No São João do Maranhão a regra é clara: o boi é o dono da festa. Mas isso não impede que vários outros ritmos agitem o festejo junino de ruas, bairros e grandes eventos no estado. É só fazer uma rápida reflexão sobre a diversidade que faz parte dos ritmos dessa época para perceber que, no Maranhão, é possível pular a fogueira de todos os jeitos, estilos, formas e sotaques.

Uma das danças mais tradicionais dessa época do ano são as quadrilhas juninas, que resistem entre tantos ritmos maranhenses. Tanto no interior do estado quanto na capital, grupos de pessoas se reúnem meses antes do período junino para acertar detalhes de roupa e coreografia para participarem de competição em todo o Maranhão e até fora dele.

O Maranhão é o único estado brasileiro que comemora quatro santos durante o mês de junho e são eles: São João, Santo Antônio, São Pedro e São Marçal. Esta particularidade influencia as festas populares do período junino distribui homenagens que são realizadas durante todo o mês.

É aí que entra a forte tradição do majestoso Bumba-Meu-Boi, que conta a estória da Catirina, uma escrava que leva seu homem, o nego Chico, a matar o boi mais bonito da fazenda para satisfazer-lhe o desejo de grávida, de comer língua de boi. Descoberto o malfeito, o Amo (que encarna o fazendeiro, o latifundiário, o “coronel” autoridade) manda os índios capturarem o criminoso, o qual, trazido à sua presença, representa a cena mais hilariante da comédia (e também a mais crítica no sentido social).

Só em São Luís existem mais de cem grupos de Bumba-meu-boi. Tombado como patrimônio imaterial brasileiro, a tradição apresenta mais de 500 grupos em atuação, divididos em cinco sotaques diferentes (zabumba, orquestra, pandeirão, matraca, costa de mão e baixada) com indumentária, adereços e instrumentos específicos; toadas e músicas próprias; modo de dançar, tocar e de se expressar bastante peculiar e diferente um do outro.  Saiba mais sobre a tradição do Bumba Meu Boi.

Além dele, outras brincadeiras em forma de dança trazem brilho e ritmo à diversidade do São João maranhense, como Tambor de Crioula, Cacuriá, Dança do Coco, Bambaê de Caixa, Dança do Lelê, Dança Portuguesa e Dança do Boiadeiro, por exemplo.

O Tambor de Crioula, por exemplo, é uma dança de origem africana, praticada por descendentes de escravos africanos no Maranhão, em louvor a São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros. É uma dança alegre, marcada por muito movimento dos brincantes e muita descontração.

O Cacuriá, muito famoso no estado também, é uma dança típica que representa parte do folclore maranhense. Acontece de modo pontual durante a Festa do Divino Espírito Santo e representa tradição junina atraente não apenas aos turistas brasileiros como também internacionais. Durante os movimentos cada dupla faz parte da composição do círculo, denominado “cordão”. No acompanhamento há instrumento de percussão conhecido como “Caixas do Divino”.

Entre ritmos mais acelerados e característicos de uma cultura específica, os estilos do São João do Maranhão são de uma variedade encantadora. A pluralidade ideal para quem gosta de aproveitar essa época do ano com a possibilidade de estar a cada dia em contato com uma cultura diferente, nem que seja pulando fogueira iá-iá, pulando fogueira iô-iô.