Sábado de celebrações a São Sebastião
Igrejas e comunidades da capital celebram o santo com missas e procissões que marcam o encerramento do festejo
Hoje é dia de São Sebastião. E em São Luís, devotos estão desde o dia 11 de janeiro participando das programações litúrgicas e culturais das igrejas e comunidades de São Sebastião, a exemplo da Igreja de São Sebastião do Cruzeiro do Anil, Comunidade de São Sebastião do Rio Anil, e Comunidade de São Sebastião do Itapiracó.
Segundo as comissões organizadoras dessas festas, todas as noites, as igrejas ficam lotadas para homenagear o santo, que era um soldado romano que foi martirizado por professar e não renegar a fé em Cristo Jesus.
“Graças a Deus, todos os anos o festejo só vem crescendo, o que prova que as pessoas estão com sua fé renovada e estão cumprindo os ensinamentos de Cristo. Na nossa comunidade, o festejo é sempre bem alegre, com bastante programação religiosa e também a cultural, que acontece todos os dias ao final da noite”, diz a moradora da Aurora, Regina Feliciano, que costuma frequentar a igreja no Anil. “Especialmente nessa região, que compreende muitos bairros, as pessoas são muito devotas e todos os dias, praticamente, tem gente pagando promessa, agradecendo por graças alcançadas”, diz Regina.
Outro que é devoto e participa ativamente das atividades da Igreja do Rio Anil chama-se Francisco Mendonça, da coordenação do festejo daquela localidade. Há mais de 15 anos, quando passou a morar no conjunto, se dedica a São Sebastião. “As minhas filhas fizeram todos os ritos da igreja aqui na Comunidade, então eu comecei a me integrar e a participar dos eventos, dos trabalhos… Hoje estamos à frente do Festejo e, graças a Deus, tem sido muito visitado, não só pelos devotos das outras paróquias, como por pessoas de outras cidades e estados. É um festejo muito esperado”, conta seu Mendonça.
A igreja foi fundada pelo Frei Mario Paloni, em agosto de 1979, falecido recentemente. Ele assumiu a Comunidade Bequimão após a inauguração do Conjunto Habitacional e da concessão de um terreno onde, posteriormente, seria construída a igreja do bairro. De lá para cá, segundo seu Mendonça, cresceu, tanto em termos físicos, quanto de fiéis. “A igreja recebe, principalmente no Festejo, muitas pessoas de outros lugares. E a gente fica feliz porque estamos dando continuidade, mantendo a tradição da festa”, diz.
Com o tema São Sebastião, mensageiro da paz, a Comunidade Itapiracó celebra o sucesso do tradicional festejo que já acontece há mais de 50 anos.
Para Kenilson Ferreira, morador da região e devoto do santo desde criança, o dia do santo é o momento máximo do festejo, quando a maioria dos fiéis paga suas promessas. “É um festejo bastante tradicional, esperado, que reúne muitas pessoas e que consolida a fé pelo santo. Hoje temos o encerramento e esperamos mais pessoas do que no ano passado”, diz.
Kenilson diz que a devoção dele vem da família. Desde criança, ele frequenta e participa das atividades da igreja. Como prova de sua devoção, oferece seus serviços todos os anos para a igreja. É uma forma, segundo ele, de agradecer por todas as bênçãos alcançadas. “Saúde, paz, trabalho, tudo que conquistei devo a ele. Por isso, nada mais justo do que oferecer meus serviços em prol das obras da igreja”, conta.
No encerramento do festejo, o ponto alto é a procissão em homenagem ao santo. Na Comunidade do Itapiracó, por exemplo, o dia começa com alvorada de fogos às 5h30 e às 17h começa a procissão com a saída da Comunidade Santa Rita (Alto do Itapircó). Em seguida, tem a Santa Missa.
O santo
São Sebastião é bastante popular e, segundo reza a tradição, todos os anos, no dia dedicado a ele, chove. Defensor da Igreja e apóstolo dos confessores, daqueles que eram presos, era soldado romano e cristão, professava a sua fé e por isso foi amarrado ao pé de uma laranjeira e flechado.
Ao entrar para o serviço no Império como soldado, tinha muita saúde no físico, na mente e, principalmente, na alma. Não demorou muito, tornou-se o primeiro capitão da guarda do Império. Esse grande homem de Deus ficou conhecido por muitos cristãos, pois, sem que as autoridades soubessem – nesse tempo, no Império de Diocleciano, a Igreja e os cristãos eram duramente perseguidos –, porque o imperador adorava os deuses. Enquanto os cristãos não adoravam as coisas, mas as três Pessoas da Santíssima Trindade.
São Sebastião também foi apóstolo dos mártires, os que confessavam Jesus em todas as situações, renunciando à própria vida. O coração de São Sebastião tinha esse desejo: tornar-se mártir. Denunciado por um soldado, o imperador se sentiu traído e mandou que Sebastião renunciasse à sua fé em Jesus Cristo. Sebastião se negou a fazer esta renúncia. Por isso, Diocleciano mandou que ele fosse morto para servir de exemplo e desestímulo a outros.
Porém, que Sebastião tivesse uma morte cruel diante de todos. Assim, os arqueiros receberam ordens para matarem-no a flechadas. Eles tiraram suas roupas, o amarraram e lançaram suas flechas sobre ele. Ferido, deixaram que ele sangrasse até morrer.
Irene, uma cristã devota, e um grupo de amigos, foram ao local e, surpresos, viram que Sebastião continuava vivo. Levaram-no dali e o esconderam na casa de Irene, que cuidou de seus ferimentos.
Depois de curado, Sebastião continuou evangelizando e se apresentou ao imperador Diocleciano, que não atendeu ao seu pedido. Sebastião insistia para que ele parasse de perseguir e matar os cristãos. Desta vez, o imperador mandou que o açoitassem até morrer e depois fosse jogado numa fossa, para que nenhum cristão o encontrasse. Porém, após sua morte, São Sebastião apareceu a Lucina, uma cristã, e disse que ela encontraria o corpo dele pendurado num poço. Ele pediu para ser enterrado nas catacumbas junto dos apóstolos.
São Sebastião no Brasil
A devoção a São Sebastião chegou ao Brasil com os portugueses, que, além de devotos do santo, eram seguidores da mística que girava em torno de D. Sebastião, rei de Portugal, que morreu muito jovem, numa batalha na África, em 1578. Essa crença dá origem ao Sebastianismo, que não tem nada a ver com a história de São Sebastião, mas sim com D. Sebastião e com uma série de lendas em torno de sua vida e morte, entre as quais a de que o rei não teria morrido e retornaria num dia de nevoeiro para ocupar novamente o trono e fundar um império universal sob a regência portuguesa.