A resistência do Fofão: o ícone do carnaval maranhense
Símbolo do carnaval de rua maranhense, o brincalhão e ao mesmo tempo espalhafatoso e assustador fofão é tradição viva da folia momesca
Dos mais tradicionais personagens do carnaval de rua do Maranhão, o fofão pode até não ser atualmente o mais visto, mas há quem lute para que ele não caia no esquecimento.
Seja por meio de oficinas, de exposições, de cortejos, ou de cordão de fofão (vestidos a caráter), esse símbolo ainda pode ser visto por aí. E a sua simbologia ainda resiste.
Durante o pré-carnaval o grupo Ulá-lá Fofão, do bairro Bom Milagre, sai às ruas à procura de festa.
Com vestimenta bem tradicional: roupa de chitão, máscara de papel machê (técnica que usa cola, jornal e tinta), guizos, luvas, boneca na mão, varinha para espantar os cachorros e muita alegria, o grupo liderado pelo empresário Elton Alves tenta manter vida a tradição.
Há 3 anos o empresário decidiu que ia sair às ruas de fofão e não deixar o personagem do autêntico carnaval de rua morrer. “Faz parte da minha história. Eu brincava quando criança e sempre gostei. Comecei saindo sozinho, depois veio filhos, irmãos, parentes, amigos, e, quando dá para reunir todo mundo, ficamos em torno de 15 pessoas. Vale destacar que o grupo é bem tradicional mesmo. O fofão feito como antigamente. Só participa do nosso grupo quem está de máscara de papel machê, chitão, não entra nada que seja de produto industrializado”, diz.
O grupo costuma ir para a Madre Deus, Monte Castelo, Feirinha de São Luís, onde tem festa, e sempre de dia. “Porque a tradição do fofão era brincar no pré-carnaval. E é o que a gente faz porque, ao longo do tempo, isso foi se perdendo. O fofão é o ícone, é o personagem maior e quero mostrar para meus filhos, resgatar mesmo essa história. Saímos de dia por algumas razões, por estarmos de máscara, e também porque no grupo tem criança, então, a gente evita”, aponta.
Figura típica
Com máscaras feitas de papelão, pano ou papel machê, as mais feias possíveis, os fofões, como o próprio nome sugere, vestem largos macacões confeccionados com tecido estampado, com guizos nas extremidades da gola, das mangas e das pernas. Sozinho ou em grupo, o fofão, com seu grito: “Ulá!, Lá!”, sua boneca, que entrega às pessoas para que dê algum dinheiro, e sua varinha, para espantar os cachorros, foi a alegria e o terror de muitas crianças nos carnavais maranhenses. Quem pegar nas bonequinhas que eles carregam consigo acaba tendo que pagar algum trocado, senão fica sendo perseguido até acabar.