ATRASO

82% dos maranhenses acessam internet pelo celular

Estudo revelou o atraso do Maranhão em relação ao acesso às tecnologias mais utilizadas no mundo inteiro, além do tímido alcance da internet dentro do território estadual

Foto: Reprodução

É quase inacreditável pensar que na sociedade atual, onde os avanços tecnológicos acontecem em uma velocidade que quase não se consegue acompanhar, muitas pessoas ainda observem apenas à distância tudo que dispositivos de comunicação como celulares e computadores e ferramentas de informação como a internet podem agregar para o desenvolvimento social.

Mas essa realidade está aí, comprovada por dados e pesquisas, mostrando que a evolução não acontece para todos e que uma parcela significativa da sociedade ainda não saiu do período das trevas da tecnologia.

Os resultados de um estudo sobre tecnologia de informação e comunicação, realizado através da Pesquisa Nacional por Amostra de domicílio Contínua ou Trimestral (Pnad_C) por meio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou o atraso do Maranhão em relação ao acesso às tecnologias mais utilizadas no mundo inteiro, além do tímido alcance da internet dentro do território estadual.

Os números são mais expressivos no interior do estado, onde o acesso à internet, além de conhecimentos técnicos de informática, ainda são bastante deficientes. Na região metropolitana de São Luís, a população parece estar mais conectada, porém, a baixa qualidade em serviços e a facilidade atual em adquirir eletrônicos móveis como smartphones têm alterado a preferência de consumidores.

Internet mais ou menos

Foto: Karlos Geromy

Ao final dos anos 1990 até meados de 2000, a maioria dos jovens da época desejava ter acesso à internet dentro de casa para acessar as redes sociais, que começavam a se tornar populares, além de ter ajuda nos trabalhos escolares. Com o tempo, a internet passou da discada para a banda larga e o acesso cresceu de forma exponencial especialmente na capital.

Mais tarde, conforme os serviços iam aumentando e a qualidade de muitos seguindo no sentido oposto, muitas pessoas preferiram trocar o acesso fixo, que já não agradava tanto, pelo acesso móvel nos celulares, que atualmente representa a maior parte das pessoas que utilizam internet. O aparelho móvel, hoje com planos de diversas operadoras, passou a representar 98,9% das pessoas com acesso à internet, de acordo com o estudo.

Em 30% dos domicílios pesquisados, a justificativa para adquirir pacotes de internet foram os valores cobrados pelos serviços, o que para muitos consumidores não coincide com o que é oferecido por algumas operadoras. Em São Luís, é possível encontrar diversos pacotes de internet fixa que variam entre valores que podem começar em R$ 50 com pacotes de 1 ou 2 megabytes até preços que ultrapassam R$ 300 e velocidades que giram em torno de 50 e 60 megabytes. Enquanto isso, pacotes de internet móvel para aparelhos celulares podem ter preços começando a partir de R$ 50 e uma velocidade em torno de 6 megabytes.

Para o estudante Tiago Souza, a conta foi simples de fazer. Ele preferiu ter uma internet com velocidade boa no aparelho celular, onde, segundo ele, seu uso é maior, e cancelou a internet de casa. “Eu uso muito a internet do celular, então preferi manter com uma velocidade boa. Os serviços de internet hoje em dia são muito ruins, só prestam os que são caríssimos, muito por conta do grande número de pessoas que têm. E as empresas não têm estrutura para fornecer qualidade para todos. Quando eu tinha em casa, vivia ligando para o serviço de atendimento e reclamando”.

Tiago comenta que, pela facilidade do acesso em alguns locais públicos, ele não sente falta da internet em casa. “Tem internet na faculdade com wi-fi. Como a maioria dos trabalhos que faço é lá mesmo, então não tenho problema com falta de internet. Eu até penso em voltar a aderir a um plano residencial, mas tem que pesquisar muito para achar uma empresa que ofereça um serviço razoável sem cobrar um preço absurdo”.

Números desanimadores

Foto: Karlos Geromy

De acordo com dados da pesquisa, no Maranhão, apenas 20,2% da população, ou seja, 401 mil pessoas possuem computadores em suas residências. Contabilizando apenas a área da Grande São Luís, englobando os quatro municípios da região metropolitana e mais Alcântara, é possível perceber onde o acesso ao equipamento é maior, 37,6% das pessoas possuem computador particular. De acordo com a pesquisa, entre todas as unidades da federação, o Maranhão possui o menor percentual.

Quando o assunto é acesso aos aparelhos celulares, presentes na vida da maior parte da população, o Maranhão chega a representar números elevados, porém, no plano geral, mostra-se aquém do esperado, com apenas 82,8% de domicílios com telefone móvel celular, menor percentual de cobertura dentre todas as unidades da federação. Nesse quesito, a Grande São Luís ainda é a que tem uma quantidade predominante de usuários, com quase 420 mil domicílios com telefones celulares.

Já no acesso à rede mundial de computadores, a internet, que hoje em dia é necessária para quase tudo, desde educação, trabalho ao entretenimento, o estado quase não tem representatividade em termos de utilização domiciliar. Os resultados da pesquisa apontaram que apenas 47,6% (946.000 pessoas) têm acesso a internet dentro de casa. Desse total, 337 mil pessoas moram na área da Grande São Luís.

Ainda no acesso à internet, um aspecto da pesquisa que chamou a atenção foi a motivação alegada por cerca de 20% das pessoas, de que nenhum morador sabia usar a internet. Esse dado chama a atenção para a existência ainda sólida do chamado analfabetismo digital, que se refere às pessoas que ainda conhecendo ou vivenciando a tecnologia tenham dificuldade ou total inaptidão para operar com alguns sistemas básicos como digitar textos, trabalhar com imagens e gráficos, elaborar planilhas de contas ou acessar a internet.

Na contramão do problema

Foto: Reprodução

Projetos para inclusão digital são constantemente apresentados como forma de diminuir as barreiras que afastam as pessoas que ainda estão por fora do mundo virtual, criando pontos de acesso à tecnologia aos mais carentes.

Um exemplo é o Programa “Cidadania Digital”, da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Informação (Secti), que implantou o projeto como uma resposta específica a necessidades mapeadas e depois transformadas em pontos do programa de governo. A ideia central é mediar, através da tecnologia, o exercício, pelo cidadão comum, de seus direitos civis, políticos e sociais possibilitando a inclusão digital.

Segundo a Secti, através do projeto Maranet, pretende-se levar o acesso à internet a locais públicos, especialmente no interior do estado. Para isso, são estabelecidas parcerias com a iniciativa privada, sempre que possível, ou a utilização de contratos da própria secretaria. A secretaria afirma que, de janeiro de 2016 até setembro de 2017, mais de 800 mil acessos individualizados foram registrados.

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