ENTREVISTA

Entrevista: Manuela d’Ávila lança livro em São Luís

Mulher, mãe, ativista, política. Manuela d’Ávila (PCdoB), ex-candidata à vice-presidência da República ao lado de Haddad e companheira de partido de Flávio Dino, estará em São Luís, hoje, quarta-feira (24), para o lançamento de seu livro

Foto: Reprodução

Mulher, mãe, ativista, política. Manuela d’Ávila (PCdoB), ex-candidata à vice-presidência da República ao lado de Haddad e companheira de partido de Flávio Dino, estará em São Luís, hoje, quarta-feira (24), para o lançamento de seu livro. Revolução Laura: reflexões sobre maternidade e resistência conta sobre o desafio de disputar o segundo turno das eleições sem abrir mão da maternidade. O evento acontecerá na Casa do Maranhão, a partir das 18h, com a presença do governador Flávio Dino. 

Confira a entrevista:

O Imparcial – Você vem para cá lançar seu livro. Ele fala sobre sua trajetória como mãe, feminista e política. Você sofreu resistências nestas últimas eleições?

Manuela d’Ávila – Foi a campanha com mais fake news da história da política brasileira e eu fui o principal alvo delas, porque causa muita estranheza ver uma mulher de 37 anos que não tem parentes importantes concorrendo à vice-presidência da República. Mais ainda quando essa mulher carrega uma bebê que é amamentada no colo. Então, as maiores dificuldades foram as mentiras inventadas; a violência que essas notícias geraram; e também o estranhamento de ver uma criança ocupando um espaço público.

Qual é o papel das mulheres diante deste Governo?

Esse Governo tem medidas que prejudicam a todo o povo, mas especialmente as mulheres. No Brasil, a realidade é que as mulheres negras são sempre as mais prejudicadas por medidas restritivas. Então, a reforma da Previdência prejudica mais as mulheres, as reformas propostas na educação prejudicam as crianças e mais as mulheres – porque as mulheres são as primeiras a sair do trabalho se os filhos não tiverem mais escola – como é a proposta do ensino à distância. Então, nosso papel é resistir. Resistir a essas propostas que destroem o Brasil, propostas pró-Bolsonaro.

Qual impacto você acha que estas propostas podem causar no Maranhão?

As medidas da reforma da Previdência prejudicam sobretudo os mais pobres, e o Maranhão – de cabeça muito erguida, com o Governo Flávio Dino – enfrenta um dos piores IDHs do Brasil, porque historicamente o Nordeste e o estado não tiveram políticas públicas para enfrentar a desigualdade e a miséria. Então, o baque da aposentadoria antecipada para uma trabalhadora rural no Maranhão, onde milhares de pessoas vivem nessa situação, é gigantesco. Para mim, é muito claro quem serão os maiores prejudicados com essa reforma. Uma das propostas do Governo Federal é acabar com a educação em sala de aula, não renovar o FUNDEB e a total desvinculação do investimento em saúde e educação. Se já existe a luta para ampliar o financiamento em educação em estados que nunca receberam, imagina se não houver mais a obrigatoriedade desses investimentos.

Você vê as agendas do Governo Federal e a do Maranhão como diferentes?

São agendas completamente opostas. Um governador como Flávio lutando para garantir dignidade e os outros preocupados só com os lucros dos bancos. Parece um pesadelo.

Diante de formações de alianças por meio de consórcios, como você vê o papel do Nordeste na situação política atual?

Eu acho que muito bonito que, num momento de tanta crise no Brasil, o Nordeste, que por tanto tempo foi abandonado pelos políticos, seja a chama da esperança. Todos os investimentos públicos que chegaram, o Nordeste agarrou a perspectiva de se desenvolver com muita força. Agora, diante de um governo que é autoritário, que prega a violência, o povo nordestino segue sendo o povo da acolhida, da esperança. Então, o Nordeste acaba sendo a luz, as estrelas que brilham na noite escura que o Brasil enfrenta.

Ao seu ver, quais políticos estão exercendo um bom papel de oposição?

O Governador do Maranhão talvez seja o principal deles. O que está na prática mostrando como é possível, mesmo diante de uma crise econômica tão severa como a brasileira, garantir investimentos públicos e, a partir desses investimentos, sair da rota da crise – que é o que o Maranhão fez nos últimos tempos. Gerando emprego, garantindo escolas dignas, garantindo que o Estado seja um bom lugar para se investir, viajando o mundo e vendendo o Maranhão como um espaço de investimentos, permitindo que os jovens estudem. Então, acho que o Flávio Dino é um bom exemplo disso.

Sobre o Governo de Flávio Dino, muitos maranhenses especulam sobre uma possível candidatura do pecedebista à Presidência da República em 2022. Você acha que pode acontecer?

Eu acho que seria uma maravilha se acontecesse, se o Maranhão pudesse dar um presidente ao Brasil que orgulhasse todo o seu povo e o povo brasileiro. Um presidente comprometido com a justiça social, com o desenvolvimento, com as nossas crianças… Comprometido com um Brasil melhor, um Brasil de todos.

Quanto à sua trajetória na política, você pretende se candidatar em breve? Como estão seus planos?

Eu terminei meu mestrado, estou lançando este livro e vou lançar outro, teórico, sobre as lutas das mulheres, no segundo semestre… Organizei para o ano todo uma produção mais vinculada à Academia. Tive 14 anos de mandato, desde os 22 anos. Esse ano, eu organizei para mim. Estou viajando o Brasil inteiro, mais ainda que na campanha. Estou conseguindo fazer as coisas que me fazem feliz. Ajudar a organizar a resistência a esse governo e dar um tempo da vida parlamentar. É importante que a gente permita que outras pessoas cheguem e possam participar.

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