Dionísio Neto, o ator maranhense em A Dona do Pedaço
Na trama de Walcyr Carrasco e dirigida por Amora Mautner viverá o justiceiro Hélcio, Dionísio onde contracenou com grandes nomes como Fernanda Montenegro, Juliana Paes e Marcos Palmeira, entre outros
“Sem dúvida um marco e um divisor de águas na minha vida e minha carreira”. Foi dessa maneira que o ator e dramaturgo maranhense Dionísio Neto postou em suas redes sociais para definir a sua participação no elenco da próxima novela das 21h da Rede Globo, A Dona do Pedaço, de Walcyr Carrasco e dirigida por Amora Mautner que estreia nesta segunda-feira, 20 de maio.
Como o justiceiro Hélcio, Dionísio vai contracenar com Fernanda Montenegro, Juliana Paes e Marcos Palmeira, entre outros. “Faço o papel do justiceiro chachacha Hélcio Ramirez. Cada segundo que passei neste processo de construção deste maravilhoso, intenso e rápido personagem, um cometa, foi extremamente gratificante. Cresci muito como homem e ator. Contracenar com Fernanda Montenegro é a glória. Obrigado a todos e cada um. Certamente é um marco e divisor de águas na minha vida e carreira. Conto com sua audiência”, escreveu o ator.
A trama se passa na cidade fictícia de Rio Vermelho, no interior do Espírito Santo, duas famílias são famosas pela rivalidade entre elas: os Ramirez e os Matheus. Compostas por justiceiros profissionais, elas prometem fortes emoções em A Dona do Pedaço. Na família Ramirez, a matriarca Dulce (Fernanda Montenegro) comanda o clã. Ela é a mãe de Ademir (Genésio de Barros) e avó de Maria da Paz (Juliana Paes). Compõe ainda a família Evelina (Nivea Maria) e Zenaide (Maeve Jinkings), mãe e irmã de Maria, além de Hélcio (Dionisio Neto) e Adão (Cesar Ferrario). Os Matheus são a família de Amadeu (Marcos Palmeira). Ele é filho de Miroel (Luiz Carlos Vasconcelos) e Nilda (Jussara Freire) e irmão de Ticiana (Áurea Maranhão) e Vicente (Álamo Facó). Compõe também a família Rael (Luiz Eduardo Toledo/Rafael Queiroz), filho de Ticiana.
Nascido em São Luís, em 1971, Dionísio Neto cursou letras na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP) e trabalha em teatro, no cinema, na televisão e na internet. “Eu escrevo desde criança. Com nove anos intuitivamente na escola eu escrevia peças. A primeira peça que escrevi foi a Família Dó, Ré, Mi sobre as notas musicais. Eu encenava produzia, mas comecei a escrever poesias na escola no Colégio Equipe e lancei um livro com Xavier Volga que é advogado, lá no Maranhão, que se chama Coletivo Verdis, é uma relíquia. Escrevi 17 peças e cinco delas ainda são inéditas. Publiquei o livro Cinco Peças Dionísio Neto pela Editora Giotri e pela Editora Benfazeja Opus Profundum, que reúne os textos Mark Chapman, O dia mais feliz da sua vida, Camaleões dourados do paraíso e Nelson Rodrigues, meu amor, meu amor, meu amor! e o mais recente Oppenheimer Blue – sobre o amor e outros vírus sem cura em junho. Depois eu vou lançar Perpétua que são peças reunidas volume III com algumas que eu já lancei com algumas inéditas. Eu sou louco. Eu me acho um sambista na China, porque as pessoas não sabem o que é um dramaturgo”, disse Dionísio Neto.
De volta com Kafka no teatro
No seu entendimento nada mais importante do que o homem na frente do homem. Ou seja, somos espelhos de nós mesmos, e isso está presente no teatro. Dionísio Neto, que é ator, autor e diretor teatral da Companhia Satélite, volta a encenar a peça Carta ao Pai (foto abaixo/Raquel Pinheiro), baseada no livro homônimo do escritor Franz Kafka (1883-1924), no próximo mês de junho em São Paulo. Serão quatro apresentações semanais na Biblioteca Mário de Andrade, no Centro da capital paulista, com entrada grátis. “ Eu vou estrear em junho Carta ao pai de Kafka na Biblioteca Mario de Andrade, em São Paulo, que tem um teatro com quase 200 lugares. Carta ao pai em novembro vai fazer 100 anos e foi escrita por Franz Kafka. É um solo onde eu interpreto o filho Franz e o pai Herman. Carta ao Pai foi escrita por Kafka durante os dez dias em que o autor judeu-tcheco ficou internado, com tuberculose, em um quarto da pensão Studl, em Kierling, nos arredores de Viena (Áustria). Kafka escreveu a carta cuspindo sangue de fato. É uma das obras mais lindas da literatura mundial. É um texto onde todo mundo se identifica. No final da peça as pessoas saem falando sobre seu pai, seu filho, todo mundo sai falando das relações familiares. Porque o Kafka fala que: “Estou convencido que casar, ter filhos e guia-los nesse mundo inseguro é o máximo que se pode conseguir”. A carta nunca foi entregue ao pai. Eu quero muito fazer na época do aniversário de 9 ao 19 de novembro no Sesc. Espero que tenha pauta”, ressaltou o ator.
Adaptado de várias traduções, dirigido e produzido pelo próprio autor, o espetáculo trás Dionísio interpretando o pai, Hermann Kafka – com quem sempre teve uma relação complicadíssima –, e seu filho escritor. A primeira versão de Carta ao Pai, Dionísio estreou em 2009 no Sesc Santana, em São Paulo. O espetáculo é dedicado à memória do diretor Antunes Filho, morto dias atrás aos 89 anos.
Dionísio se formou com Antunes no Centro de Pesquisa Teatral (CPT), no Teatro Sesc Anchieta, em São Paulo. “Eu sempre soube que escreveria este texto, mas não queria que este dia chegasse. Chegou. Estava na sacada do Copacabana Palace no lançamento da novela A dona do Pedaço”, de Walcyr Carrasco dirigida por Amora Mautner, feliz, conversando com Lee Thalor sobre o Antunes. Nós, ali na Globo, conversávamos sobre o Mestre do Teatro. Nosso mestre. Sabíamos que ele estava internado e tínhamos a esperança que ele sairia do hospital e dirigiria mais dez peças até completar cem anos. E nesta mesma hora, por volta das nove horas da noite, ele nos deixou. E deixou um legado enorme. Sobretudo um legado de vida. Para além da arte”, escreveu ele em sua página no Facebook homenageando o mestre.
Mais sobre Dionísio Neto
No cinema, Dionísio Neto atuou, entre outras produções, nos excelentes Carandiru (2003, direção de Hector Babenco/ 1946-2016) e Garotas do ABC (2003, direção de Carlos Reichenbach/1945-2012). Na televisão (Rede Globo), esteve no elenco das novelas A Favorita, Morde e Assopra e Carandiru – Outras Histórias.
No teatro, atuou no CPT de Antunes Filho e no Teatro Oficina, de José Celso Martinez Corrêa, entre outros. Com sua Trilogia do Rebento (Perpétua, Opus Profundum e Desembestai!), no final dos anos 1990, foi chamado pela crítica especializada como “o enfant terrible do Teatro Brasileiro”. Apresentou seus espetáculos em festivais nacionais (Festival de Curitiba) e internacionais (The Blue Print Series Festival, em Nova York, e Fitei, em Portugal) e ganhou diversos prêmios.