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Royal Dogs: Uma banda sem medo de mudar

Em uma entrevista exclusiva, o baixista Mauro Sampaio conta um pouco sobre a nova fase,a nova formação e o futuro da banda.

Coragem para arriscar e motivação para não parar. Essas podem ser as palavras certas para definir o trabalho da banda maranhense Royal Dogs.
A banda surgiu em 2014 com o lançamento do álbum “On Spree Of a Gang” apresentando um Rock cru e cheio de energia que logo arrastou um público fiel aos shows do quarteto.
Após um período de hiato, a banda reapareceu em 2016 com o lançamento do álbum “Tattoo You”, pela monstro discos. Com cara nova, formação nova e som novo, o Royal Dogs mudou sua proposta inicial, trazendo dessa vez um som mais pop, cheio de sintetizadores e elementos eletrônicos , sem abrir mão da energia que sempre acompanhou a banda.
Laila Razzo (Vocal), Felipe Hyily (Guitarra), Mauro Sampaio (baixo) e André Júnior (Bateria) são rostos conhecidos na cena do Rock maranhense e agora apostam voos mais altos, em busca do seu lugar ao sol no Rock and Roll brasileiro.
Confira uma entrevista exclusiva com o baixista Mauro Sampaio.
O Royal Dogs em seus dois álbuns trouxe propostas bem originais de som. Como vocês definem o som de vocês? Vocês acham que o som da banda cabe em algum dos rótulos conhecidos?
R: Provavelmente não, nós mesmos não saberíamos dizer onde esse estilo se encaixa, temos influência do Guns N’ Roses a Lady Gaga. O que dá pra falar nesse sentido é que vamos continuar mudando como já mudamos antes. As únicas coisas que vão permanecer é que a gente gosta de fazer música pra frente, com refrãos melódicos e riffs fortes.
O primeiro álbum, “On Spree of a Gang” apresentou o Royal Dogs trazendo um som característico, com músicas mais melódicas, sem perder o peso do Rock And Roll. Já no segundo, “Tattoo you” a banda inovou ao colocar elementos eletrônicos. Como surgiu a decisão de modificar o estilo?
R: Colocar elementos eletrônicos é algo que a gente sempre quis fazer, preferimos não fazer no primeiro álbum porque queríamos experimentar um som mais “cru”, mas a gente sabia que seria feito alguma hora, então aconteceu bem naturalmente.
Vocês acham que o público da banda ficou diferente ao mudar a proposta do som?
R: Com certeza a gente conseguiu alcançar muito mais gente com o álbum novo, fica difícil apontar a qual “estilo” essas pessoas pertencem, mas é inegável que a gente viu muitos rostos diferentes nos últimos shows.
Em “Tattoo You” pode-se dizer que a banda passou a ter uma pegada mais pop. No meio do Rock, como vocês olham a recepção do público a essa mudança?
R: O grosso do público do Royal Dogs nunca foi necessariamente de dentro do “metal”, na verdade são pessoas que gostam de rock e que também gostam de outras coisas, um público mais alternativo mesmo. Muita gente comprou a banda por nós sermos o que somos, simplesmente ouviram o som, acharam pouco parecido com qualquer outra coisa e gostaram disso. Sobre a recepção, algumas pessoas torceram o nariz, mas a grande maioria deu bastante apoio e no final conseguimos alcançar várias pessoas que dificilmente alcançaríamos antes.
Além do som, houve a mudança da banda, trazendo Laila Razzo aos vocais e Felipe Hyily assumindo apenas as guitarras. Como surgiu a decisão de fazer essa troca?
R: Em toda a história da banda, ninguém entrou no Royal Dogs por ser apenas músico. Aqui dentro todo mundo veste a camisa, faz algo mais pela banda. Gente que sabe tocar bem tem em qualquer lugar, mas a gente queria alguém que fizesse além, pra estar nos momentos bons e ruins sem medo de enfrentar as dificuldades e quem pensasse além da música. A Laila somou absurdamente pra banda, além do talento como compositora, ela ainda dirige nosso clipes e é responsável por grande parte da nossa identidade visual.
Você acha que ainda existe muito preconceito no Rock com bandas com vocal feminino?
