TRADIÇÃO
Festival do Boi de Zabumba é hoje
A 22ª edição Festival do Boi de Zabumba vai reunir mais de 20 grupos no Monte Castelo mostrando a força do sotaque e da cultura popular maranhense
Após um período de incertezas, o tradicional Festival de Bumba meu boi de Zabumba será sim realizado. A vigésima segunda edição será neste sábado, 30, a partir das 19h, na avenida Newton Belo (Monte Castelo – próximo à igreja de Nossa Senhora da Conceição), uma realização do Clube Cultural de Bumba Meu Boi de Zabumba e Tambor de Crioula do Maranhão.
Tradicionalmente o Festival é realizado todo segundo sábado do mês de julho, mas por questões financeiras, este ano o mesmo teve que ser adiado. Pelo menos 21 grupos culturais estão sendo esperados para essa festa da cultura popular. São 19 grupos de zabumba de São Luís e dois do interior, segundo Seu Basílio Costa Durans, presidente do Clube Cultural de Boi de Zabumba e Tambor de Crioula do Maranhão.
Os homenageados deste ano são o Mestre Canuto Santos e o jornalista e administrador Zildeni Falcão. O primeiro, mestre no bumba-meu-boi de zabumba; e o segundo, escolhido pelo trabalho de divulgação e atenção à cultura popular.
A abertura da programação será às 19h com apresentação do grupo Cacuriá Rabo de Saia e em seguida, do Cacuriá Assa Cana da Liberdade. O primeiro boi de zabumba a se apresentar será o Boi da Vila Passos (do qual mestre Canuto liderava), às 21h e a previsão de encerramento é às 10h da manhã de domingo, 31, com a apresentação do Bumba-meu-boi da Fé em Deus.
O Festival é muito aguardado por moradores e turistas e movimenta várias comunidades de São Luís. Nesta edição não haverá a encenação da Comédia, como ocorria em anos interiores, por falta de recurso. Em 2014 foi a primeira vez que ela aconteceu no Festival com grupos dos municípios de Santa Helena e Pinheiro. O Festival de Comédias é uma das ações do Plano de Salvaguarda do bumba- meu-boi, registrado como Patrimônio Cultural Brasileiro há quatro anos.
“Este ano tivemos dificuldades financeiras para realizar o Festival, por isso ele foi adiado e ele vai acontecer, não como a gente esperava, talvez até alguns grupos do interior não venham, mas estamos aguardando que venham todos. A comédia este ano não vai ocorrer, mas não vai tirar o brilhantismo do evento”, acredita Basílio Durans. As comédias não são necessariamente a representação do auto do bumba-meu-boi com Pai Francisco e Catirina, são histórias que são criadas a partir do roubo do boi.
“As pessoas esperam muito para ver toda a beleza dos bois de zabumba, e o Festival é o momento para isso, porque só vai ter zabumba. O público que for para lá vai para assistir zabumba”, reforça seu Basílio, que também é presidente do Boi Brilho de São João da Liberdade II.
São 22 anos de Festival. Nessas mais de duas décadas as mudanças vem ocorrendo gradativamente, como a inclusão da representação do auto ou comédia, o aumento do público que prestigia o evento, mas infelizmente, segundo seu Basílio, as dificuldades permanecem. “Nós conseguimos que o projeto fosse aprovado pela Lei de Incentivo Estadual, mas não conseguimos patrocinador. Então é bem difícil fazer sem apoio ou recursos, e só conseguimos depois que eu disse que não ia fazer apenas com a ajuda de palco e som, só com isso não se faz Festival, porque além de outros gastos também precisamos dar uma ajuda para os grupos”, conta.
Ainda para seu Basílio, o Festival tem sido o único instrumento que mantém viva a tradição do sotaque. “Nós passamos o ano inteiro trabalhando no projeto e quando chega na hora não temos o apoio suficiente. Mas há 22 anos o Festival funciona como um incentivador do sotaque, desse ritmo que é pouco reconhecido pela importância que tem. Para os grupos é a forma de se sentirem atuantes. O Boi da Vila Passos, de seu Canuto, antes tinha a Matança, hoje está mais fraco, então essa homenagem também serve de incentivo”, constata.
Homenageados
Os homenageados receberão certificados. No caso de homenagem póstuma, os familiares recebem.
Mestre Canuto Santos faleceu em 2013 e foi um dos principais expoentes do Tambor de Crioula no estado, e responsável pelo Tambor Milagre de São Benedito (criado em homenagem a Dona Elza) e pelo Boi da Vila Passos. Ele morreu com 89 anos e era uma espécie de “faz tudo” no grupo que comandou por mais de quatro décadas, no bairro da Vila Passos. Natural de Guimarães/MA, desde os sete anos de idade brincava boi.
O outro homenageado, Zildeni Falcão, presidente do grupo que leva o mesmo nome, foi escolhid pela sua atuação social e pela importância que dá, por meio de seu grupo de comunicação, à cultura popular.
Saiba Mais
O Festival de Bumba-Meu-Boi de Zabumba é realizado anualmente, desde 1994, e reúne diversos grupos em torno da salvaguarda do sotaque do boi de Zabumba, na avenida Newton Belo, embaixo da centenária Barrigudeira, no bairro do Monte Castelo, complementado por um cortejo dos grupos de bumba boi pelas ruas do bairro do Monte Castelo. Depois de 21 edições, o festival já faz parte do calendário municipal e estadual de cultura.
O festival surgiu e continua sendo realizado a partir da iniciativa dos próprios grupos, ao reconhecerem a necessidade de sua autoafirmação como representantes de uma forma de expressão tradicional do Bumba-meu-boi maranhense, em que a presença negra é significativa. A cada ano duas personalidades são homenageadas durante o evento.
Programação
Cacuriá Rabo de Saia
Cacuriá Assa Cana da Liberdade
Boi da Vila Passos(Canuto)
Boi Brilho de São João Liberdade II
Boi Laço de Amor
Boi da Ivar Saldanha
Boi Capricho de Oliveira
Boi Novo Capricho
Boi Unidos Pela Fé
Boi Sociedade Dois Irmãos (Boi de Dona Zeca)
Boi Brilho de São João (Romana)
Boi Anjo do Meu Sonho
Boi da Areinha
Boi de Guimarães
Boi Unidos Venceremos
Boi Brilho da Paz
Boi de João Grilo
Boi de Panaquatira (Zé de Rita)
Boi da Liberdade (Leonardo)
Boi da Fé Em Deus
Serviço
O quê? Festival de Bois de Zabumba
Quando? 30 (sábado), a partir das 19h
Onde? Avenida Newton Belo (Monte Castelo – próximo à igreja de Nossa Senhora da Conceição)
Quanto? Aberto ao público
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