"ESCOLA DE JORNALISMO"

Há 90 anos O Imparcial contribui no aprendizado de jornalistas no estado

O Jornal O Imparcial tem sido referência de aprimoramento e aprendizado no jornalismo impresso. Hoje é lembrado por muitos profissionais que passaram por aqui como uma grande escola

Foto: Reprodução

Desde 1º de maio de 1926, há exatos 92 anos, o Jornal O Imparcial tem sido referência de aprimoramento e aprendizado no jornalismo impresso e lembrado por muitos profissionais que passaram por aqui como “uma escola de jornalismo”. Nessas mais de nove décadas, acolheu em suas dependências jornalistas renomados, jornalistas recém-formados, estudantes de jornalismo, aprendizes, que ganharam nas suas vidas profissionais pós-jornal O Imparcial um aprendizado que vale para uma vida inteira.

Conversei com alguns jornalistas de várias gerações que iniciaram suas carreiras em O Imparcial, e também com outros que não tiveram o referido jornal como sua primeira “casa”, durante os mais variados períodos em que trabalharam no impresso, mas que guardam com carinho as lembranças que tiveram durante suas passagens pelo jornal. Confira os depoimentos de Lissandra Leite, Robson Paz, Mariana Salgado, Edvânia Kátia, Kely Padilha, Haroldo Silva, Jacqueline Heluy e Leno Edroaldo.

Lissandra Leite

“O Imparcial, pra mim, sempre foi um caso de amor. Sabe aquela casa da família, de onde saímos quando vamos crescendo, mas para onde sempre podemos voltar e se sentir, novamente, em casa? Pois é.
Estive por lá quando ainda estava na faculdade, sempre na editoria de Cultura. Primeiro tive a honra de trabalhar com Gil Maranhão, sempre divertido e cheio de energia e boas dicas; depois com Luiz Pedro, com quem pude aprimorar meu texto jornalístico. Depois de formada, voltei para assumir essa mesma editoria e, desta vez, formei uma equipe fantástica com Paulo Pellegrini e Patricia Cunha. Aprendi muito com cada uma dessas pessoas e com os grandes repórteres, fotógrafos, diagramadores e editores que, todos os dias, compartilhavam suas histórias e aventuras naquela redação.
Depois dessa última passagem por lá, segui uma carreira totalmente diferente, me dedicando ao que chamo de comunicação para o desenvolvimento, trabalhando para organizações não governamentais e organismos internacionais pela defesa dos direitos humanos. Entretanto, tenho certeza de que não seria a mesma profissional se não tivesse vivenciado o dia a dia de uma redação de jornal e se não tivesse aprendido a importância da apuração séria da notícia e do trabalho em equipe. Esses aprendizados devo a O Imparcial. Vida longa a essa casa de ensinamentos!”

Jacqueline Heluy

“Janeiro de 1986. Eu iniciava o 3° período do curso de Comunicação da UFMA e  a vontade de ser jornalista era tanta que um dia acordei e fui direto para o jornal O Imparcial, à época na Rua Afonso Pena. Jamais vou esquecer a emoção que senti ao subir, pela primeira vez, as  escadas daquele fantástico casarão. Fui acolhida, com carinho, pela então secretária Zezé Arruda. Em menos de cinco minutos já estava sentada em frente ao diretor Pedro Freire.
A conversa foi rápida. Atencioso, Pedro perguntou  em que poderia me atender e minha resposta foi curta: “Quero ser jornalista, quero trabalhar aqui”. Ele perguntou se eu já sabia o que era um lead e eu disse que não. O diretor sorriu e me informou que a empresa só pagava bolsa aos estagiários a partir do 5º período.  “Não tem problema, posso estagiar sem bolsa”, respondi.
No mesmo dia comecei na editoria de Cultura, sob os cuidados do editor César Teixeira. Permaneci em O Imparcial por quase 10 anos. Atuei como repórter de Política e Cidades, editora e chefe de reportagem.  Em O Imparcial tive a oportunidade de aprender tudo o que se pode adquirir de conhecimento dentro de uma redação de impresso. Com todas as experiências adquiridas, que contribuíram para o meu aprendizado em jornalismo, posso afirmar: O Imparcial foi a minha verdadeira escola e de muitas gerações.”

Robson Paz

“Trabalhei no jornal O Imparcial entre 2001 e 2004. Foi minha primeira experiência no jornalismo impresso. Período de elevado aprendizado. Guardo as melhores lições e lembranças. Tive a oportunidade de conviver com uma das mais bem conceituadas equipes de profissionais de comunicação do Estado. Ótimo ambiente de trabalho e, por certo, a melhor e mais moderna estrutura de um veículo impresso do Maranhão.
Tive vários momentos marcantes, mas, relato um trabalho que muito me emocionou. Integrava a editoria de Cidades e fiz a cobertura da retirada de uma das maiores ocupações da Ilha pela Polícia. Foi no período em que O Imparcial publicou uma série de entrevistas sobre a miséria existente no Estado. Ali, pude testemunhar de perto as consequências da desigualdade social. Mulheres com filhos, bebês no colo, resistindo ao avanço da tropa de choque da polícia. Fizemos a cobertura jornalística, que rendeu imagens simbólicas, manchete e várias suítes”.

