SÃO LUÍS

Relembre a história de boates que marcaram época

Conhecidos templos da diversão deixaram saudades a gerações em São Luís

Empreendedorismo, inovação, dinamismo, aliados a muitos sonhos e ideias. A história das casas noturnas que marcaram a noite de São Luís, em especial nos anos 1980, 1990 e início dos anos 2000, revela um mercado que estava em efervescência e em franca expansão.
Foram várias as casas noturnas de São Luís: PH 83, New Ganf, 707, Zig Zag, 90 Graus, Le Cage, KGB, Pirâmide, Raio Lazer, Safari, Flashdance, People’s (Casino), Apocalypse, Associação do Cohatrac, Clube da Cohab, Óasis Clube, Planeta, Crocodilos, Danceteria Monte Carlo, Boate do Lítero, Boite do Jaguarema (Jaguar), Gênesis, Caixa Alta,Tigre, Ninja, Tajmahal, 90 graus, Tucannus, Millenium, Seven Night, Bloom Dance, Extravagance (Studio 7), Fábrica, Flamingo, Red Club, Babilônia, Nyx, dentre outras .
A reportagem de O Imparcial relembra a trajetória das mais famosas e que duraram mais tempo na noite de São Luís.
Gênesis
Um dos sócios-proprietários da Boate Gênesis, Salim Lauande, que também era um dos DJs da casa, com 40 anos de discotecagem, falou da marca vanguardista da boate que abriu caminho para outras casas em São Luís.
“Inauguramos em 1986 e inovamos em equipamento de som, iluminação, foi a primeira a ter telão, neon, camarotes, a ter equipamentos de ponta com um investimento alto para aquela época. Era eu e mais três jovens, o Ricardo Pacífico, Arsênio Filho e Álvaro Carneiro. Montamos uma casa que foi evoluindo e tornou-se uma referência aqui na região Norte-Nordeste. Realmente é com muito orgulho que comemoramos estes 30 anos e as pessoas aqui em São Luís que nos prestigiam e que viveram aquela história, pessoas que se conheceram, namoraram, noivaram, casaram e tiveram filhos, tudo dentro dessa década maravilhosa que foram os anos da Boate Gênesis”.
Segundo Salim Lauande, “as festas mais marcantes da boate eram a Good Times às sextas-feiras, Disco 80 e Até que enfim é sexta-feira. No sábado, era lotação máxima, bastava abrir que já tinham mil pessoas na casa, inovamos também com a Pipoca Dançante aos domingos e as festas anuais como As Melhores do Ano, Réveillon e outras.”
Uma das grandes marcas da Boate foi sua pista giratória, que fazia a alegria dos frequentadores. Foi a única casa da América Latina a ter uma pista nestes moldes, ideia inspirada no complexo da Disney nos Estados Unidos.
“A casa reabriu com essa novidade em 1992/1993. Existia em Pleasure Island na Mannequins Dance Palace. A pista de lá girava apenas para um lado e tinha um tampo de madeira. Nós conversamos com os engenheiros daqui, inclusive que trabalhavam na Alumar, pedimos a viabilidade daquele projeto, muito grande e inédito para a época. Queríamos a mesma pista que existia nos Estados Unidos, mas que girasse para os dois lados e tivesse um tampo translúcido, de fibra de vidro cristal para ter a iluminação. Tinha oito metros de diâmetro e podia suportar um peso de até cinco toneladas, e tinham desenhos em neon iluminados. Foi uma coisa fantástica, esta pista nunca houve no Brasil, nada parecido”, destaca Salim Lauande.
Extravagance
