MÚSICA

Entenda o fenômeno brega-funk no Brasil

O ritmo brega do Nordeste se une ao funk e domina as paradas de sucesso. Os sucessos de verão, trilhados pelo axé e pelo frevo, chegam ao ritmo também

Reprodução

Brega ou brega-funk, como quiserem. A denominação não faz diferença. O importante é ressaltar que o Nordeste chegou e está, mais uma vez, presente entre os ritmos musicais mais escutados do Brasil. Mais do que música, é o som de resistência dos artistas da região. Os sucessos de verão, trilhados pelo axé e pelo frevo, chegam ao ritmo brega também. Toda a animação e alegria brasileira pode ser encontrada nas sonoridades do estilo.

Com ponto de partida no Recife, o brega (como é conhecido na região) sempre foi o ritmo preferido da população da cidade. Mesmo assim, nunca ganhou maiores proporções dentro do cenário musical brasileiro. Eis que três jovens compositores resolveram se aventurar em um estúdio para gravar uma música, que surgiu de uma brincadeira. E deu certo. Loma e as Gêmeas conseguiram produzir o primeiro sucesso nacional do brega com o hit Envolvimento (2018).

O lançamento no canal do produtor Kondzilla, no Youtube, foi como uma abertura de portas para o desenvolvimento do estilo. “Ficamos muito felizes ao ver várias pessoas descobrindo o ritmo musical do local onde a gente mora. Antigamente ninguém conhecia, só tocava em Recife e o pessoal das outras cidades tinha preconceito. Mas a gente fica muito feliz de mostrar o brega-funk para o Brasil e o exterior”, conta Loma.

O que era somente brega, teve que ser transformado em brega-funk para atender a necessidade do público, o que explica um pouco do preconceito com a música nordestina, citado acima pela artista. “Em Recife, é só brega. Mas se a gente falar brega, os outros não entendem do que se trata. Para eles entenderem, temos que falar brega-funk.”

Apesar do apelo das artistas, o ritmo que ganhou diversas denominações – tecno brega, arrocha-brega e eletro brega – passou por algumas mudanças sonoras que aproximaram o estilo do público. Uma delas foi a inclusão de elementos característicos do funk, que está em alta por conta do 150 BPM. Muitas músicas dos bailes de funk, inclusive, foram transformadas em brega e se tornaram sucesso com as duas versões. (Vale lembrar que, em 2018, o cantor Aldair Playboy se tornou referência do brega com as músicas Amor falso e Novinha pode pá, mas nenhuma das duas contava com sonoridades do funk).

Após se expandir pelo país, vários artistas fora do cenário musical nordestino começaram a gravar músicas tendo o brega-funk como estilo principal. A funkeira Tati Zaqui, natural de São Paulo, juntou-se ao carioca OIK e ao pernambucano Dadá Boladão para gravar a música Surtada. O sucesso da composição foi tão grande que o single atingiu o 1º lugar entre as músicas mais escutadas no Brasil pelo Spotify. No Youtube, a música ultrapassa as 75 milhões de visualizações.

“Surtada ajudou a espalhar o brega para o resto do Brasil. Sempre busquei trazer coisas diferentes para as minhas músicas. Procuro deixar algo bem dançante, misturando os estilos. Estávamos pensando em fazer algo no brega funk e quando chegou a música, logo de cara, eu vi um potencial gigantesco de virar um hit. Foi uma surpresa muito boa”, conta Tati Zaqui.

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