ATO DE MÃE

Mães doam leite e ajudam na recuperação de recém-nascidos

A falta de informação é um dos principais obstáculos que impedem que um número maior de doações seja feita a bancos de leite no Maranhão

A pequena Daniele Sofia tem apenas seis meses de vida e já convive com o gesto de solidariedade da mãe desde quando nasceu. Ela é a caçula de Natália Marques, 25, que só na segunda gestação soube que poderia fazer a doação do leite materno que tem em excesso para outros bebês que necessitam. Desde então ela resolveu fazer desse gesto de solidariedade uma rotina, doando cerca de 1, 5 litros de leite por semana.
“Quando tive o meu primeiro filho eu tirava o leite e jogava todo fora, não sabia que poderia doar. Porém quando a Daniele nasceu eu estava com as mamas muito cheias e me avisaram que eu precisava esvaziar, com isso me informaram que eu doar e foi o que eu fiz. É uma ajuda que você dar para os bebês que precisam”, conta Natália.
A falta de informação é um dos principais obstáculos que impedem que um número maior de doações seja feita a bancos de leite no Maranhão. Na Maternidade Marly Sarney, por exemplo, todo o leite doado é usado para alimentar bebês prematuros e que por vários motivos são levados a UTI neonatal e não podem receber o leite da mãe. Por dia a maternidade coleta cerca de dois a quatro litros de leite, o que nem chega perto da necessidade atual que é de pelo menos dez litros diariamente.
Natália Marques e pequena Daniele Sofia
A coordenadora do banco de leite da maternidade, Irenilde Rodrigues, explica que o estoque é baixo, por isso o hospital trabalha com ações de conscientização, para que consigam o volume de doações necessário para suprir as necessidades dos bebês do hospital. “Estamos sempre fazendo campanhas para informar mulheres sobre a doação de leite humano. A maioria fica com as mamas endurecidas e com leite em excesso, podendo causar até uma infecção, então como tem que esvaziar tirando o leite, nada mais justo que doar”, conclui a coordenadora.
Para facilitar a doação uma equipe da maternidade, vai até a casa da mãe doadora para recolher o leite, como ocorre no caso da jornalista Karine Baldez, mãe de pequena Giovanna de dois meses, que consegue armazenar oito frascos, de 150 ml cada um, a cada dez dias. A iniciativa ajuda tanto aos bebês que precisam quanto a própria filha da jornalista, caso ela precise mamar quando a mãe estiver fora de casa.
“A técnica do banco de leite vem recolher, toda segunda-feira, cerca de 500 ml a 600 ml. Mantenho a outra metade no freezer, caso eu tenha algum compromisso profissional que me impossibilite de estar em casa na hora da mamada da Giovanna. Mas com isso é muito raro acontecer. Faço questão de voltar para dar todas as mamadas dela. Por isso, eu doou quase todo o meu estoque para o banco de leite.” explica.
O banco de leite também ajudou Karine na dificuldade de amamentar, por causa de fissuras e mastites nos seios. “Eu passei o primeiro mês de vida da minha filha indo para o banco de leite da Maternidade Marly Sarney, todos os dias. Com os ductos obstruídos – rede de canais que transportam leite materno dos tecidos onde é fabricado até os mamilos- eu tinha que ir para o banco de leite ordenhar o leite para dar para a Giovanna na seringa. Graças ao banco de leite, amamento minha filha exclusivamente com leite materno até hoje”, conta a jornalista que ressalta a importância do aleitamento materno e incentiva a doação. “Minha intensão é amamentar minha filha o máximo de tempo que eu conseguir. Pelo menos até o primeiro ano de vida. A propósito, para mim, é uma felicidade indescritível ajudar. Afinal, quando compartilhamos, multiplicamos”, finaliza Karina Baldez.
Karine armazena os frascos com leite que são recolhidos semanalmente
 Mitos x verdades
Meu leite vai acabar se eu doar?
Mito. Pelo contrário, quanto mais a mãe estimular o peito a produzir leite, mais ela o terá e não faltará para o bebê. O leite é produzido na hora em que o bebê está sugando e para de ser produzido quando não há estímulo. “As mães acham que não tem leite para os bebês, ficam com medo de tirar e faltar. Existe esse mito de “Será que eu tenho leite suficiente?” e mesmo com os seios gotejantes acham que é só o suficiente para o bebê e é o contrário. Quanto mais se tira, mais se tem.”, conta a coordenadora do banco de leite da maternidade, Irenilde Rodrigues.
A alimentação da mãe reflete no leite?
Verdade. O recomendado é que a mãe tenha uma alimentação saudável e equilibrada. Ela não deve ingerir bebida alcoólica, café em excesso e alimentos muito gordurosos, como o chocolate. No caso do café e do chocolate, a questão não é comer, mas a quantidade que se consome. Um café, pela manhã, faz parte do nosso hábito alimentar e isso não faz diferença ao bebê; porém, pode afetá-lo caso o consumo seja feito em maior quantidade.
Estresse e nervosismo podem atrapalhar a produção do leite.
Verdade. O estresse e o nervosismo podem diminuir a quantidade de leite. Em momentos como este, a mãe modifica o seu sistema endócrino-imunológico e, com isso, a quantidade de leite pode diminuir. O recomendado é que a mãe descanse sempre que possível. Em caso extremo, para dormir bem uma noite, ela pode deixar que outro responsável dê o leite materno ao bebê em um copinho. Algumas pessoas acreditam que o estresse pode empedrar o leite, mas não é verdade. Isso acontece quando a quantidade de leite é maior do que o bebê necessita ou consegue sugar e se não for ordenhado, o leite fica alojado na mama e acaba empedrando ou até originando uma mastite.
A compressa de água quente ajuda na situação do leite empedrado.
Mito. A indicação nesses casos é massagem e ordenha do leite. A compressa de água quente piora a situação, pois aumenta a quantidade de leite retido na mama. Consequentemente, a mãe terá mais leite empedrado.
Como doar
A mãe que deseja doar leite humano deve entrar em contato pelo telefone gratuito 08000-268877 ou procurar o Banco de Leite Humano mais próximo da sua casa, como a Maternidade Marly Sarney pelo telefone (98) 9 8875-7572. A partir desse contato, é feito um cadastro e uma inscrição no BLH do IFF. Uma vez cadastrada como doadora, não há necessidade de ir ao Banco de Leite periodicamente.
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