Em 1992, ao se desligar da sociedade da Boate Gênesis, Álvaro Carneiro dava os passos iniciais para a realização de um grandioso projeto, para a criação da que viria a ser considerada pela revista especializada ‘DJ Sound’ a melhor casa noturna da região Norte-Nordeste: Extravagance.
“Quando eu era sócio na Boate Gênesis, chegamos a comprar um terreno, sendo quatro lotes na Avenida dos Holandeses, e iniciar o projeto de uma casa noturna que não ficaria a dever nada a qualquer outra no Brasil. Em 1995, a Extravagance, à época sem nome definido, começou a nascer. Ela foi o resumo de grandes casas que conheci dentro e fora do Brasil”, explica Álvaro.
Na busca para realizar o sonho de ter sua própria boate, Álvaro Carneiro não mediu esforços.
“Busquei os melhores profissionais do ramo. A minha cabeça estava a mil. Dentre várias casas que visitei, uma delas me chamou atenção em São Paulo, tinha uma estrutura de iluminação que se movia na pista de dança. Descobri quem a tinha confeccionado e não pensei duas vezes em fazer uma que se encaixasse no projeto daqui. Conheci Lonardi Doná, que viria ser o idealizador do som e luz da casa noturna. O projeto arquitetônico ficou a cargo do casal Fernando e Cintia Mota, dando vida e adaptando nossas ideias. Enfim, depois de dois anos, conseguimos inaugurá-la em dezembro de 1997. Fizemos um coquetel de abertura e creio que foi um dos convites mais disputados em São Luís, todos queriam conhecer o que se tornaria uma das maiores casas noturnas do Brasil e por que não dizer do mundo. Ela teve seu nome compartilhado e divulgado na Europa e EUA. Atingi o que hoje é difícil para muitas casas, uma média de público (sexta/sábado) de 4.000 pessoas nesses dois dias, durante seis meses ininterruptos.”
Clubão da Cohab
O baile mais famoso da periferia de São Luís. Não foram apenas nos bairros, avenidas e clubes mais chiques da cidade que as grandes festas fizeram sucesso. O bairro da Cohab Anil vivenciou por décadas um dos seus mais famosos bailes aos domingos, que reunia tanto os jovens dos bairro, como pessoas de todas as classes de São Luís em busca de diversão.
O Clubão, como ficou conhecido, no seu início viu surgir uma das primeiras equipes de som de São Luís, a ALK-1 de Meneses. Atualmente, o Sr. José Meneses, criador da equipe, é quem faz a manutenção dos equipamentos da maioria dos DJs de São Luís, consertando de máquina de fumaça a peças modernas de iluminação em led, na oficina em sua casa, no bairro Residencial Primavera, em São Luís.
O DJ da ALK-1 tinha Zeca Pinheiro como DJ, o qual completou, agora em 2016, 30 anos de discotecagem. “A nossa passagem pelo Clube da Cohab foi maravilhosa, uma época de ouro. Costumo dizer sempre as pessoas que viveram esses momentos na minha carreira como DJ, que serviu de inspiração para muitos outros DJs da Ilha e isso me enche de orgulho. Ser referência aos domingos na cidade não era fácil, mas conseguimos, eu e a equipe que estava comigo, como DJ Mauro Blug, Fábio Freitas (Fabio Macaco), DJ Sidney e Katonga que chegou depois, mas todos foram importantes nessa época de ouro. Mais que história, deixou saudade o nosso Clube da Cohab”, recorda Zeca Pinheiro.
Os clubes sociais e suas boates
Grêmio Lítero Recreativo Português

