5 curiosidades sobre o São João do Maranhão
Apesar da popularidade, ainda existem alguns fatos desconhecidos pela maioria da população. Você sabia, por exemplo, que o Bumba-meu-boi já foi considerado crime no Maranhão?
O São João do Maranhão é um dos mais ricos e diversos do Brasil. Tendo o Bumba-meu-boi como principal manifestação, as festanças juninas reúnem milhares de brincantes e amantes da cultura maranhense todos os anos. Apesar da popularidade, ainda existem alguns fatos desconhecidos pela maioria. Você sabia, por exemplo, que o Bumba-meu-boi já foi considerado crime no Maranhão? E que, até pouco tempo atrás, a brincadeira era vista como “coisa de homem”? Para você já entrar no clima de São João, O Imparcial reúne algumas curiosidades sobre um dos períodos mais festejados pelos maranhenses.
De todos os santos
O Maranhão é o único estado brasileiro que comemora quatro santos católicos durante o mês de junho – São João, Santo Antônio, São Pedro e São Marçal. Esta particularidade, que influencia as festas populares do período junino, distribui homenagens que são realizadas durante todo o mês.
Diversidade
Em outros estados, o forró e as quadrilhas são predominantes no período junino. No Maranhão, a diversidade é bem maior. Além do forró e das quadrilhas, que também existem por aqui, há os grupos de Bumba-meu-boi, Tambor de Crioula, de Mina, Cacuriá, Dança do Coco, Dança do Lelê, Dança Portuguesa, Dança do Boiadeiro, Bambaê de Caixa etc. etc.
Bumba-boi já foi crime no Maranhão
Por volta do ano de 1861, brincar Bumba-meu-boi foi considerado crime no Maranhão. Houve um período de sete anos sem notícias da brincadeira. Isso porque, nessa época, entrou em vigor o Código de Posturas de São Luís, que, em seu artigo 124, “proibia a realização de batuques fora dos lugares permitidos pelas autoridades competentes”. O mesmo artigo estabelecia que os infratores estavam sujeitos ao pagamento de multas ou até mesmo prisão por um período de seis dias. O Bumba-meu-boi, portanto, ficou proibido de sair nas ruas até o ano de 1868, quando surgiram novamente relatos da brincadeira na cidade. Na primeira metade do século 20, a brincadeira voltou a ser discriminada. Houve nova tentativa de proibição. Hoje, finalmente, o Bumba-boi recebeu o reconhecimento que merece, como uma das principais manifestações culturais do estado e do país.
Mistura de sotaques
Usualmente, costuma-se dividir os grupos de Bumba-meu-boi em cinco estilos, conhecidos como sotaques: da Ilha ou de matraca, de Guimarães ou de zabumba, de Cururupu ou de costa-de-mão, da Baixada e de orquestra, originários de São Luís, dos municípios Guimarães, Cururupu e Viana e da região do Rio Munim, respectivamente. Mas a classificação dos grupos de Bumba-meu-boi em sotaques apresenta problemas quando se trata de grupos de outras localidades do Estado que mostram variedade de instrumentos, indumentária e formas de elaboração não encontradas nos estilos já consolidados. É o caso dos Bois de Reis, da região de Caxias; dos Bois-bumbás, da região do Gurupi e Alto Mearim e Grajaú; e dos Bois de municípios como Alto Alegre do Maranhão e Bacabal e das regiões do Baixo Parnaíba e Lençóis Maranhenses, que têm estilos distintos dos cinco sotaques consagrados.
Clube do bolinha
Até meados da década de 1970, no Maranhão, o Bumba-meu-boi era considerado “coisa de homem”. As mulheres, até então, eram excluídas da brincadeira. E as que se metiam a participar, eram caçoadas. O consenso ditava que mulher não aguentava o “batente” de ter que dançar, tocar, cantar. Mulheres em Boi serviam apenas como “mutucas” – que é como são popularmente conhecidas as pessoas que acompanham os bois pelos arraiais. Hoje, a situação já evoluiu bastante. Mas nem tanto: ainda é raro encontrar mulheres cantadoras de bumba-boi.