TEATRO

Maria Callas por Christiane Torloni no Arthur Azevedo

Atriz contou a O Imparcial como foi sua preparação vocal e cênica para interpretar no palco uma das maiores sopranos de todos os tempos que ficou eternizada por conta de sua voz e personalidade

Reprodução

Considerada a maior celebridade da ópera do século XX e a maior cantora de todos os tempos, a soprano grega Maria Callas ainda faz parte do imaginário de seus fãs e artistas que lhe tem como exemplo. Conhecida por sua voz de grande alcance e suas interpretações de profunda análise psicológica, Callas eternizou-se na música por conta do seu tipo vocal que era classificado como o raríssimo soprano absoluto.

E é esta mulher instigante que a atriz Christiane Torloni está vivendo no palco com o espetáculo Master Class que fica em cartaz sexta-feira (9) às 21h, sábado(10) às 21h e domingo(11) às 19h, no Teatro Arthur Azevedo, na Rua do Sol, S/N, Centro.

 Em entrevista a O Imparcial Christiane Torloni revelou como foi mergulhar no universo da lendária soprano Maria Callas para interpretá-la no espetáculo Master Class. “Ela chegou para mim há uns 30 anos, talvez. Eu e Possi ficávamos assistindo àqueles hard discs, uma mídia que nem existe mais, e ficava aos prantos vendo os vídeos da Callas. Eu fiz aula de canto para viver Callas. Mesmo que você nunca cante em um musical, é importante para formação. Inclusive para entender o universo das orientações que ela traz aos cantores. Com meu professor no Rio de Janeiro comecei a estudar pela ária de Amina – personagem de Callas na ópera La Sonnambula para poder entender em mim mesma o que ela faz, o quão difícil é o que ela faz. Você se apropria. Você vai fazer um pianista, você tem que entender o universo, mesmo que não vá tocar. Entender mentalmente, entender emocionalmente, porque isso muda a atitude física completamente”, contou Christiane Torloni .

Christiane Torloni explicou os motivos que a levaram a  viver no palco esta mulher, que é considerada uma diva por sua história na música.  “É muito incrível porque quando você se aproxima da Callas, a história dessa mulher é uma história de superação, desde o nascimento dela, pois ela foi recusada pela mãe nos primeiros dias. Então, esse é um espetáculo para você se apoiar em alguém que, mais do que tudo, não desistiu do seu belo. Ela não era só uma intérprete. Era uma grande música, tocava piano muito bem. Ela entendia tanto de música quanto os maestros que a regiam. E por isso ela pôde desfrutar deles e eles dela como ninguém. Ela não era só uma cantora interessada em cantar notas”, disse a atriz.

Sucesso dentro e fora da Broadway

Christiane Torloni revelou ainda que o maior desafio que encontrou no texto de Terrence McNally que é o fio condutor do espetáculo, um dos sucessos da Broadway e também no Brasil. “Talvez seja o que mais me inspire, é que ela não tinha uma relação com alguém que a desafiasse. Era Callas que desafiava Callas. Isso é uma outra maneira de ver tudo. A maioria das pessoas tem o desafio de fora para dentro. Ela não, vinha de dentro dela. Este é um trabalho que exige uma precisão danada, que vai além da dança. Tenho uma preparadora física, assim como os outros cantores. Me preparo com muito rigor e concentração”, ressaltou Christiane Torloni. 

A força da obra de Maria Callas, após 40 anos de sua morte

A soprano Maria Callas (1923-1977), saudada como La Divina, foi uma das mulheres artistas mais importantes do século 20, e para Christiane Torloni o que mais a surpreendeu ao ter mais contato com este ícone da música mundial foi perceber que a obra deixada por Callas ainda é forte e pungente junto ao público que a conhece. “Tem 40 anos da morte da Callas. É impressionante o público que ela leva para o teatro. Tem amantes da Callas, pessoas que choram, pessoas que acompanham, pessoas que sabem as áreas que são tocadas no espetáculo. É muito bonito. Eu sempre entendo que quando alguém de verdade chega à minha vida é porque ela veio para me ensinar alguma coisa, não só no palco. O texto do espetáculo parece uma cartilha de conduta existencial, moral. O Jessé Scarpellini, que é um dos tenores, fala que é uma aula de vida, uma aula de teatro. É uma Master Class mesmo”, acrescentou a atriz.

Além de Christiane Torloni, o elenco de Master Class traz as atrizes sopranos Julianne Daud, Raquel Paulin e Laura Duarte, o ator tenor Jessé Scarpellini e o ator e pianista Rafael Marão; além do ator tenor Rodrigo Filgueiras. Christiane Torloni que já fez outros musicais contou durante a entrevista o que ajudou a ter a “liga” ideal em cena com esses atores/cantores. “Você se prepara para um trabalho a sua vida inteira. Você é o conjunto de todos os trabalhos que já fez e acrescenta. Como formação de atriz, a gente costuma fazer aula de canto, aula de dança, aula de artes marciais, enfim, seja o que for. Para que, quando os trabalhos cheguem, você já ter, de alguma maneira, passado por aquela informação”, disse a atriz.

DUAS PERGUNTAS //CHRISTIANE TORLONI

O que o público maranhense pode esperar de Master Class?

A peça tem um texto lindo e sempre digo que esse espetáculo é uma sessão de autoajuda disfarçado (risos). Ele fala muito em superação e as pessoas saem muito motivadas a se apaixonar, acreditar nos seus sonhos. Ele também tem um humor muito refinado que provoca as pessoas na plateia.

 Quais são os próximos projetos de Christiane Torloni no teatro, cinema e televisão?

Acabo de fazer a minha estreia como diretora no documentário Amazônia – O Despertar da Florestania. Produzi o longa-metragem em parceria com a Globo Filmes. O documentário, que assino a direção com o Miguel Przewodowski, é resultado de uma experiência que tive quando fiz abaixo assinado pela preservação da Amazônia, em 2008. Ele traz encontros incríveis que tive durante o abaixo assinado, quando conseguimos mais de um milhão e 200 mil assinaturas – um recorde no Brasil -, e depois quando a gente fez o processo da Renca pra impedir o Temer de vender metade da Amazônia. O filme entrou em cartaz, em maio, nos cinemas das principais capitais do País e hoje pode ser visto no NOW, Vivo Play e Oi Play.

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