CULTURA

Histórias e contos do Maranhão retratados em quadrinhos

Neste 30 de janeiro, comemora-se o Dia do Quadrinista. Conversamos com Iramir Alves Araújo, que transforma relatos históricos e culturais locais em HQs. Confira!

Nesta quarta-feira (30) comemora-se o Dia do Quadrinista. Em 1869, nesta mesma data, era publicada a primeira história em quadrinhos brasileira: “As Aventuras de Nhô-Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte”, do cartunista Ângelo Agostini. Em homenagem a este dia, O Imparcial conversou com Iramir Alves Araújo, o quadrinista que transforma histórias e contos maranhenses em quadrinhos.

Iramir e duas de suas obras: Ajurujuba e Balaiada. Foto: Reprodução

Historiador, escritor e roteirista, Iramir Alves Araújo se debruça sobre livros e pesquisas da história local e as traduz, de forma lúdica, para a linguagem dinâmica que une textos e desenhos: histórias em quadrinhos. Por ser fã desde criança e ter se “alfabetizado” em HQs, sabe que este tipo de literatura consegue agradar desde o leitor da tenra idade até o adulto.

Os quadrinhos, que produz desde os anos 80, têm temáticas distintas. Gatos Pingados, por exemplo, fala sobre problemas que assolam adolescentes vulneráveis, como DSTs e violências; Corpo de Delito são crônicas policiais; e Balaiada – A Guerra do Maranhão e Ajurujuba – A fundação da cidade de São Luís são sobre história. Entretanto, todas estão juntas pelo mesmo elo: são ambientadas no Maranhão.

Ajurujuba – A fundação da cidade de São Luís foi lançada em 2012 e Conta a história de Daniel de La Touche no Maranhão, assim como o contato dos franceses com os Tupinambás. Foto: Iramir Araújo/Arquivo Pessoal

Questionado sobre o porquê da abordagem local, Iramir cita uma frase de Tolstói: “Fale de sua aldeia e estará falando do mundo“. O quadrinista explica: “Todo lugar é rico em aventuras. E, se a gente pode falar do nosso lugar, para quê falar de outro? O nosso lugar, na minha opinião, é bastante valioso. Nossa história é muito rica. Então, essa é minha opção: falar da nossa gente. Para nós mesmos e para o mundo”.

Os heróis das HQs maranhenses

Apoiando-se em uma bagagem teórica de extensas pesquisas, Iramir tem a proposta de contar, em suas HQs, relatos históricos sob uma perspectiva diferente da tradicional. Em sua narrativa, o quadrinista desafia o título de quem, de fato, seriam considerados os heróis da história brasileira.

Tomando como exemplo a Balaiada – revolta maranhense ocorrida no século XIX – Iramir explica que, pelos livros de história, aprendemos que o herói é Caxias, o Duque que reprimiu a revolta. Seu quadrinho, Balaiada – A Guerra do Maranhão, lançado em 2010, vem para subverter esses papéis e empoderar personagens cujo poder foi apagado ou desvalorizado nos registros oficiais.

“Raimundo Gomes, Negro Cosme e os balaios são personagens que lutaram contra o poder exacerbado da coroa, contra condições precárias de vida e, na minha opinião, eles são os verdadeiros heróis. Assim, eu os coloco na história”, conta o quadrinista.

Foto: Iramir Araújo/Arquivo Pessoal

‘O Mulato’ será história em quadrinhos

Primeiro romance naturalista brasileiro, escrito pelo maranhense Aluízio Azevedo, também ganhará sua versão em quadrinhos. A HQ de ‘O Mulato’, roteirizada por Iramir e ilustrada por Ronilson Freire, deverá ser lançada ainda o este ano.

Assim como a escolha de outras obras a serem adaptadas por Iramir, esta também se deveu ao forte caráter político e, além de tudo, local – dando ênfase ao modo de vida vigente de São Luís do Maranhão em meados de 1880.

As obras de Iramir podem ser encontradas na Livraria da Amei, em algumas bancas da cidade e pessoalmente, com o próprio quadrinista.

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