Uma viagem no cinema de gênero erótico. Esta é a proposta da Mostra 18 Anos – Mostra de Cinema Erótico Mundial, que está em cartaz no Cine Praia Grande, em São Luís, até o próximo dia 16 de maio, e que irá exibir filmes de grandes cineastas como Stanley Kubrick ou Bernardo Bertolucci, como também pequenas pérolas do gênero, como Tokyo Decadence e Minha Mãe. A classificação indicativa para todos os filmes é 18 anos.
O cinema erótico é um gênero de cinema semelhante ao pornográfico. A única diferença que os distingue e faz com que sejam denominados de maneira diferente é o fato de no cinema erótico haver uma história mais bem constituída, ou seja, não ser apenas um pretexto para começar o que realmente o filme quer divulgar, como no caso do cinema pornográfico. Também é chamado formalmente de cinema de sexo implícito.
Além disso, no cinema erótico existe, tal como no pornográfico, o culto ao corpo e ao sexo, mas de uma forma mais “suave”, onde apenas se induz a situações que o espectador pode deduzir, ou seja, induz as pessoas a pensarem em sexo, mas sem mostrar pessoas completamente nuas ou a efetuarem o ato sexual. Isso significa que no cinema erótico há o sexo mostrado indiretamente, enquanto que no cinema pornográfico é mostrado de uma forma direta. O cinema erótico é considerado também para muitas pessoas a verdadeira arte deste gênero, ou seja, consideram o gênero erótico como sendo o único existente com estas características, considerando também o pornográfico como o lado mais negro do cinema erótico.
Mas, afinal, o que é significa ser Erótico? Segundo o Dicionário informal, a palavra está relacionada ao amor. Inspirado pelo amor, que tem o caráter de lirismo amoroso: sensual, lascivo. A mostra trata também da outra palavra-chave em seu contexto: pornografia. Mas o que é pornografia? No Dicionário Aurélio, encontramos: “[obras] relativas a ou que tratam de coisas ou assuntos obscenos ou licenciosos, capazes de motivar ou explorar o lado sexual do indivíduo”.
Independentemente de significações, o importante é que o público maranhense poderá assistir a filmes desse gênero que marcaram a história do cinema. Hoje será exibido, na sessão de 16h40, o filme Uma Relação Pornográfica – 1999, dirigido por Frédéric Fonteyne, que tem no elenco central da trama os atores Nathalie Baye, Sergi López e Jacques Viala. O filme narra a história de um casal que se conhece por meio de um anúncio, encontra-se em um café e vai para um hotel. Eles passam a se encontrar toda semana, até que descobrem que começam a se apaixonar um pelo outro.
O forte Tokyo Decadence
No domingo, às 16h20, será exibido Tokyo Decadence. Escrito e dirigido por Rayu Murakami, Tóquio em Decadência espelha o desgaste da cultura nipônica diante do culto do materialismo, dos excessos e desvio de tradição, seja pela influência do ocidente ou pela falta do resgate de valores. Ai (Miho Nikaido) é uma Call Girl especializada em sexo nada convencional (sado & masoquismo) que tem na sua carteira de clientes homens e mulheres de negócios, membros da Yakuza e outros tipos com igual e excêntrico gosto sexual. Murakami cria um interessante contraste entre a inocência de Ai e suas atividades para se sustentar na cara e desvirtuada Tokyo do séc. XX.
Lúcia e o Sexo
Já às 20h será exibido Lucia e o Sexo, de Julio Medem. Após o sumiço de seu noivo, o escritor Lorenzo (Tristán Ulloa), a bela e independente Lúcia (Paz Vega) decide ir até uma ilha do Mediterrâneo onde seu namorado nunca a quis levar, apesar de seus insistentes pedidos. Lá, ela encontra detalhes sobre antigos relacionamentos dele, como se fossem passagens ocultas de seu passado que o autor, com sua ausência, agora a permitisse ler.
