Centro Histórico

Cordelistas serão homenageados durante o V Sarau do Cordel

O evento que reunirá cordelistas da capital e do interior do estado ressaltará a literatura de cordel feita no Maranhão e resgatará um pouco da origem desse gênero literário, que veio ao Brasil por influência dos portugueses e ganhou força na região Nordeste

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A vida em versos escrita ou dita de maneira ágil e em forma de rimas. É assim que o cordelista e poeta popular observa o mundo e passa para o papel narrativas romanceadas baseados em fatos cotidianos e situações transformadas em literatura de cordel. E, para homenagear estes poetas do povo, acontece o V Sarau do Cordel na sexta-feira (28) a partir das 18h, na Praça Nauro Machado, na Praia Grande, Centro Histórico de São Luís. Uma segunda edição do mesmo evento acontecerá no dia 1º de agosto, no Bar do Índio, no município de Pedreiras, data em que se comemora o Dia do Poeta da Literatura de Cordel.

O evento que reunirá cordelistas da capital e do interior do estado ressaltará a literatura de cordel feita no Maranhão e resgatará um pouco da origem desse gênero literário, que veio ao Brasil por influência dos portugueses e ganhou força na região Nordeste. Segundo Moizés Nobre, cordelista e organizador do sarau, o evento terá como convidado especial o poeta Edvaldo Santos, uma referência do “cordel matuto”, espécie de gênero do cordel, em que o poeta usa em seus cordéis expressões o modo errado de falar do cabloco do interior. O V Sarau do Cordel contará ainda com as participações de outros cordelistas, como De Paula, Di Maré, Paulinho Nó Cego, Walbert Guimarães, Tiburcio Bezerra, Raimunda Frazão, Pedro Nobre, Moizés Nobre, entre outros.

Em entrevista a O Imparcial, Moizés Nobre fez questão de ressaltar que, neste ano, os cordelistas têm três motivos a mais para celebrar a data. O primeiro é que o sarau está homenageando o poeta Edvaldo Santos e todos os cordelistas maranhenses. O segundo seria a oficialização da Associação do Cordel do Maranhão, que servirá como um instrumento de fortalecimento da arte no estado. E o terceiro e último motivo está relacionado ao reconhecimento do dia 1º de agosto na capital maranhense como Dia Municipal da Literatura de Cordel, instituído por meio do projeto do vereador Honorato Fernandes que foi aprovado na Câmara de Vereadores e sancionado pelo prefeito de São Luís, Edvaldo Holanda Junior.

Em a entrevista, Moizés Nobre acrescentou ainda que, durante o V Sarau do Cordel também, será feita uma homenagem ao cordelista maranhense, cantor e o compositor Jeremias Pereira da Silva, mais conhecido como Gerô. O artista popular foi assassinado em 22 de março de 2017. Moizés Nobre afirmou que, em razão do trágico episódio, a data morte de Gerô é lembrada como o Dia Estadual de Combate à Tortura. “Gerô foi um grande parceiro meu e um dos maiores artistas populares que, por meio de sua arte, incentivava a literatura de cordel em São Luís. O crime completou 10 anos, e nada mais justo que celebrarmos entre rimas e poemas a lembrança dele que foi tão importante para o fortalecimento deste movimento na capital que é cada vez mais crescente”, explicou Moizés Nobre.

Moizés Nobre, que iniciou os primeiros passos na literatura de cordel em 1985, fez questão de lembrar que, apesar de o Maranhão não ter uma expressão tão forte dentro desta arte como o Ceará, Paraíba e Pernambuco, o estado tem tradição. “A história da literatura de cordel no Maranhão começa no início do século XIX com Catulo da Paixão Cearense. Além de grande escritor e uma das maiores feras literárias em prosa, Catulo da Paixão Cearense era um exímio cordelista. No meio de seus poemas e trechos teatrais sempre inseria a literatura de cordel. A literatura de cordel está para o teatro, para a música para a poesia, para arte. O cordel é a vida do povo cantada e encantada em versos, poemas e rimas e tem que ser valorizado”, disse Moizés Nobre.

Sobre Moizés Nobre
O poeta Moizés Nobre é graduado como arte-educador pela Universidade Federal do Maranhão e foi responsável pelo mapeamento dos cordelistas do estado, que foi publicado em livro ainda durante a oitava Feira do Livro de São Luís. Com mais de três décadas dedicadas a poesia popular, gravou o primeiro CD em 1989 em parceria com Gerô. Sua obra também está registrada no DVD Acredite se Quiser, o primeiro da carreira. O DVD traz ainda uma faixa bônus, Parece Pesadelo, mas é Real, uma homenagem a Gerô (falecido em 2007). A poesia que dá nome ao DVD faz um alerta sobre a consciência do voto. Nesse trabalho, Moizés incorpora o personagem Zé Brasil que interpreta todas as poesias.

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