Terror no séc. XIX

A macabra história do Palácio das Lágrimas

O casarão na Rua 13 de Maio, Centro Histórico de São Luís, foi palco de umas das histórias mais macabras do século 19, em São Luís, segundo os moradores mais antigos.

O casarão na Rua 13 de Maio, Centro Histórico de São Luís, foi palco de umas das histórias mais macabras do século 19, em São Luís, segundo os moradores mais antigos. Não à toa, o casarão foi apelidado de Palácio das Lágrimas.

Em frente à Igreja São João, na esquina com a Rua da Paz – bem ali perto do antigo Sine -, antes de ser escola e faculdade de odontologia, o suntuoso casarão foi comprado por dois irmãos portugueses que deixaram sua cidade natal rumo a São Luís, em busca de uma vida mais próspera: eram eles os irmãos de Pádua.

Enquanto um dos irmãos, Jerônimo de Pádua, conseguiu êxito e amealhou muito dinheiro por aqui como comerciante, o outro vivia frustrado pelo insucesso – o que fez nascer uma inveja incontrolável.

Jerônimo de Pádua (o que enriqueceu) não era casado, mas tinha uma espécie de união estável com uma escrava, com quem teve dois filhos. A sociedade à época não reconhecia o relacionamento, tampouco os filhos do casal, que eram tratados como escravos.

O irmão de Jerônimo, então, arquitetou um plano para matá-lo. Afinal, ele era o único parente reconhecido. Com a morte dele, todos os bens seriam transferidos para o seu nome.

E aconteceu como planejado. O irmão pobre matou Jerônimo de Pádua. A forma é incerta, mas o homicídio ficou oculto dos frequentadores da casa e tratado como morte natural.

Apossado de ódio e rancor, depois de ter matado o irmão, o homicida passou a maltratar os escravos da casa com uma crueldade masoquista. Com a escrava viúva e os filhos órfãos do falecido a atrocidade era mais horrível ainda.

Mas não demorou muito para o homicídio ser descoberto. Veio à tona que o irmão tinha assassinado o outro para poder possuir todo o seu dinheiro.

Como vingança, um dos filhos de Jerônimo de Pádua com a escrava, em um momento de descuido do tio, o empurrou do alto de um dos janelões da casa. A queda foi fatal. Foi o segundo homicídio no Palácio das Lágrimas.

O filho de Jerônimo de Pádua, que matou o tio por ter assassinado seu pai, foi preso e condenado à morte na forca.

Vem, então, a parte que fecha todo o enredo e explica a alcunha dada ao monumento. Antes de ser enforcado, em suas palavras finais de misericórdia, o jovem assassino do assassino – isso dá um filme, não dá? – disse, com a corda envolta no pescoço: “Palácio que viste as lágrimas derramadas por minha mãe e meus irmãos. Daqui por diante serás conhecido como Palácio das Lágrimas.” Até arrepiou aqui.

Daí por diante, o palácio ficou vazio por um tempo, o que resultou em ruínas. Depois, restaurado e adaptado, serviu de local para várias instituições como escola, faculdade. Mas a lenda ficou.

Fantasma Moderno

O Palácio das Lágrimas está em reforma, desde 2012, pela Universidade Federal do Maranhão. Lá deverá (ou deveria) funcionar o Museu da Ciência. O prazo inicial era de 120 dias, como pode ser conferido em comunicado no site oficial da Universidade. A recuperação está sendo financiada pelo Programa de Aceleração do Crescimento, do Governo Federal, com um custo de pouco mais de R$ 2 milhões.

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