Mais de 15 mil estudantes deixaram de frequentar a escola em São Luís
Dados são do Censo Escolar 2017. Representante do Unicef esteve em São Luís para capacitar técnicos para o programa Busca Ativa que enfrenta a exclusão escolar
É uma triste realidade. Enquanto milhares de crianças têm a oportunidade de estar em sala de aula, seja no âmbito público ou privado, outras tantas, por vários motivos, não têm a mesma condição. Na capital, segundo informou o Unicef com dados do Censo Escolar, do total de crianças e adolescentes matriculados, mais de 15 mil deixaram a escola, 15.618 estudantes em números exatos. Desses, 4.789 estavam na rede escolar municipal.
Ainda segundo o Censo Escolar 2017, naquele ano abandonaram escolas públicas na capital maranhense 1,7% dos matriculados no ensino fundamental, correspondendo a 1.448 alunos; além de 4,6% do ensino médio, ou seja, 1.817 estudantes. No ensino fundamental da rede pública, 20,9% dos alunos tinham dois ou mais anos de atraso escolar em 2017, o equivalente a quase 17,8 mil estudantes. No ensino médio da rede pública, a taxa de distorção foi de 28,5%, equivalente a 11.258 alunos.
Para trabalhar a melhor forma de combater esse tipo de exclusão e de distorção escolar, equipes das Secretarias Municipais da Criança e Assistência Social, Educação e Saúde participaram de encontros dirigidos com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O propósito foi de fortalecer o programa Busca Ativa Escolar na cidade. O processo de capacitação aconteceu de 16 a 18 e o próximo passo é implantar o plano piloto do Programa, que será no bairro da Cidade Operária.
“São Luís aderiu ao programa desde 2017 e desde então está se estruturando para começar a implementação. O Busca Ativa é uma metodologia social e uma plataforma que permite ao poder público encontrar crianças que se evadiram da escola ou que nunca estiveram no ambiente escolar. Por São Luís ser parte da Plataforma dos Centros Urbanos (PCU) do Unicef, vimos trabalhar esse programa capacitando as equipes das secretarias municipais de educação, saúde e assistência social, porque todo esse trabalho é interligado”, disse Ângelo Damas, especialista regional em Educação do Unicef.
O programa é o esforço integrado entre todas as equipes municipais para que as crianças e adolescentes fora da escola sejam identificadas, suas famílias sejam contatadas e sua matrícula escolar seja garantida. O processo começa quando os agentes de saúde visitam as famílias e verificam se há alguma criança fora da escola. Caso seja positivo, eles enviam um alerta para o Unicef, que informa a Secretaria de Educação, que por sua vez avisa a Semcas que precisa enviar um técnico para saber o motivo da exclusão. A partir desse relato, verifica-se se o caso é mais grave, de violência ou trabalho infantil e isso é informado às autoridades. “Caso o problema seja brando, é feita a matricula ou rematrícula dessa criança ou adolescente. É um processo que começa com a saúde, passa pela assistência social e termina na educação”, pontuou Damas.