Muito além da moda, os cabelos cacheados e ondulados são uma forma de representatividade e empoderamento feminino. Para as ‘alisadas’- termo muito usado para as mulheres que usam química nos cabelos – e que querem voltar ao natural, é necessária muita força de vontade, pois os cabelos passam por momentos difíceis durante o período de readaptação. Essa fase de mudanças é chamada de transição capilar.
Engana-se quem acha que é fácil atravessar essa fase de mudanças fio por fio do cabelo. Algumas mulheres tem que aguentar até dois anos o cabelo volumoso ou a cor natural na raiz com as pontas tingidas.
Com o cabelo alisado quimicamente durante 11 anos, a estudante Raiane Tomaz passou por essa fase de transição há pouco tempo, agora ela afirma se sentir liberta da chapinha e do secador. “Fiquei dos 10 anos de idade até os 21, de três em três meses alisando por conta que me achava feia com meu cabelo ao natural. Isso sem sequer me dar a oportunidade de saber como ele ficava solto. Só o usava amarrado em rabo de cavalo antes do alisamento. Não era algo que de fato queria fazer, porque gostava ou me sentia bem. O intuito era inibir a raiz natural porque ninguém havia me ensinado a aceitar o meu cabelo como ele é, era uma questão de representatividade. Cada fibra capilar tem sua singularidade é exatamente isso que as torna tão bonitas, o que eu não entendia há uns anos. Durante a transição muitos complexos, paradigmas e conceitos foram desconstruídos”.
Especialista no assunto beleza e estética o cabeleireiro Sérgio Wenner, já tratou dos cabelos de mulheres que encararam as mudanças na textura do cabelo, abrindo mão de produtos pesados. Segundo ele primeiramente é necessário entender que o cabelo não ficará do jeito que a pessoa almeja da noite para o dia. Mas que com força de vontade, as madeixas vão se moldando com o passar dos dias. “Eu sempre converso com as pessoas sobre manter o cabelo o mais natural possível. Cabelo é que nem DNA, ele é único e foi feito de acordo com o seu rosto. Eu gosto de dizer para as minhas clientes que assim que crescer um pouco o natural, é sempre bom cortar. Vai ser difícil! Mas no final quando tudo passar, o resultado vai ser lindo”, afirma. Os penteados como tranças, coques e turbantes são uma opção para quem não quer cortar o cabelo.
Livre da química e uma rotina bem diferente
A blogueira Stella Moraes, 27 anos , também aceitou as madeixas naturais, e confessa que quando fazia uso de química no cabelo, ficava muito dependente e que agora sua rotina é completamente diferente de meses atrás. “O alisamento acaba virando algo que você fica dependente, além de prejudicar a saúde do cabelo, o fazendo sofrer cortes químicos e queda parcial, acaba até mesmo trazendo alergias e ferimentos em alguns casos. Hoje em dia, minha rotina é bem diferente. Utilizo mais os métodos naturais: receitas caseiras, babosa, maisena, café… Sigo também um cronograma capilar que contém hidratação, nutrição e, uma vez ao mês, reconstrução”, revela.
O especialista acredita que produtos caseiros ajudam a hidratar os fios, mas exigem atenção. “Acredito sim! Mas cada cabelo é cabelo. Tem que ter cuidado com o que se usa, pois o que funciona para sua amiga, pode não funcionar para você” e enfatiza “Sempre digo para quem tem cabelo cacheado, crespo, liso ou ondulado: Use-o assim. Para que sofrer com o cabelo? A regra agora é liberdade!”, conclui.
Compartilhando experiência
Stella Moraes resolveu compartilhar a experiência com a transição para ajudar meninas na internet que decidiram voltar a ter o cabelo natural. Através do seu canal no Youtube e blog, ela oferece dicas de produtos que a ajudaram e opções de penteados, sempre compartilhando algo semanalmente sobre o assunto.
A blogueira conta que iniciou a transição após sofrer um corte químico no cabelo – quando os fios fragilizados com o grande uso de produtos químicos se partem. “Decidi voltar aos meus cachos após sofrer um corte químico na região da nuca. Sem falar que toda vez que usava química, eu passava o dia inteiro com dor de cabeça. Então decidi retornar ao natural. Alisei meu cabelo pela primeira vez quando eu tinha exatamente 18 anos” relata.
