Mestre Felipe

A manifestação cultural do Tambor de Crioula do Maranhão tem como um dos maiores expoentes Felipe Neres Figueiredo, o famoso Mestre Felipe. Nascido em 6 de junho de 1924, no Quilombo de Tabocas, em São Vicente Férrer, baixada maranhense, herdou dos ancestrais as tradições populares e aos 3 anos de idade já tocava tambor.

Com o precoce envolvimento de Seu Felipe com o Tambor de Crioula, não se poderia esperar que anos mais tarde se tornasse mestre quando veio para São Luís, aos 49 anos. Aqui, tocou em grupos ao lado de Mestre Leonardo, Mestre Olhinho e outros já consagrados na capital, dos quais seu Felipe enfrentou muita resistência por conta de seu sotaque e estilo próprio da baixada.

Apesar do estranhamento, não demorou muito para que fosse conquistando espaço até se tornar membro do Laboratório de Expressões Artísticas do Maranhão (Laborarte), transmitindo para as novas gerações a arte de tocar tambor com as singelas peculiaridades da região da baixada.

Fundou em 1973 a Associação Folclórica e Cultural Tambor de Crioula União de São Benedito, sede do conhecido Tambor de Crioula de Mestre Felipe. Gravou várias toadas, que estão reunidas em um CD lançado em 1998, o primeiro a registrar composições de Tambor de Crioula do Maranhão.

Mestre Felipe correu pelo Brasil e exterior a mostrar a pujança da manifestação popular do Maranhão. Gravou três CDs e participou de festivais internacionais, como os de Expressões Ibéricas, na Cidade do Porto em Portugal, do Perc Pan- Festival Internacional de Percussão, em Salvador, e do Encontro Latino Americano de Culturas, em Brasília.

Um ano antes de morrer, Mestre Felipe representou todos os Mestres de Tambor de Crioula na Cerimônia que oficializou a manifestação como patrimônio cultural brasileiro, no dia 18 de junho de 2007. Ele morreu aos 84 anos no dia 18 de julho de 2008 e seu corpo foi sepultado na sua cidade natal.