Memória

Há 20 anos morria João do Vale

Com mais de 400 canções, gravadas pelos maiores intérpretes da MPB, João do Vale, o Pé de Xote, deixou saudades e uma obra inestimável

Há exatos 20 anos, no dia 6 de dezembro de 1996, morria o cantor e compositor maranhense de Bumba-Meu-Boi João do Vale, aos 62 anos.
De família humilde e natural de Pedreiras, João do Vale nasceu em 11 de outubro de 1934, e foi apelidado ainda criança de “Pé de Xote”, dado seu comportamento altivo e gostar de dançar. Se mudou aos 12 anos para São Luís, onde vendia laranja nas ruas para ajudar nas despesas da casa, na mesma época participou do Noite Linda, um grupo de Bumba-Meu-Boi, como compositor de versos, o “amo”.
Entre os 14 e 15 anos, João do Vale fugiu de casa, e pegou um trem para Teresina, no Piauí, onde conseguiu um emprego como ajudante em um caminhão, fazendo viagens entre a capital piauiense e Fortaleza, no Ceará.
Em uma de suas viagens, o menino resolveu ir mais longe, até Salvador, e por lá ficou. Ele tinha como meta ir para o Rio de Janeiro. Chegou até Minas Gerais, e trabalhou como garimpeiro na cidade de Teófilo Otoni, e então juntou dinheiro para seguir o sonho de chegar ao Rio, que nessa época, ainda era capital da República.
No Rio, João conseguiu emprego como pedreiro, em uma obra em Ipanema. Ele trabalhava e dormia na obra. Os tempos eram duros, mas ele conseguia visitar as rádios da cidade, dando foco para a Rádio Nacional, ele queria algum artista que concordasse em gravar suas composições, o que de fato aconteceu.
Muitos cantores da MPB gravaram as canções escritas pelo maranhense, e um dos sucessos mais lembrados de João do Vale é a música “Carcará”, imortalizada na voz de Maria Bethânia.
“Asa do Vento” foi gravada por Caetano Veloso, “Estrela Miúda” esteve no álbum de Elba Ramalho gravado á mesma época do falecimento do compositor, que deixou mais de 400 canções para a eternidade. Em 1953, a cantora Marlene gravou pela primeira vez a faixa. A primeira música gravada na voz de João do Vale foi “Cesário Pinto”.
Em 1964, João do Vale participaria do show “Opinião”, ao lado de Nara Leão e Zé Keti, com roteiro de Armando Costa, Oduvaldo Viana Filho e Paulo Pontes. Nara não pode se apresentar, e foi subsistida por Bethânia, onde surgiu a parceria para a gravação de Carcará, projetando o compositor maranhense para o Brasil todo.
Em 1969, João do vale compôs a trilha sonora do filme “Meu nome é Lampião”, do diretor baiano Mozael Silveira.
No final dos anos 1980, o artista sofreu um derrame cerebral, que deixou sequelas. entre 1987 e 1990, Pé de Xote teve de ficar em uma cadeira de rodas, e sua capacidade de comunicação também foi reduzida.
Já em 1995, Chico Buarque organizou uma coletânea com os sucessos do compositor de Pedreiras, reunindo 16 regravações, com participação de Edu Lobo, Maria Bethânia, Paulinho da Viola, Alceu Valença, o próprio Chico Buarque.
Buarque, aliás, grande admirador do trabalho de João do Vale o equiparou à Luiz Gonzaga, como tendo obras de mesmo peso e valor. 
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