GASTRONOMIA

Conheça o cozinheiro maranhense que foi jurado no MasterChef Brasil

Um cozinheiro obcecado em busca da receita com sabor perfeito!

No episódio que foi ao ar no último dia 21 do programa MasterChef Brasil, o chef maranhense Júnior Ayoub foi jurado, representando o Maranhão. Ops, chef não, cozinheiro. “Eu digo que a gente está chef, eu gosto de ser chamado é de cozinheiro. Aquela pessoa que vai pra cozinha e te encanta. O legal disso tudo é eu cozinhar e te encantar. Não consigo ficar parado… Não é você estar embrulhado numa doma desfilando num salão. Acho que a magia do negócio está em ver o brilho nos teus olhos, está em eu te encantar com a minha comida”, explica Júnior.
O cozinheiro tem 42 anos e 25 de cozinha. Começou a se interessar por culinária quando tinha 9 anos e sua instrutora foi a avó. Foi com ela que ele começou o interesse pela culinária árabe, que se tornou a sua especialidade. Foi nessa idade que ele preparou a primeira guloseima também. “A primeira comida que fez foi um misto-quente gratinado. Botava queijo e presunto todo cortado em tiras, colocava um pouco de requeijão, um pouco de curry, levava para gratinar e ficava gostoso. Hoje em dia acho que é meio gororoba, mas eu tinha nove anos, acho que ficava legal”.
Do misto gratinado para o charuto premiado, Júnior trilhou por muita coisa até ser chamado para o MasterChef, assunto pelo qual faz seus olhos brilharem. No episódio que Júnior Ayoub participou, 12 cozinheiros amadores precisavam agradar o paladar de 27 chefs de cada estado do país e do Distrito Federal. Júnior Ayoub deu sua contribuição na bancada de jurados do desafio, ao lado dos apresentadores Erick Jacquin, Henrique Fogaça e Paola Carosella e dos demais jurados convidados.
Um bate-papo para lá de amistoso
Como foi que resolveu se profissionalizar em culinária?
Eu estudei Economia em São Paulo e comecei a trabalhar com consultoria financeira. Quando terminei o curso, fui pra a Europa e fiz estágio em uma empresa que atuava na área de entretenimento e culinária. Foi aí que comecei a unir economia e culinária. Quando voltei para São Luís, fui fazer consultoria para hotel e algumas festas também.
Iniciei um tratamento de saúde em São Paulo e nesse tempo, entre o tratamento e não fazer nada, decidi fazer alguma coisa que foi estudar na Escola de Artes Culinária do Luarent Suaudeau, o maior chef do Brasil e um dos maiores do mundo. Estudei e trabalhei com ele, e foi ele que me levou mais para essa área de pesquisa. Daí comecei a desenvolver um projeto com ingredientes maranhenses na culinária internacional. E aí consegui aliar também isso à culinária árabe, que é o que mais gosto e de onde eu venho.
E você já foi indicado para vários prêmios…
Sim. O Guia Quatro Rodas, o prêmio Domus, prêmio na França. Quer ver uma história engraçada e peculiar? Em 2013, quando eu ganhei o primeiro Quatro Rodas, eu me enfiei debaixo da cama e chorei. Tinha medo da avalanche de gente que iria para o restaurante e de não dar conta de atender.
E qual dessas premiações você considera mais inesquecível?
Tem uma parte que tenho muito orgulho. Sabe aquela música que diz “…não tenho carro, não tenho teto…?” Pois é. Não tenho carro, não tenho teto, mas tenho muito orgulho de uma coisa: que por onde minha mão passa eu transformo, não só a comida, transformo gente; não só quem come, como quem é treinado por mim e consegue galgar postos em vários restaurantes de São Luís. Agora o que me deixou mais honrado foi ter sido escolhido para jurado do MasterChef, porque essa escolha foi fruto de uma pesquisa muito grande que eles fizeram. Não foi escolha através de uma indicação, não foi a partir de um prato, e sim a partir de uma vida.
E como foram os bastidores?
Eles pesquisam a sua vida inteira. É um programa que tem a chancela de uma empresa internacional, a Endemol, que é com quem você assina o contrato e todos os termos. Eles investigam a tua vida com teu funcionário, com teus clientes.
É uma coisa muito criteriosa. E aí você se sente muito honrado quando no programa eles apresentam características que não foi eu que disse, são coisas que eu escutei de alguns clientes e que talvez em algum momento eu nem tenha levado em consideração, mas naquele momento que você vai entrar no estúdio você se toca da realidade, e até cair a ficha demora um pouquinho, porque você passa mais de quatro horas gravando e aí você vai ser anunciado. “Júnior Ayoub, o que você acha desse prato?”.
E aí, é você ali. É a sua verdade, não é um personagem, é você mesmo. Eu não fui ali por causa de um prato, ou indicação, fui por causa de uma história de vida de 25 anos nessa luta dentro da cozinha.
Como soube que tinha sido selecionado?
Enviaram-me um e-mail pedindo meus contatos para um programa. Mas a gente recebe muito convite, até você triar o que vale e o que não vale… Mas mandei meus contatos. Daí ligou uma pessoa da Endemol e disse, “Júnior Ayoub você gostaria de participar do MasterChef Brasil como jurado? Nós vamos ter uma prova de seleção regional”.
Foi uma honra muito grande ter participado pelo trabalho de tantos anos. Os concorrentes tinham que montar um cardápio com todos os ingredientes regionais do país. É difícil. Eu já participei de concursos e sei o quanto é difícil.
O aprendizado de ter participado do programa?
O reconhecimento vem. Eu vou dividir com vocês uma coisa que é a minha verdade. No prêmio Quatro Rodas eu chorei. Eu faço muita festa, evento, e poucas vezes a gente entende ou percebe a satisfação do cliente. E nessa experiência eu vejo que o reconhecimento vem. Pode tardar, mas vem.
E o mais legal de tudo é você trabalhar correto, dar o melhor de si, cozinhar, que é o que faço de melhor da minha vida. Não é inventar. É fazer o que sei de melhor. O reconhecimento vem.
Sobre a sua especialidade?
Comida árabe com uma pegada contemporânea. Tem um charuto que já foi motivo de reportagem. O charuto clássico é uma folha de uva, carne moída, arroz. Pois é, o meu charuto é diferente. Tem um que faço com folha de couve, carne de porco cozida com um pouco de vinagreira, depois levo pra assar, desfio essa carne de porco, junto com grão de bico e faço o charuto. Fica um espetáculo, esse é premiado.
E como você se define?
Sou um cozinheiro obcecado pela qualidade, obsessivo pelo ineditismo, pelo perfeccionismo e incansável na busca da satisfação do comensal. Tenho um restaurante para trabalhador e eles comem a melhor comida que eu posso fazer.
O resultado é imediato, eles agradecem e dizem até não serem capazes de merecer o tratamento que recebem. No momento que eu vejo a satisfação, recebo o meu melhor pagamento.
PROGRAMA
MasterChef Brasil é uma coprodução da Band com o Discovery Home & Health. O programa vai ao ar todas as terçasfeiras, às 22h30, na tela da Band (com transmissão simultânea no aplicativo da emissora para smartphones) e com reapresentação às sextas-feiras, às 19h30, no Discovery Home & Health.
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