FOTOGRAFIA

Expedição Maranhão Profundo revela as belezas desconhecidas do estado

Fotógrafo Evandro Martin e o cineasta documentarista e produtor Edemar Miqueta, 45 cidades do estado exploraram e documentaram as belezas naturais dos biomas: Amazônico, Cerrado, Marinho-Costeiro e Caatinga,

Reprodução

O Maranhão é o segundo maior estado da região Nordeste e o oitavo maior estado do Brasil. Conhecido pela diversidade de suas riquezas naturais e culturais, o estado ainda é desconhecido ainda por muito. E foi com o intuito de revelar este “tesouro brasileiro”, que o fotógrafo Evandro Martin e o cineasta documentarista e produtor Edemar Miqueta, idealizaram, a Expedição Maranhão Profundo onde percorreram 45 cidades do estado, em 135 dias, rodando aproximadamente 30.000 km. A dupla explorou e documentou as belezas naturais dos biomas: Amazônico, Cerrado, Marinho-Costeiro e Caatinga, O trabalho contou com apoio logístico de todas prefeituras por onde a expedição passou.

Municipio de Penalva, na Baixada Maranhense

Em entrevista a O Imparcial, o fotógrafo Evandro Martin revelou que tudo começou em 2011 quando ele e Edemar Miqueta realizaram uma viagem de carro que partiu de Santa Catarina com destino até São Luís. Ao chegar na capital maranhense, a dupla que veio instalar uma empresa ficou encantada com a cidade. “O projeto começou a ganhar forma quando desenvolvi a pesquisa de campo e começou a fazer as primeiras imagens e comecei a escrevê-lo 2013. Mas foi somente no final do semestre de 2018 que fizemos a maior parte da expedição nas 45 cidades que fazem parte do livro. Foi uma experiência fantástica. Incrível. A gente não esperava e não tinha a dimensão daquilo que seria o projeto e nem a diversidade que nós íamos encontrar. A gente imaginou essas diferenças desses biomas, mas não tinha noção de como ficaria no projeto. Muitas pessoas diziam que não existia a caatinga no Maranhão. Cada lugar que passávamos a passagem mudava completamente. Parecia que você estava em outro estado, às vezes até em outro país. É incrível essa diversidade que o estado tem. Cada cidade que nós avançávamos era uma nova surpresa, É um trabalho que daria para aprofundarmos muitos anos. Precisaríamos de uns bons anos para fazer um trabalho mais completo.  Foi fantástico”, disse o fotógrafo.

Cachoeira em Fortaleza dos Nogueias

Entre os extremos que mais chamaram a atenção de Evandro Martins foi a riqueza da Amazônia e da caatinga maranhense. “Tudo está ainda muito preservado. Mas é preciso que haja um trabalho de conscientização para que as futuras gerações conheçam e preservem estas paisagens. Um dos momentos marcantes foi quando estivemos com os índios Ka´apor em Sítio Novo do Maranhão onde fizemos uma trilha com eles na mata fechada e encontramos árvores que precisavam dez pessoas para abraça-la. É algo Impressionante. Também estivemos em Barão de Grajaú, Araíóses e São Francisco do Maranhão onde a caatinga é presente. Em Barão de Grajaú, por exemplo, teve um dia que saímos para fotografar e a temperatura estava muito alta, um sol violento, um calor intenso, Chegamos em um leito de rio seco e não aguentamos de tanto calor. Tivemos que encontrar uma sombra em uma gruta e demos um tempo de quase duas, três horas, esperando o sol baixar para poder continuar o nosso trabalho. Na Amazônia é quente, mais é úmido. A roupa ficava encharcada de suor”, acrescentou o fotógrafo.

Floresta de Guimarães do Maranhão

Evandro Martin ressaltou também, que o livro foi se transformando, conforme o desenvolvimento do projeto. “O livro a princípio era para ser só fotos de natureza, sem interferência humana. Depois dessas viagens não tinha como não deixar de incluir, a cultura local, os personagens dessas regiões. Esse é um trabalho marcará a minha vida para sempre. Eu sempre gostei de fotografia de natureza, mas comecei a minha carreira trabalhando em evento social e nessa primeira viagem de 2011, estava fotografando os pescadores da Praia do Araçagi no por do sol. Naquele momento percebi que era isso que eu queria fazer para o resto da minha vida. Abandonei a vida social e comecei a trabalhar com fotografia de natureza e comecei a investir nisso. Hoje o meu acervo é basicamente 70% imagens do Maranhão”, disse o fotografo informando que o lançamento deve acontecer até o final do ano.

Crianças tomando banho no Rio Una na cidade de Morros

A última captação de imagens foi feita no mês de abril, época da cheia da Baixada Maranhense. “Já iniciamos o processo de seleção, tratamento de imagens e produção de textos. E também já estamos fazendo a diagramação do livro. Ainda não temos o patrocínio para impressão, mas já estamos com a certificação da Lei de Incentivo do Maranhão para a captação de recursos para que possamos pagar a publicação dessa obra”, adiantou Evandro Martin.

Arara encontrada em Alto do Parnaíba

Natural de Bocaina, interior do estado de São Paulo, Evandro Martin.é um profissional que tem na fotografia de natureza a sua forma de expressão. Realizou diversas expedições pelo Brasil e América Latina formando uma bagagem de conhecimentos e registrando as belezas naturais pelos lugares que passou. Seu foco é a diversidade natural, mas não deixa de fotografar as pessoas, as culturas e curiosidades por onde anda. Evandro Martins afirma que em seu trabalho não há limites, não há obstáculos intransponíveis. E sim uma busca constante pelo novo e pelo inexplorado.

Um registro audiovisual do Maranhão

Para o paranaense Edmar Miqueta que trabalha com cinema documental e ficção a síntese da Expedição Maranhão Profundo é a fotografia. Mas o projeto também ganhará um registro audiovisual. “Eu estava realizando um trabalho paralelo de captação de imagens para o Mavam (Museu de Audiovisual do Maranhão) para ter esse registro do  meio ambiente destas regiões para ver como elas se encontram hoje e que talvez a gente não veja mais daqui para frente. A ideia inicial seria apenas de catalogação e de arquivo, mas em conversa com o Mavan foi sugerido por eles a criação de uma série. Ainda não temos ainda um tempo definido. Temos muitas horas de gravação e inclui tudo desde as belezas naturais, quebradeiras de coco, festas de tambor de crioula, os vaqueiros com vestes de couro entre outras. Isso de certa forma causa um impacto visual, principalmente por saber que você estava presente ali, que nada foi encenado para nós. São manifestações que acontecem”, contou o documentarista que também conheceu o estado também em 2011.

Pescador de Alcântara

Natural da cidade de Rio Negro no interior no Paraná, Miqueta já produziu e dirigiu curtas e longas metragens de ficção, documentário e animação. Tem a antropologia visual como dispositivo para investigar o mundo que o cerca. Apaixonado por viagens é capaz de percorrer milhares de quilômetros em busca de inspiração e desenvolver um novo trabalho. O cineasta revelou que desde então não imaginava que moraria e vivesse em São Luís, e que um dia iria conhecer o estado como poucos. “Eu costumo dizer para as pessoas que eu nasci do lado errado do país. Mas de fato a expedição me mudou completamente, me transformou enquanto pessoa e enquanto profissional”, disse Miqueta.

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