MÚSICA BARROCA

Festival celebrará diálogo entre culturas

Quinta edição do Festival de Música Barroca de Alcântara acontecerá de 21 a 27 de julho, nas cidades de Rosário, Bacabeira, Alcântara e São Luís

Depois de exitosas experiências em quatro anos anteriores, o Festival de Musica Barroca de Alcântara, uma iniciativa da produtora Equinox do Brasil com patrocínio do BNDES, chega a sua quinta edição com o tema “Diálogos musicais entre Oriente e Ocidente”. O evento gratuito, que celebrará a música antiga e proporá rica interação cultural, acontecerá de 21 até 27 de julho. Os concertos, oficinas didáticas, ações sociais e workshops serão realizados nas cidades de Rosário (21), Bacabeira (22), Alcântara (23 e 24) e São Luís (25, 26 e 27).
Estão previstas 12 apresentações ao longo de 7 dias, além das ações pedagógicas, sociais e workshops com estudantes e pessoas de comunidades das cidades envolvidas. Tais ações são de extrema importância para o evento, na medida em que se propõe o diálogo entre culturas, o que possibilita uma proveitosa troca de experiências entre os artistas e os participantes. Este ano, a produção caprichou no elenco e reunirá destacados representantes da música barroca mundial. Os grupos e artistas convidados são: Abderrahim Abdelmoumen (Marrocos), Camerata de Boston (EUA), Ensemble Gaoshan Liushui (Brasil e China), Encontro Oriente Ocidente (com a brasileira Marília Vargas e a síria Oula Al-Saghir), Julia Leon (Espanha) e Yaqin Ensemble (Brasil).
Festival de Música Barroca
O festival itinerante, além de homenagear uma das cidades mais antigas do Brasil e que já foi sede da aristocracia rural do governo português no século XVII, fomenta a formação de plateia e dissemina o caráter universal da música como instrumento de transformação social. Como aconteceu em 2015, um concerto está previsto para apenados do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no dia 27, e outro, no mesmo dia, no Hospital do Câncer Aldenora Bello. O encerramento oficial, no entanto, será um dia antes, no Teatro Arthur Azevedo.
Influência – O festival homenageará a música hispano-andaluza. Nascida na Península Ibérica, a partir da mistura de diversos ingredientes culturais europeus, africanos e orientais no século VIII, o gênero exerce forte influência na música ocidental. Os processos de formação do Brasil têm a miscigenação como principal característica. Assim, naturalmente, o país se coloca como um palco ideal para o encontro de diferentes tradições.
O diálogo entre as culturas, como símbolo da diversidade e da tolerância que o Brasil exerce internacionalmente, torna-se ainda mais importante no contexto atual, em que o mundo assiste atonitamente às maiores levas de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.
Bernard Vassas, criador e organizador do Festival, cita o escritor franco-libanês Amin Malouf para explicar os 0desta edição: “Para ressuscitar e dar algum sinal de esperança a nossa humanidade desorientada é preciso ir mais longe do que um simples diálogo das culturas e das crenças. É preciso ir até um diálogo das almas. Esta, neste inicio de século XXI, é a missão insituável da arte”.
Vassas admite que o objetivo é ambicioso, porém necessário. “A miscigenação foi e sempre será um elemento fundamental de inclusão. Por meio dos diálogos entre as culturas construiremos uma ponte para uma civilização digna de nossos antepassados e herdeiros. Conquistar almas pela cultura e pela música sempre será mais complicado e gratificante que dominar territórios e povos pelo terror e pelo sangue.”
Artistas e grupos
Abderrahim Abdelmoumen