Shame, de Steve McQueen
Amanhã, a partir das 20h, será exibido Shame, de Steve McQueen. O filme britânico, do gênero drama coescrito, foi dirigido por McQueen, com Michael Fassbender e Carey Mulligan. Shame foi lançado no Reino Unido em 2012. No filme, Brandon (Michael Fassbender) é um publicitário na faixa dos trinta anos, bem sucedido e bonito que vive e trabalha em Nova York. Distante de sua irmã e aparentemente sem amigos próximos, Brandon secretamente luta contra o vício em sexo, assim ele passa os dias buscando todo tipo de aventuras sexuais desde assistir a filmes pornográficos no computador, contratar prostitutas, buscar mulheres em bares, até terminar por entrar em bar gay. De repente, sua irmã (Carey Mulligan) aparece em seu apartamento, o que acaba por incentivar a romper com a vida que levava, a ponto de tentar manter ruma relação sentimental com sua colega de trabalho Marianne (Nicole Beharie).
Último Tango em Paris
Outro clássico que faz parte da mostra e que também será exibido, hoje, às 20h, é o filme Último Tango em Paris, de Bernardo Bertolucci. O drama erótico franco-italiano de 1972 foi gravado em 35mm, e estrelado por Marlon Brando e a então desconhecida Maria Schneider. Considerado uma obra-prima cinematográfica e um sucesso de bilheteria mundial, a violência sexual e o caos emocional do filme levaram a uma grande polêmica internacional sobre ele, que provocou vários níveis de censura governamental ao redor do mundo. No filme Paul ( Marlon Brando), um americano de meia-idade em Paris, está em luto pela morte da mulher recém acontecida, encontra-se num apartamento anunciado para aluguel com uma jovem parisiense de espírito livre, Jeannie (Maria Schneider), que os dois estavam interessados em alugar. Sem se conhecerem, começam a ter relações sexuais no local e Paul exige que eles não troquem qualquer tipo de informação um do outro, nem seus nomes.
Paul aluga o apartamento e o casal continua a encontrar-se ali até o dia em que Jeannie vai ao apartamento para mais um encontro e vê que Paul desapareceu, levando suas malas. Mais tarde, ele a encontra na rua e a leva a uma casa de tangos, onde diz que pretende iniciar nova relação com ela, conhecendo-se melhor, e começa a contar-lhe sua vida. Jeannie se desilude com a perda do anonimato e rompe o relacionamento. Sem querer perdê-la, Paul a segue até o apartamento onde ela morava com a mãe, e lá a relação termina em tragédia. Filme considerado imperdível.
Minha Mãe
Encerrando a Mostra 18 Anos – Mostra de Cinema Erótico Mundial, será exibido Minha Mãe, um filme de drama francês de 2004, realizado e escrito por Christophe Honoré, com Isabelle Huppert, Louis Garrel, Emma de Caunes e Joana Preiss.
O filme conta a história de Pierre, um adolescente de 17 anos que foi criado pelos avós. Ele tem um amor cego pela mãe, Hélène, e sente a falta do afeto por parte desta. Todavia, Hélène não está disposta a ser amada por aquilo que não é, pelo que decide acabar com o mistério e levá-lo a conhecer o seu mundo — o de uma mulher promíscua e sádica, para quem a imoralidade é um vício. Por fim, Pierre envolve-se amorosa e incestuosamente com a sua mãe.
O clássico de Kubrick
E às 20h, De olhos bem fechados, de Stanley Kubrick. O filme americano-britânico de 1999, dirigido por Stanley Kubrick e estrelado pelo então “casal-na-vida-real” Nicole Kidman e Tom Cruise. É baseado no conto Traumnovelle, de Arthur Schnitzler. Bill Harford (Tom Cruise) é casado com a curadora de arte Alice (Nicole Kidman). Ambos vivem o casamento perfeito até que, logo após uma festa, Alice confessa que sentiu atração por outro homem no passado e que seria capaz de largar Bill e sua filha por ele. A confissão desnorteia o sujeito, que sai pelas ruas de Nova York assombrado com a imagem da mulher nos braços de outro. Este é o último filme de Kubrick, que morreu apenas cinco dias depois de mostrar seu corte final do filme para o estúdio. Todos os filmes serão exibidos em versões sem cortes e em cópias legendadas. E a classificação indicativa é 18 anos.
Serviço
O quê: Mostra 18 Anos – Mostra de Cinema Erótico Mundial
Onde: Cine Praia Grande – Centro de Criatividade Odylo Costa, filho – Centro Histórico
Quando: Até o dia 16 de maio
Quanto: Ingresso promocional: R$ 5