Natty Nayfson: uma vida dedicada ao amor pelo reggae
Hoje, empresário consagrado, Nayfson Henrique leva sua aparelhagem por todo o Brasil, mostrando o jeito maranhense de curtir o ritmo da Jamaica
Nos anos 70, longe da revolução tecnológica do Spotify, Deezer, CD Player ou (do incrível) tape deck, para fazer sua playlist musical, Naifson Henrique garimpava em sebos e entre amigos chegados do exterior as novidades da música. Não raro, encontrava sempre preciosidades. Afinal, as dificuldades logísticas impediam que os sucessos chegassem a São Luís.
Boêmio, Nayfson, desde a adolescência, frequentava festas na cidade e ficava fascinado com algumas músicas. “As pessoas não sabiam que aquilo era reggae. Mas eu já tinha lido muita contracapa de disco. Eu sabia que aquilo era o ritmo vindo da Jamaica”, explicou. Naquela época, não haviam festas temáticas dedicadas somente ao reggae, o ritmo jamaicano era misturado a outros na sequencia do DJ do baile.
Com o passar dos anos, Nayfson acumulou, além de informação, muitos vinis com suas músicas favoritas. “Eu gostava muito de Bob Marley, Jimmy Cliff, Peter Tosh. Como só eu tinha os discos, eu só deixava que tocassem ele no baile se eu entrasse de graça”, pontuou. De festa em festa, Naifson ganhou prestígio. Até que em 1982, decidiu se aventurar como DJ. “Eu tocava sempre em aniversários. E como foi desenvolvendo, eu decidi criar minha própria radiola.”
Radiola, diferente das antigas vitrolas de madeira, no Maranhão é como se designa as gigantescas aparelhagens de som que tocam reggae. “Eu comecei só com 4 caixas pequenas”, relembrou. Mesmo assim, Naifson decidiu arriscar. Largou o emprego que tinha na Vale do Rio Doce para se dedicar exclusivamente ao reggae. “Era o que eu gostava”, declarou.
Não passou muito tempo e Nayfson já era um dos ícones do reggae no Maranhão. Foi quando ganhou o apelido que o acompanha até hoje: “Quando Fauzi Baidun [vocalista da banda Tribo de Jah] chegou ao Maranhão, a gente começou uma amizade muito forte. Ele começou a me chamar de Natty Nayfson, semelhante aos nomes usados na Jamaica.”
A radiola do recém-batizado Natty Nayfson crescia e as músicas, antes raridades, agora já se ficavam obsoletas. “Em 1991, eu fiz minha primeira viagem para a Jamaica, em busca de novos vinis. A galera já queria coisas diferentes”, relatou. De lá para cá, Natty Nayfson já fez 35 viagens para a Jamaica, 2 para Londres, Bélgica, França. Sempre em em busca de novas “pedras”, como são chamadas em São Luís as músicas do ritmo jamaicano.
Aos 55 anos, mais de 30 deles dedicado ao reggae, Naifson já conserva barba esbranquiçada e ostenta camisa, boné e bermuda com as cores da bandeira da Jamaica. É impossível vê-lo e não reconhecer o seu amor pelo reggae.
Hoje, empresário consagrado, Nayfson Henrique leva sua aparelhagem por todo o Brasil, mostrando o jeito maranhense de curtir o ritmo da Jamaica. “O reggae sempre esteve no meu sangue. Eu vivo reggae. O reggae é tudo pra mim.”