Nascido na região do Tânger, no Marrocos, é considerado um dos grandes representantes da música como canal de diálogo entre os povos. O início da carreira musical de Abderrahim deu-se a partir da experiência na “ZawiyaSeddikia” – uma irmandade com preceitos espirituais, onde o artista aprendeu as bases da música Sufi e os valores do Sufismo. Considerado também um pesquisador criterioso da música da Andaluzia, hoje é reconhecido como um dos melhores intérpretes do Marrocos. Estudou teoria musical e alaúde no Conservatório de Tânger e tem uma maneira única de mesclar as influências das músicas religiosa e da Andaluzia.
Boston Camerata
Um dos mais proeminentes conjuntos de música antiga dos Estados Unidos. Fundado em 1954, o grupo está sob a direção de Anne Azéma, cantora de origem francesa, desde 2008. Suas apresentações são conhecidas pela espontaneidade e emotividade, que costumam contagiar o público. No decorrer dos anos, o grupo tem realizado numerosas apresentações pelo mundo, com um repertório baseado na pesquisa das épocas medieval, renascentista e barroca. Também costumam executar música antiga norte-americana, sacra e secular. Seus integrantes se destacam pelo domínio técnico dos instrumentos antigos.
Ensemble Gaoshan Liushui
Formado em 2012, é primeiro grupo de música chinesa atuante no Brasil. Voltado à performance das músicas folclóricas com instrumentos étnicos da China, o Ensemble explora as diferentes relações estéticas que a cultura chinesa apresentou ao longo de sua história, rearranjando e apresentando peças desde os primórdios da dinastia Qin (221–206 a.c.) até os anos da Revolução Chinesa. O Ensemble é formado por cinco músicos envolvidos com a cultura chinesa. Cada um com sua área de atuação e especialidade contribui para que o grupo seja um difusor do patrimônio cultural da música chinesa nas relações com o Ocidente.
Encontro Oriente Ocidente
Em 1966, o citarista Ravi Shankar gravou com o violinista Yehudi Menuhin o antológico álbum “O Ocidente encontra o Oriente”. O notável encontro entre os virtuoses abriu horizontes para que as colaborações entre artistas do oriente e ocidente se tornassem mais frequentes.Para comemorar os 50 anos do disco, as cantoras Marilia Vargas (Brasil) e Oula Al-Saghir (Síria) juntam-se para um espetáculo onde o universo musical do ocidente e do oriente encontram-se mais uma vez, através de algumas das mais expressivas canções antigas e modernas da Europa ocidental e oriental.
Além das cantoras, o encontro contará com a participação do flautista Dyocleir Baulé, do percussionista Beto Angerosa e de Guilherme de Camargo, nas cordas.
Julia Leon
Cantora e pesquisadora com uma extensa carreira de recuperação de canções folclóricas tradicionais. Dedicou-se durante muito tempo a musicar poemas de autores como Lorca, Miguel Hernandez, Neruda, Nicolas Guillen e Leon Felipe Machado.Também trabalhou com poetas da Idade de Ouro espanhola, como Lope de Vega, Garcilaso, Gutierre de Cetina, Gongora, Sor Juana Inés de la Cruz, Quevedo, Calderon, Santa Teresa de Jesus, Anonymous, Cervante e João da Cruz.Nos últimos doze anos tem se dedicado à música sefardita através das comunidades judaicas de Madrid e Valência e em Israel, a partir de contatos com a família de Isaac Levi, um dos mais conhecidos especialistas em música sefardita.
Yaqin Ensemble
Grupo formado por instrumentistas de diferentes formações, que executam música étnica e oriental fundindo tradições do passado e do presente. O grupo utiliza a rica instrumentação do Oriente Médio ao lado do violoncelo barroco e da rabeca brasileira, criando texturas musicais únicas de timbres e melodias. Yaqin nasceu do trabalho do pesquisador e multi-instrumentista Mario Aphonso III, produtor de dois discos de música oriental aclamados mundialmente: Arabesque e Arabesque II. As composições autorais se utilizam da linguagem musical do oriente, com suas escalas e ritmos, fazendo grande uso dos quartos de tom e compassos assimétricos.
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