Pinduca é atração confirmada do Carnaval de São Luís
O carnaval de São Luís será comandado no domingo pela alegria de Pinduca ao som de muito sirimbó, lári-lári, lambada e lamgode ao lado do Grupo Lamparina e da cantora paraense Gaby Amarantos
Pinduca vai agitar o carnaval em São Luís a partir do domingo, 11, no Circuito Beira-Mar, quando se apresentar, ao lado do Grupo Lamparina e da cantora paraense Gaby Amarantos. Pertencente a uma família de músicos, Aurino Quirino Gonçalves, ou simplesmente Pinduca, iniciou sua carreira aos 14 anos de idade cantando carimbó, ritmo que garantiu-lhe o título de “Rei do Carimbó”, tornando-o uma das figuras mais conhecidas do estado do Pará.
O cantor foi indicado ao Grammy Latino de 2017 de Melhor Álbum de Raízes Brasileiras. Seu álbum No Embalo do Pinduca foi um dos responsáveis em difundir o carimbó, ritmo que nasceu do interior do Pará para o Brasil. Segundo o próprio Pinduca, o carimbó é a música e a dança folclórica do Pará afro-brasileiro, com influência indígena e portuguesa, e que retrata o cotidiano do caboclo. O cantor, que conhece o carimbó desde que se entende por gente, foi redescobri-lo na década de 1960 em uma festa no interior do Pará, onde dançou com os caboclos. Como era dono de um conjunto musical em Belém, achou que devia trazer o ritmo para cidade. E desde então o carimbó passou a ser a sua filosofia de vida.
A carreira começou quando ele ainda tinha uns 14 anos e frequentava os bailes, para tocar pandeiro quando era convidado. Foi em uma dessas ocasiões que ganhou apelido, fato que ele narra com gosto, dizendo antes que “tudo é obra divina’’: “Eu, jovenzinho, fui convidado para dançar uma quadrilha junina. A senhora me deu uns 20 chapéus de palha para eu escrever os nomes dos dançantes, os componentes da quadrilha. Fiquei inventando os nomes: Zé Mané, Sô Fulano, Nhô Sicrano… Era uma linguagem cabocla. De repente, me veio à mente esse nome que lia numa revistinha de quadrinhos. Escrevi o nome no chapéu e pus na minha cabeça. As pessoas viram aquilo e começaram a me chamar de Pinduca. Foi um batismo’’. Hoje o cantor registrou devidamente em cartório o apelido em sua certidão de nascimento.
Pinduca, que serviu o Exército e foi tenente da Polícia Militar, teve que impor respeito aos seus subordinados por conta da patente e que às vezes confundiam a pessoa do artista com o militar. “Aqui eu sou o tenente Aurino e lá fora eu sou o ‘Pinduca’, o cantor”, dizia ele, como forma de alerta para os mais desavisados. Na época, exerceu mais o comando da banda de música do que outra função. Com o tempo, Pinduca investiu na carreira artística, largou a farda e conquistou o mundo com a sua música. Mas o cantor sempre faz questão de ressaltar que o carimbó ficou conhecido nacionalmente graças à cantora Eliana Pitmann, que popularizou o ritmo no Sul do Brasil.
Em 1957, Pinduca constituiu uma banda, depois, chegou a comandar orquestra de 12 músicos e quatro bailarinas. Sua estreia em long-play, em 1973, foi com Carimbó e sirimbó do Pinduca (Beverly). De lá para cá, passeou por lambadas (possivelmente o primeiro a designar o gênero), siriás, cumbias e comacheras. É um artista que soube fundir as influências que ouviu e criar música brasileira. Os ritmos do Norte, sobretudo do Pará, constituem uma riqueza específica e imensa no folclore popular brasileiro. A particularidade da música paraense se deve a elementos históricos e geográficos. Um aspecto marcante e distinto da maior parte da música brasileira é a sonoridade latina e o diálogo com o Caribe e o Norte da América do Sul.
