CENTENÁRIO DO MESTRE

CENTENÁRIO : Shows mensais em homenagens para Antônio Vieira

Mestre completa 100 anos de nascimento em 2020 e família começa o projeto do centenário com participação de vários artistas ligados à produção musical do artista

Em 9 de maio de 1920 nascia Antônio Vieira. No ano que vem, em 2020, será o centenário de nascimento do mestre compositor, músico, intérprete, pesquisador, que faleceu em 7 de abril de 2009, aos 88 anos,  em consequência de um Acidente Vascular Cerebral. Neste ano, exatamente dez anos após a sua morte, a família dá início ao projeto Comemoração do Centenário Mestre Antonio Vieira, com shows mensais que serão concluídos em maio de 2020, quando acontece o centenário de nascimento do mestre. O primeiro show será no Bar Latino (no Centro Histórico), no próximo dia 9 (quinta-feira), a partir das 19h, com os convidados Tássia Campos e Inácio Pinheiro, e  direção musical de Rui Mário.

Segundo a família, após a sua morte foram realizados muitos dos desejos do compositor. Desejos que, em vida, o artista costumava pronunciar, mas não teve tempo de concretizá-los. Um deles seria o CD totalmente composto de canções natalinas, O  Natal Azul de Antonio Vieira, desenvolvido e realizado pela família e apresentado ao público em 2014, na Igreja da Sé.

Na ocasião, a cantora Tássia Campos dizia da emoção de participar do disco e de como foi importante o contato, rápido, mas marcante com Vieira. “Tive um contato muito breve com o mestre, ainda ali na Vila Passos. Eu morava na Liberdade e, quando ele me chamou, fui caminhando mesmo ao encontro dele. A conversa foi muito agradável e ele me mostrou algumas canções. Foi mais por satisfação pessoal que profissional mesmo. Tempos depois aconteceu do Zeca (Baleiro) colocar a obra dele pra frente e ter reconhecimento nacional”, lembrou a cantora.

Outro desejo de Antônio Vieira, que será realizado com esse projeto,  é a exposição de todas as suas músicas, principalmente as inéditas. Segundo a produção, o projeto terá um show mensal itinerante, onde serão executadas as músicas de conhecimento do público e, também, as músicas que não estão, ainda, no cenário musical maranhense. “Neste projeto, a família do Antônio Vieira, representada pela sobrinha Raimunda Helena Vieira Parada, e sua irmã Itamar Vieira, promoverá pockets shows, que acontecerão até o dia 9 de maio de 2020 com um grande show. Todos os shows serão brindados com participações muito especiais de grandes nomes da música maranhense. A finalidade do projeto é garantir, preservar, tornar público, assegurar a transmissão do legado musical da obra de Antonio Vieira para a sociedade”, diz Márcia Carvalho, da coordenação do evento.

Antônio Vieira é hoje, reconhecidamente, um dos maiores poetas e compositores maranhenses. Autor de uma vasta e rica obra musical, iniciada aos 16 anos de idade, quando compôs a sua primeira música (Mulata Bonita, em 1936),  desde então enumerou ao longo da vida outras canções como, Tem quem Queira, Papagaios de Papel, Menino Travesso, Cocada, O Samba é Bom, Banho de Cheiro, entre outras que fizeram sucesso nas vozes de vários artistas, além de outras tantas composições praticamente inéditas.

Tinha a capacidade incomum de transformar em música e poesia os mais corriqueiros fatos do cotidiano, com simplicidade e espontaneidade. Sua obra possui uma diversidade musical que inclui o samba, a balada romântica, o bolero, a bossa nova, o samba-macumba, além dos ritmos regionais como toadas de boi, baralho, carimbó maranhense, baião e tambor de crioula.

Reconhecimento nacional do Mestre

Reprodução

Representante de uma geração da música maranhense da qual se tem pouquíssimo registro, seu trabalho e sua obra permaneceram praticamente desconhecidos do grande público durante décadas e só tardiamente começaram a ganhar o devido reconhecimento, como a música Na Cabecinha da Dora, gravada em 1986, no compacto Velhos Moleques, e depois gravada  em 2008, nas vozes da maranhense Rita Ribeiro, e de Tereza Cristina e Jussara Silveira, no CD Três Meninas do Brasil. Antes, em 1997, Rita gravou Tem quem queira e Cocada. Esta última foi indicada ao Prêmio Sharp 98 como “Melhor Canção”, e a primeira foi trilha sonora da novela global Da Cor do Pecado, de 2004.

Ainda na década de 80, realizou um importante trabalho, em parceria com o também maranhense Lopes Bogéa, através da publicação do livro e vinil Pregões de São Luís, onde foram reconstituídos fragmentos da memória social de São Luís e cujas músicas foram recentemente reeditadas no CD Pregoeiros, de autoria dos dois.

Mas o seu primeiro disco solo, O Samba é Bom, sucesso de público e de crítica, só veio a acontecer em 2001, quando já contava com 81 anos, gravado ao vivo em show no Teatro Artur Azevedo, com a participação de Sivuca, Elza Soares, Célia Maria e, claro, Rita Ribeiro, e produzido por um dos seus maiores incentivadores, Zeca Baleiro, como forma de homenageá-lo.

O disco Antoniologia Vieira, onde diversos cantores maranhenses interpretam as suas músicas também eternizou as canções mais conhecidas do mestre nas vozes de 16 artistas, com arranjo de Adelino Valente.

O compositor deixou pelo menos 400 composições dos mais diversos estilos, sendo que a maioria delas é inédita. Agora, com o projeto pelo seu centenário de nascimento, o público terá a oportunidade de conhecê-las. E os diversos artistas que vão participar do mesmo, homenagear o “velho moleque”, como era conhecido Antônio Vieira.

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