R: Com certeza. Provavelmente todas as bandas que tem alguma mulher entre os integrantes sofreram algum tipo de negativa apenas por esse motivo. Ainda é diferente, ainda é minoria, falta referência, mas por isso, também, causa mais curiosidade e até mesmo mais destaque às vezes.
O Rock desde sua origem é carregado de rebeldia. Muitas bandas abordam temas como política e religião em suas músicas, o que não percebemos nas músicas do Royal Dogs. Qual a principal mensagem de vocês em suas letras?
R: É clichê e fácil demais ser rebelde e conseguir polêmica usando política e religião, o Royal Dogs nunca vai fazer isso. A gente não quer pessoas indo aos nossos shows ou ouvindo nosso CD pra assimilar mensagens vazias ou frases de ordem falando de geopolítica. A gente fala de amor, de liberdade, da nossa verdade, e a gente quer que as pessoas se divirtam com o Royal Dogs, é pra ser festa.
O primeiro álbum como uma banda independente e o segundo pela Monstro Discos. Vocês acreditam que ter ou não um selo pode influenciar no crescimento da banda?
R: A relação entre banda e selo funciona simbioticamente, é bom pra ambos de formas até bem parecidas. A Monstro é extremamente importante pra gente em vários sentidos, alcançamos pessoas e lugares que dificilmente conseguiríamos sem eles, aprendemos muita coisa também. Mas a realidade é que a banda precisa e deve aprender a andar com as próprias pernas se quiser se manter forte dentro do cenário underground.
Quais são as principais dificuldades que vocês percebem no cenário musical do Maranhão, principalmente do Rock?
R: Provavelmente a principal é a pequena quantidade de locais pra tocar. Tirando isso, o resto todo é mérito e culpa das bandas ao mesmo tempo. Ter uma banda independente significa ter que lutar muito pra conseguir as coisas. No Maranhão tem uma galera trabalhando sem olhar pra trás ou baixar a cabeça, mas ao mesmo tempo também tem muita gente que basicamente só reclama.
O Royal Dogs surgiu em um momento em que a cena do Rock em São Luís estava passando por um boom e conseguiu se manter na ativa, mesmo após um período parados. Qual a maior motivação de vocês?
R: A coisa que cada um de nós mais ama na vida é música, subir num palco pra tocar, e isso é algo que não vai mudar. Além disso, as pessoas dentro da banda pensam de forma parecida e abrem mão do ego pra trabalhar em conjunto. Mas o principal é que nós conseguimos manter a chama acesa junto ao público e tivemos nossa produção e nossos amigos sempre ajudando a tocar o trabalho. Dentro do Royal Dogs a gente nunca tá pensando demais ou arrumando problema nas coisas, a gente simplesmente vai lá e faz.
O público da Royal Dogs se mostrou bem fiel desde o inicio da banda. Pessoas faziam as próprias camisas, por exemplo, e até mesmo algumas fizeram tatuagens da banda. Para vocês, a que se deve esse envolvimento do público com a banda?
R: É meio difícil responder com certeza, mas a gente acredita que de alguma forma se trata da empatia que a gente tem com o público durante os shows. Isso foi a coisa que mais assustou a gente (no bom sentido) quando tocamos juntos ao vivo pela primeira vez.
A banda recentemente lançou vídeos de versões acústicas das músicas “The Wave” e “Redshifted”. Podemos esperar futuramente um álbum totalmente acústico do Royal Dogs?
R: Um acústico completo provavelmente não, mas podem aguardar algumas versões em diferentes estilos das músicas do “Tattoo You”.
A banda fez recentemente um show em Goiânia, no Goiânia Noise Festival, ao lado de bandas como Sepultura e CPM 22. Como foi participar de um festival de grande porte como este?
R: Apesar de alguns integrantes terem mais de 10 anos de experiências e já terem participado de grandes shows, foi nossa primeira vez juntos em um grande festival, e com certeza a estrutura e a recepção deixou a banda bem orgulhosa de estar participando. No final, pra gente foi uma honra, já que é o maior festival de rock independente do país, e achamos que deu pra representar o Maranhão lá fora de uma forma bem bacana.
Há previsão para um terceiro álbum?
R: Muito provavelmente já em 2017.
Daqui para frente, qual a principal meta do Royal dogs?
R: Agora a gente vai trabalhar na divulgação do Tattoo You, tentar lançar pelo menos mais dois videoclipes e estamos planejando uma turnê já agora pro segundo semestre.
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