TEATRO

Anna Torres apresenta: A cigarra autista

Musical apresentado pela artista aborda sonhos, desafio, e levanta a discussão e o debate de forma lúdica, sobre a melhoria das políticas públicas para os autistas.

“Sempre tive vontade de fazer uma releitura da fábula A Cigarra e a Formiga porque sempre achei injusta essa leitura dele dizendo que a cigarra era preguiçosa e a formiga trabalhadora. Acho que as formigas são trabalhadoras, mas precisam de arte e as cigarras, eu como uma delas, defendo que também são muito trabalhadoras. Com a chegada da Mariana, que canta desde pequeninha, tem 9 anos, e teve o diagnóstico do autismo aos 3 anos, me bateu a vontade de também falar dessa minha cigarrinha que canta o tempo todo, que não fala, e que é autista, por isso o nome do projeto A Cigarra Autista.

É assim que a compositora, cantora e agora escritora, Anna Torres começa a falar do projeto (Livro/CD e musical) A Cigarra Autista, desenvolvido em parceria com o escritor Márcio Paschoal (adaptação do texto). O livro infantil ilustrado vem acompanhado de um CD com o texto narrado e músicas cantadas. O livro foi lançando na Feira do Livro de São Luís e o espetáculo, o musical, será apresentado nos dias 26 e 27 de outubro, às 18h, no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol). O espetáculo tem a duração de 50 minutos, onde a cantora e instrumentista Anna Torres, será acompanhada pelos músicos: Victor Oliveira (autista e multi-instrumentista), Henrique Duailibe (pianista e deficiente visual), e pelo guitarrista Jayr Torres. O musical conta ainda com a participação de duas bailarinas e projeções do VJ Etevaldo. Na ocasião o livro estará à venda. “Se eu falo sobre inserção, eu tenho que dar o exemplo. Trazer o Victor e o Henrique para esse musical é mostrar que as pessoas mesmo com suas limitações são capazes de realizar coisas lindas, maravilhosas. É tudo uma questão de oportunidade”, diz Anna.

Nesse projeto Anna faz 11 vozes de animais diferentes, e embora já tenha trabalhando com dublagem, revela que não sabia que tinha todas essas vozes dentro dela. “Isso se deu também por causa da Mariana, porque quando recebemos o diagnóstico dela ficamos muito tristes, e para tornar o ambiente em casa mais leve e mais alegre, eu comecei a fazer vozes, a cantar em diversos momentos, fazer vozes diferentes”, conta a artista.

Anna Torres vê esse projeto como uma terapia, mas também como uma forma de tentar sensibilizar as pessoas com relação ao autismo. “As pessoas pensam que o autismo é uma coisa e é um universo tão variado. Não existe um autista igual ao outro. Eles têm níveis diferentes. Alguns fazem barulhos e às vezes as pessoas se incomodam, tem o olhar de discriminação. Ninguém é autista porque quer. Nós, pais, responsáveis, já temos uma situação muito sofrida, então se as pessoas agirem com menos preconceito, com respeito e mais compressão já alivia um pouco para quem é pai, mãe, familiar de autista e até para o próprio autista”, argumenta.

Projeto musical fala sobre não desistir

cantora espera sensibilizar autoridades sobre doença

A intenção também é sensibilizar as autoridades, o legislativo para que sejam elaboradas leis de inserção, de inclusão para melhorar a atenção à saúde do autista. “Porque não existe alta do autista, então acho que tem que ser feitas leis para melhorar a qualidade de vida deles. Sei que tem iniciativas, projetos, mas precisamos evoluir na questão da educação, da estrutura. É para sensibilizar os pais também, para que eles não isolem, não tranquem seus filhos. Sei que é difícil, porque sou mãe, mas eles precisam ter qualidade de vida”, lembra.

O projeto aborda a fábula da Cigarra e a Formiga, recontada de maneira lúdica, mas, ao mesmo tempo realista. Ressalta que a Cigarra, não é apenas uma grande cantora, mas também uma grande trabalhadora. A história se passa na Floresta Amazônica, com personagens que fazem parte da fauna e do folclore brasileiro. O musical trata de forma alegórica e de encantamento, o leitor/ouvinte à consciência da urgência da preservação do meio ambiente, da aceitação do outro e do amor, como forma de construção de uma sociedade melhor.

“É um projeto que fala sobre os sonhos, sobre não desistir. Fala sobre incentivar autistas e familiares, a lutarem pelos seus sonhos e a superarem os seus desafios, através do amor, dedicação e força de vontade. Fala sobre respeito, sobre conviver, sobre relação humana, sobre se olhar mais, porque a gente está perdendo a empatia pelas pessoas. Fala também sobre a preservação do meio ambiente, dos animais em extinção”, comenta Anna Torres.

Serviço

  • O quê? Musical Infantil “A Cigarra Autista”
  • Quando? Dias 26 e 27 de outubro, às 18h
  • Onde? Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol)
  • Quanto? A partir de R$20,00
  • Informações: 98327-9506
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