Houve em São Luís também, nos tradicionais clubes da sociedade ludovicense, a criação de suas próprias casas noturnas como na Associação do Pessoal da Caixa, a ‘Caixa Alta’, do Clube Jaguarema, a ‘Jaguar’ e a do Grêmio Lítero Recreativo Português, no Anil, a ‘Boate do Lítero’.

Durante décadas, o clube do Lítero, fundado em 6 de agosto de 1931, foi point da alta sociedade ludovicense. Ficou famoso por suas grandes festas carnavalescas, em 1987 abriu espaço em sua estrutura , inaugurando a sua Boate. “Começou com a com a Equipe Alquimena com os DJs Paulo César, Delano e Henrique Mazé, todos moradores do bairro do Filipinho. Depois vieram o DJs Márcio Brasil, Dentinho, Edmirton Lago, Henrique Carvalho. Henrique Negão e eu, Fernando Velho, tocamos até 1998. A boate aconchegante e bem moderna para a época, inaugurou já climatizada, com bancos acolchoados em volta do espaço e com um atendimento de bar reversível pra área externa e interna, relembra um dos DJs da casa, Fernando Velho.
A Boate do Lítero funcionou até o ano de 1993, às noites, horário também em que funcionava a tradicional seresta no salão grande no piso superior. Neste ano em seguida passou a funcionar também aos domingos, com um vesperal muito badalado e animado, fazendo a alegria dos sócios e convidados à época.
Hot Mix
O Hot Mix começou como programa de Rádio em 1995 na São Luís FM (102,5Mhz) com o DJ Jofran. Por impossibilidade de continuar apresentando e produzindo, Jofran fez o convite a Claudinho Polary e Henrique de Carvalho para assumirem o programa.
Os novos responsáveis pelo programa fizeram algumas edições ainda na emissora da Areinha, transferindo-se para a Rádio Cidade FM, passando a ir ao ar das 22h a 0h, tendo na época como primeiros locutores: Jojô de Farias, Sérgio Muller e Renald Torres (hoje Renald Café).
Os DJs responsáveis pela parte musical do programa, Claudinho Polary, Henrique Carvalho, convidaram Mauro DJ para integrar a equipe e fazer sequências de Flashback dos anos 1970 e 1980 às segundas-feiras. O programa voltou a ter uma rápida passagem novamente na São Luís FM, afirmando-se como campeão de audiência na sua volta à Rádio Cidade FM, no período da tarde, das 16h às 17h, até o ano de 2000.
Claudinho Polary, um dos DJs do programa, assumiu os microfones, nascendo daí a sua grande paixão pelo rádio.
“Na época, o locutor Jojô de Farias deixou o programa, indo para a cidade de Imperatriz e deixando o Hot Mix nas mãos da gente, então, eu comecei a fazer a locução, além de continuar a tocar como DJ. Foi aí que começou realmente as pessoas a notarem mais ainda o programa, feito por DJs, e eu comecei a fazer uma locução bem jovem, e colocamos vários quadros e o programa aconteceu, explodiu de vez”.
A primeira festa do Hot Mix foi em 1996, no antigo Casino Maranhense, na Avenida Beira-Mar, onde hoje funciona a unidade do Viva – Procon Maranhão. A festa reuniu os dois mais famosos programa de Dance à época – Hot Mix e o Mix 94, na então Rádio Difusora FM.
“Foi dalí que permanecemos até hoje fazendo a balada Hot Mix, fizemos Óasis Clube na Cidade Operária, Danceteria Monte Carlo e começamos a adentrar nas matinês, aí fizemos boite Tucannu’s na curva do 90 e a festa fez muito sucesso, pois lá tinha a famosa matinê que começava às cinco da tarde e ia até a meia-noite, então a ‘playboyzada’ que gostava do som do Hot Mix descia para a matinê da Tucannu’s, que predominava um público povão, mais classes C e D e deu tão certo, que tivemos um convite por parte da Extravagance, que tinha sido inaugurada e foi quando fizemos a Festa ‘Rádio Dance Music’ com a equipe Hot Mix, a nossa primeira grande festa em uma boate de grande porte”, explica Claudinho Polary.
A Boate Fábrica inaugurou em dezembro de 2000, durou três anos e meio sempre com lotação máxima e também abrigou várias festas Hot Mix. Um dos DJ’s e idealizadores do famoso projeto, Henrique Carvalho, relembra a época.
“Como a casa tinha uma estrutura grande e de fácil remoção, transformávamos a casa em um verdadeiro caldeirão, embalados pelas musicas que marcaram época nos anos 90. Sempre com a casa cheia, revivíamos momentos históricos e amanhecíamos com uma sensação de termos viajado no tempo, era alucinante”.
Foram centenas de festas Hot Mix e, para quem quiser matar saudades, a próxima balada do trio Claudinho Polary, Henrique Carvalho e Mauro Dêjota é a Halloweeen Hot Mix, neste sábado (15), no Espaço Renascença.
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