Nos anos 1980, uma geração de jovens poetas, em sua maioria da Universidade Federal do Maranhão, reúne-se em torno da revista Uns & Outros e formam a Akademia dos Párias. Vestem a roupa da irreverência e assumem uma linguagem que dialoga com a prosa de Charles Bukovski e John Fante, o reggae de Bob Marley e Peter Tosh, a poesia de Leminksi, o rock brasileiro e a geração marginal nascida na zona sul do Riwo de Janeiro na década anterior.
Politicamente, o Brasil vive a agonia da ditadura militar, o fim da censura e o surgimento da geração coca-cola, conforme leitura do compositor Renato Russo (Legião Urbana), que forma, ao lado de Cazuza (Barão Vermelho) e Arnaldo Antunes (Titãs), o triunvirato do melhor da poesia nascida das letras e atitudes incorporadas ao rock e ao mundo pop daqueles anos.
Entre 1985 e 1989, principalmente, realizam recitais regados a vinho barato, catuaba e diamba, e espalham pelas ruas, becos e bares da ilha, uma dicção poética até então inédita na cidade. Akademia dos Párias: a poesia atravessa a rua, reúne quase 100 poemas dos mais de 420 publicados nas oito edições da revista Uns & Outros, porta-voz da Akademia. Na obra, estão versos de 25 desses poetas, entre eles, Ademar Danilo, Antonio Carlos Alvim, Celso Borges, Fernando Abreu, Garrone, Guaracy Brito Jr., Joe Rosa, Mara Fernandes, Marcelo Silveira (Chalvinski), Paulinho Nó Cego, Paulo Melo Sousa, Rezende, Ronaldão, Ribamar Filho e Suzana Fernandes. “Esta antologia não é um acerto de contas com os Párias. Há, claro, algum rigor na escolha dos poemas, mas também um olhar generoso sobre o que aquilo representou, tanto para as pessoas agentes daquela intervenção, como também para o momento cultural e político que São Luís vivia”, afirma o poeta Celso Borges, um dos organizadores da antologia ao lado de Fernando Abreu, Raimundo Garrone e Marcelo Chalvinski.
Segundo Garrone, boa parte dos poemas escolhidos sobreviveu esteticamente ao tempo. “Outros, em menor número, já envelheceram, mas estão presentes porque têm a cara daquela década”, diz.
“Esta antologia não é um acerto de contas com os Párias. Há, claro, algum rigor na escolha dos poemas, mas também um olhar generoso sobre o que aquilo representou, tanto para as pessoas agentes daquela intervenção, como também para o momento cultural e político que São Luís vivia”, Celso Borges, jornalista, poeta e um dos organizadores da antologia
ilustrações e grafismos
O projeto gráfico, assinado por Marcelo Chalvinski, mistura ilustrações e grafismos originais com intervenções atuais, além de fotografias da época, a maior parte delas do acervo pessoal de Lisiane Costa, que não era poeta, mas fazia parte da turma. A foto da capa é do músico André Lucap. Antes de começar a viagem, siga o conselho do poeta Antonio Carlos Alvim, um dos membros da Akademia, que no segundo número da Uns & Outros anuncia no poema BLITZ: Antes de ler a revista reviste a vista e boa viagem: única pista
O evento
O lançamento da antologia acontece hoje, na livraria Poeme-se, Praia Grande, com recital dos integrantes da Akademia, entre eles, Fernando Abreu, Guaracy Jr., Paulo Melo Sousa, Garrone, Paulinho Nó Cego, Rezende e Celso Borges.
Serviço
O quê? Akademia dos párias – a poesia atravessa a rua
Quando? Hoje, às 20h
Onde? Livraria Poeme-se – Praia Grande
Quanto? Aberto ao público
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