MEMÓRIA

Sálvio Dino lança livro sobre passagem da Coluna Prestes pelo Maranhão

Sálvio revela que sempre teve curiosidade por histórias da época, que contavam sobre os revoltosos (os integrantes da Coluna Prestes)

“Num tempo de chuvas de adolescência, todo marcado de sonhos, curiosidades, lá no meu Grajaú, vivi eu, menino de calças curtas, ouvindo histórias cabeludas sobre a passagem dos chamados revoltosos pelo nosso chão e por outras cidades sertanejas”.
Essas são as primeiras palavras do escritor, advogado e político, Sálvio Dino, registradas no seu novo livro “A coluna Revolucionária Prestes a Exilar-se: Passagem pelo sul do Maranhão”, que será lançado nesta sexta-feira, dia 14, às 19h30, no salão nobre da Academia Maranhense de Letras, em São Luís.
Sálvio conta que sempre teve curiosidade sobre tais histórias da época, que contavam que os revoltosos (como eram chamados os integrantes da Coluna Prestes) matavam o gado dos fazendeiros e chegavam a comer até mesmo crianças. Levado pelo sentimento de questionamento e preocupado com tônica com o qual as classes conservadoras ressaltavam os crimes cometidos pelos revoltosos, Sálvio então interrogou alguns professores para saber se era verdade tal ato.
“Certa vez eu perguntei a minha professora se era verdade que isso acontecia. Ela disse assim: meu filho que loucura! Pergunte a seu pai que ele te responderá melhor. Fato que apresento no primeiro capítulo do meu livro. Na hora do almoço me reuni com meu pai e perguntei. Ele sorriu como se tivesse gostado da pergunta. Passou a mão em meus cabelos e disse: quando você tiver mais crescido e for para São Luís estudar, você saberá mais sobre a Coluna Prestes, e quem sabe até escreverá um livro sobre isso” explica Sálvio.
Como costumadamente Sálvio gosta de dizer, “as águas passaram pela ponte dos tempos”, e após 90 anos da passagem da Coluna Prestes pelo Sul do Maranhão, o autor cumpre as palavras proféticas de seu pai, o desembargador Nicolau Dino, e lança seu livro em homenagem ao líder comunista. O lançamento da obra acontece ao mesmo tempo em que o Brasil vivencia um momento delicado e controverso da sua história política, marcado por governistas com tendências neoliberais e por fortes ondas de conservadorismo que atingem a sociedade.
“O livro cai bem, agora, porque a Colunas Prestes tinha uma bandeira. Bandeira contra a corrupção, contra os maus costumes que hoje se vê no Brasil. Eles [os revoltosos] eram os Fichas Limpas e combatiam os Fichas Sujas. O meu livro tem um objetivo. É um protesto, ou melhor, é uma provocação. Eu quero provocar as novas gerações a lê-lo, porque lendo elas terão uma visão da corrupção de hoje. Dizer a elas que naquela época já se batalhava contra esse que esse governo que aí está, desrespeitando os direitos da liberdade humana”, analisa o autor.
Sálvio explica ainda que, com o livro, quis apenas contar a sua versão dessa história. “Eu não quero competir com os livros acadêmicos clássicos que foram feitos sobres Carlos Prestes, nem tampouco reeditar uma passagem de natureza histórico-sociológica”, conclui.
A Coluna Prestes
A Coluna Prestes foi um movimento político, liderado por militares, contrário ao governo da República Velha e às elites agrárias. Este movimento ocorreu entre os anos de 1925 e 1927. Teve este nome, pois um dos líderes do movimento foi o capitão Luís Carlos Prestes.
A principal causa foi a insatisfação de parte dos militares (tenentismo) com a forma que o Brasil era governado na década de 1920: falta de democracia, fraudes eleitorais, concentração de poder político nas mãos da elite agrária, exploração das camadas mais pobres pelos coronéis (líderes políticos locais)
Os integrantes da Coluna Prestes percorreram cerca de 25 mil quilômetros pelo interior do território brasileiro. O núcleo fixo tinha cerca de 200 homens, porém em vários momentos da caminhada o movimento chegou a contar com cerca de 1400 pessoas (militares e simpatizantes do movimento).
Serviço
O que: Lançamento do livro: A coluna Revolucionária Prestes a Exilar-se: Passagem pelo sul do Maranhão
Onde: Academia Maranhense de Letras
Quando: sexta-feira, dia 14, às 19h30
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