é o único que conquistou o mundo duas vezes contra o mesmo adversário. Não há dúvidas de que o hit dos 40 milhões de rubro-negros espalhados pelo Brasil e o mundo — 20 mil deles in  loco no Khalifa Statium — será Dezembro de 81. O mantra empurrou o clube aos títulos do Carioca, Brasileirão e da Libertadores. Mais do que isso: atraiu o reencontro com o hexacampeão da Champions League. Os Reds também têm um hino sagrado para motivar os ingleses: You’ll never walk alone, impressa no escudo do time. Enquanto a bola não rola em Doha, montamos uma playlist rock ‘n’ roll inspirada no  icônico álbum Abbey Road. Afinal, o bi do Fla passa pelo triunfo sobre o time da terra dos Beatles.

Come Together

A “nação” rubro-negra chega junto com 40 milhões de torcedores mandando energia positiva para o Fla. Segundo o governo do Catar, 20 mil deles estarão in loco na final de hoje, em Doha. Os ingleses receberão apoio no estádio da comunidade árabe, a maioria fãs do ídolo egípcio Mohamed Salah e de um clube cuja marca conquistou adeptos no planeta. O Liverpool tem 13,2 milhões de seguidores no Twitter. O Fla, 6,2 milhões. 

Because

O Flamengo está na final do Mundial após quebrar jejum de 38 anos na Libertadores e acertar na montagem do time titular. Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí, Filipe Luís, Gerson, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabriel Barbosa chegaram neste ano. A fórmula do Liverpool é a paciência com o técnico Jürgen Klopp. O treinador está no clube desde 2015, mas começou a ganhar títulos em 2019: Champions League e Supercopa da Uefa.  

Oh! Darling

Se há algo em comum entre os finalistas do Mundial de Clubes é o amor pela querida bola. O Flamengo encanta a própria torcida e os apaixonados pelo bom futebol desde a chegada do português Jorge Jesus ao clube em julho deste ano. São apenas quatro meses de trabalho. O Liverpool de Jürgen Klopp tem um estilão heavy metal que desbancou Bayern, Porto, Barcelona (virada épica) e Tottenham no hexa da Champions.

I Want You

O Flamengo quer ser o segundo clube brasileiro a exibir no museu o troféu de campeão mundial no velho (1960) e no atual formato (desde 2005). Apenas São Paulo conseguiu o feito em 1992 e 1993 na Copa Toyota e em 2005 no padrão Fifa. O Liverpool tem mais razões para cobiçar o troféu. Amargou o vice em 1981 contra o próprio Flamengo e em 1984 contra o Independiente. O Manchester United é o único inglês campeão mundial. 

The End

O resultado consagrará um ano mágico na história do Flamengo ou do Liverpool. O time rubro-negro tenta terminar 2019 com quatro títulos. Ganhou Carioca, Brasileirão e Libertadores. Se levar o Mundial, superará o ano da graça da turma de Zico em 1981. O Liverpool acumula duas taças neste ano: o hexacampeonato da Champions League e a Supercopa da Uefa em 14 de agosto deste ano contra o arquirrival Chelsea.