O “futuro glorioso” citado por personagem da fita de Cris D´Amato, possivelmente, vai se aplicar financeiramente à primeira investida de Glória Pires como coprodutora de comédia. A bilheteria, entretanto, se oporá ao bom senso, nos parâmetros cinematográficos: trata-se de um esboço de chanchada, salpicado com cenas desconexas e um fundo de moderada reflexão do batido tema da aparência versus conteúdo.
Esquemática, a trama mostra a cirurgiã plástica Paula (Glória Pires) forçosamente se separando da filha Alice (Antonia Morais). Longe de benefício genético, Paula se destaca no campo cosmético, e promete a cura da celulite em remédio aplicado nela mesma e que a leva à morte. Ela volta à vida para evitar que o produto seja comercializado.
A futilidade da médica e o namoro de Alice e Daniel (Emílio Dantas) seriam as bases para o humor da fita — que nunca explode. Em escassos momentos, há boas tiradas: Alice, dada à integração social, é chamada, por exemplo, de “Sebastiana Salgada do Leblon”. Há graça para quem goste de ver gente desacreditada, sob apertos de má dramaturgia. No mais, é um decalque da fraca comédia de Robert Zemeckis A morte lhe cai bem e de Se eu fosse você (sim, com derivação).
DUAS PERGUNTAS CRIS D´AMATO
Do que o brasileiro ri?
“O Brasil não faz o brasileiro rir (risos). Não demarco meus projetos pelo drama, pela tragédia ou pela comédia. Quis fazer uma comédia sobre a vaidade desmedida. Não estou inventando a roda. Tratei da realidade entre mãe e filha para mostrar o impacto que algo desmedido pode ter, como uma relação interrompida, por exemplo. O brasileiro está cansado de tanta coisa ruim acontecendo. Não é um filme para classe C ou D, que gosta de comédia. O alfabeto inteiro das classes está cansado disso que está acontecendo”.
Daniel Filho te deu que fundamento na carreira?
“Daniel está produzindo Uma fada veio me visitar, filme infantil que faremos em novembro. É baseado em livro da Talita Rebouças. Já trabalhei com ele no Se eu fosse você, no Confissões de adolescente, e na televisão, com As cariocas e As brasileiras. O que ele me ensinou? Que a gente, independentemente do que digam, tem que acreditar em tudo que constrói. Ele é muito generoso”.
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