Conhecido pelos seus balagandãs e requebrados no palco, Pinduca, que está com 83 anos, é um homem com pequenas vaidades e mostra durante seus shows a vitalidade de um jovem. Fã do cheiro-do-pará, que é feito de raízes perfumadas, Pinduca gosta de presentear os amigos e mais próximos com o cheiro que ele mesmo prepara e como forma de agradecimento em seus shows joga no público o composto feito por atrativos como olho-de-boto, jiboia e outros elementos para atrair sorte e proteção. A última vez que Pinduca esteve em São Luís foi no Festival BR 135, no dia 1º de dezembro do ano passado, na Praça Nauro Machado.
SOBRE PINDUCA
Pinduca é um dos maiores representantes da cultura popular no Brasil. Cantor e compositor, o “Rei do Carimbó” (como é carinhosamente conhecido em todo o Brasil) criou ritmos, como: sirimbó, lári-lári, lambada e lamgode. Natural da cidade de Igarapé-Miri, interior do estado do Pará, é de uma família de músicos. Seu pai, José Plácido Gonçalves, falecido em 1997 com 103 anos, era professor de música, foi com ele que Pinduca aprendeu as primeiras notas musicais. Sua mãe, Luzia Tereza de Oliveira Gonçalves, falecida em1997 aos 96 anos, teve 13 filhos: nove homens e quatro mulheres, e todos sabem tocar algum instrumento musical, alguns seguiram carreira profissional. Seu José e dona Luzia foram inspiradores para os carimbós de Pinduca.
Pinduca iniciou sua carreira aos 14 anos, como pandeirista. Certo dia, durante as comemorações da festa de Nossa Senhora do Rosário, na vila de Maiauatá (município de Igarapé-Miri), ele estava tocando a alvorada que abriria os festejos às 5 horas no coreto da praça. Nessa época, os conjuntos musicais tocavam apenas instrumentos acústicos, com todos os músicos sentados ao redor do cantor, que também cantava sem microfone. Durante a apresentação, ele levantou-se e começou a dançar, enquanto tocava suas maracas. Todos se aproximaram para ver a novidade, e a exibição foi um enorme sucesso.
Com a autorização de seu pai, Pinduca seguiu para Abaetetuba, onde participou da Orquestra Brasil, já com 16 anos. Depois foi para Belém, onde participou da Orquestra de Orlando Pereira, como baterista, nessa época considerado um dos melhores baterista do Pará. Alistou-se no Exército e seguiu carreira na Polícia Militar até chegar a tenente mestre da Banda de Música da PM.
Pinduca formou sua própria banda em 1957. Nesse mesmo período, o cantor estava organizando a decoração dos chapéus de palha que seriam utilizados na apresentação de uma quadrilha de festa junina, colocando neles nomes caipiras, como: Tio Bené, Nhô Zé, entre outros. Seu apelido era Noca, mas depois que Aurino Quirino escolheu o chapéu para si com o nome de Pinduca foi um verdadeiro batismo e, a partir daquele dia, Aurino ou Noca passou a ser Pinduca.
Seu primeiro disco foi gravado em 1973 e vendeu 15.000 cópias, desde a Bahia até Manaus, aí começava o fabuloso sucesso de vendas que Pinduca tornara-se em todo o país. Banda do Pinduca possui 12 músicos e quatro bailarinas. Pinduca é casado há 40 anos com Deuzarina Santos Gonçalves, com quem teve seis seis filhos (Otávio Roosevelth, Tânia Ellem, Eloy Kleem, Douglas Rielang, Stanley V, Sheila Jane) e sete netos (Duanna Mahana, Luan Gonçalves, Alan Kleem, Diego Henrique, Emanuela Gonçalves, Gabriel Douglas e João Vitor). Hoje, quatro de seus filhos participam da banda.
Beira-Mar e Madre Deus
O Circuito Beira-Mar vai agitar o carnaval em São Luís a partir do domingo, 11, quando se apresentam o Grupo Lamparina, Gaby Amarantos e Pinduca, entre outros. Na segunda, 12, é a vez de Criolina e Elza Soares. E na terça, 13, vêm Péricles e Fundo de Quintal. O Circuito Madre Deus terá cinco dias de folia, a começar pela sexta-feira, com o que há de mais tradicional no carnaval maranhense, com destaque para os blocos organizados, tambor de crioula e shows de artistas locais. O Carnaval de Todos 2018 acontecerá em vários pontos turísticos da cidade, como os foliões nas ruas, brincando ao som das mais consagradas bandas de carnaval de São Luís.