Edvânia Katia

“Trabalhar em O Imparcial foi uma experiência ímpar. Estive na redação entre 1999 e 2006 e nesse convívio conheci pessoas e profissionais que demarcaram uma época como Andrea Viana, Paulo Pelegrini, Patricia Cunha, Raimundo Borges, Douglas Cunha, Samartony Martins, Neres Pinto, Fábio Barros, Roseane Arcanjo, Kely Padilha, Robson Paz, Luanda Belo, Elisângela Leite, Ribamar Praseres, Celio Sergio e Marco Aurélio. Apostávamos em um jornalismo dinâmico, que retratava o cotidiano da cidade, na linha de serviços e temas fortes na cultura. Foram dias e matérias marcantes. E as capas? Bom, as capas eram um espetáculo à parte. Mais pareciam obras de arte reunindo criatividade e reflexão, vindas do olhar de Celio Sergio. Hoje trabalho com memória corporativa e produção cultural, carregando comigo as lições de vida daquela época e com a certeza de que O Imparcial foi uma grande escola que me fez crescer como ser humano e profissional.”

Mariana Salgado

“Passei pelo O Imparcial pela primeira vez, em 2012, quando estudante de Jornalismo. E nas linhas ainda mal traçadas, fui aprendendo aos pouquinhos a prática da concepção da notícia. O que já pulsava virou amor e voltei à redação, uma segunda vez, em 2014, já formada, passando mais uma temporada, sempre na editoria de Política. O Imparcial foi uma importante etapa da minha vida profissional e laços fraternos foram ali firmados. O compromisso com a notícia firme, bem apurada e esclarecedora permeiam, desde então, a minha conduta na área. Ao Jornal que, hoje, além do impresso, é também virtualmente muito bom, parabéns pela missão diária de informar com excelência o Maranhão”.

Kely Padilha

“O pensador chinês Confúcio disse que, quando escolhemos um trabalho de que gostamos, não teremos que trabalhar nem um dia na nossa vida. Então, eu posso afirmar que não trabalhei um só dia em O Imparcial.
Desde que entrei como estagiária de Economia, trabalhando com a queridíssima e inesquecível Telma Borges (viva em minhas memórias e na profunda gratidão que tenho por ela), foi a construção de uma carreira. Primeiro como estagiária (sim, eu passei pelos estágios júnior, pleno e sênior…rsss) de todas as editorias; depois como repórter, também de todas as editorias. Tive também a minha porção editora e, por fim, cheguei à coordenação de reportagem. Depois de um breve interlúdio de um ano (sai para viver outras experiências na comunicação), retornei à minha “casa”, onde permaneci até 2005, exercendo diferentes funções, entre elas coordenadora de projetos especiais. Mais importante do que as reportagens assinadas, matérias de capa, o principal legado deixado para mim por O Imparcial foi a ressignificação das palavras OPORTUNIDADE e FAMÍLIA. Tem coisa mais família do que chorar junto pelas perdas dos entes queridos, ainda que você nem os conheça? Rachar o “bandeco”? Brigar e se acertar? Fazer matérias a quatro, seis mãos, apenas para acelerar o trabalho? Isso só pode ser coisa de irmão!
Foi nessa família, da qual escolhi fazer parte, que eu descobri que eu podia ser bem mais que uma jornalista. Obrigada a O Imparcial, por ser uma página viva na minha vida!”

Haroldo Silva

“Depois de ter passado por várias emissoras de rádio, cheguei a O Imparcial em 1975 (e lá fiquei até 1989) depois que o Adirson Veloso, então diretor, precisava de alguém para fazer esporte. O Buzar (Benedito) foi quem me indicou. Em seguida, fiz várias coisas, substituía Douglas Cunha nas matérias de polícia, tinha uma coluna diária. Teve um episódio interessante, que foi quando teve uma greve no jornal e só eu e o Douglas, que não concordávamos, fizemos o jornal inteiro por uma semana.
Trabalhar em O Imparcial foi uma experiência extraordinária. Até porque o meu pai, Miguel Arcanjo Silva (Miguelzinho de Ouro), também já havia trabalhado lá e feito reportagens muito importantes. Então, eu já tinha essa referência, voltei ao local onde ele trabalhou. O Imparcial faz parte da minha vida, da minha história, me marcou muito, e é muito importante para a história do jornalismo impresso do Maranhão. Transformou a imprensa do Maranhão para melhor”.

Leno Edroaldo

“Estive por oito anos no jornal e por isso posso chamar como segunda casa, pois tenho muitos amigos, pessoas que tenho muito carinho. Cheguei ao jornal por convite de seu Neres (Pinto), que me acompanhou sempre e me ensinou bastante e a quem sou muito grato. Tive a oportunidade de participar de matérias como a cobertura de um acidente aéreo em Pinheiro que foi publicada em jornais de fora do Estado e de matérias sobre a Federação Maranhense de Futebol, que mostraram escândalos da má administração da entidade; assim como a cobertura da CPI da Pedofilia”.

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