CINEMA
Procurando Dory estreia sob apelos de ambientalistas para poupar os peixes
Animação com melhor início de bilheteria dos EUA conta histórias da peixinho sem memória
Nem mesmo a propalada estreia nos cinemas da continuação de Independence day (com o ressurgimento, 20 anos depois, da ameaça alienígena sobre a Terra) conseguiu desbancar da liderança das bilheterias norte-americanas uma peixinha azul, de memória curta e fluente no baleiês – aquele idioma de palavras arrastadas, para lá de engraçado e só falado no fundo do mar.
Procurando Dory, sobre travessuras submersas, abocanhou US$ 73 milhões de receita no segundo fim de semana em exibição nas salas estadunidenses, contra US$ 41 milhões da batalha interplanetária. Os números dão o tom da estreia, no Brasil, do longa-metragem coproduzido pelos estúdios Disney e Pixar – sob a expectativa sempre promissora do binômio filmes infantis e férias escolares de julho.
A animação vira os holofotes marítimos para a coleguinha de Nemo, peixe desgarrado do pai no filme de 2003 (Procurando Nemo, vencedor do Oscar de Melhor Animação) e perdido em meio aos perigos do alto-mar (com direito a uma experiência tenebrosa sob o cativeiro, em um aquário, de uma garota).
No longa da década passada, a peixinha azul protagoniza momentos hilariantes ao confundir o colega de oceano e esquecer, a todo instante, informações importantes para fazê-lo retornar aos braços da família. Agora, ela decide ir em busca dos próprios parentes depois de lembrar da existência deles em um breve momento de sanidade da memória. No caminho, ela reencontra antigos amigos.
O alerta ecológico, presente no primeiro filme através da demonstração dos danos provocados pelos seres humanos ao meio ambiente, deve permear a continuação das desventuras do cardume ao qual pertencem Dory e Nemo – e a relação dos homens com a vida marítima volta à tona com o longa.
“Todo mundo ama a Dory. Mas sempre pensei nela como uma personagem triste, que vagava pelo oceano sozinha fazia tempo, sem se lembrar por quê. Conheceu muitos peixes, mas ou eles a abandonaram ou ela se esqueceu deles e foi para outro lado. Então, tinha esse sentimento de abandono. Por isso, ela é tão engraçada e generosa, é como uma armadura”, afirmou o diretor do filme, Angus McLane (Férias no Havaí e Toy story 3).
“Assisti novamente a Procurando Nemo e percebi que não queria mais que ela se sentisse daquela maneira. Foi isso que me fez querer voltar”, considerou o cineasta. As vozes originais do primeiro filme serão mantidas: a apresentadora Ellen DeGeneres, como Dory, e o ator Albert Brooks, como Marlin, o pai de Nemo, a quem ela se uniu (e torrou a paciência) na missão de resgatar o colega.
A expectativa de sucesso do filme nas bilheterias brasileiras despertou até a atenção de ambientalistas, preocupados com a possibilidade de procura por peixinhos da espécie de Dory (Paracanthurus hepatus), em risco de extinção. O receio é ver se repetir o fenômeno lastreado na projeção de Procurando Nemo, quando os peixes-palhaço passaram a ser buscados em excesso e os colocaram sob ameaça.
Em um vídeo, a revista National Geographic alertou sobre os possíveis efeitos maléficos ao habitat natural, e defensores dos direitos dos animais recomendaram à Disney veicular uma advertência antes da exibição do longa-metragem com os dizeres “divirtam-se conosco, mas não queiram tê-la em casa”. É melhor, de fato, mostrar carinho por Dory somente no cinema.
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