Não é de hoje que o jovem ator Breno Nina trilha uma carreira na dramaturgia. Ainda em São Luís de 1999 a 2004 participou da Cia. de Teatro do Colégio Educator, antes de se mudar para Brasília, onde formou-se em Comunicação Social (Publicidade), pela Universidade de Brasília (UnB). Foi em 2000 que deu os primeiros passos encenando em São Luís a peça Antígona, de Sófocles, com direção de Sérgio Helal, como parte da programação do Festival Maranhense de Teatro Estudantil. De lá para cá muita coisa aconteceu até a conquista do troféu Kikito de melhor ator do Festival de Cinema de Gramado pela sua atuação no longa O Último Cine Drive-in, do diretor Iberê Carvalho, que estreia nos cinemas no próximo dia 20 de agosto.
Em entrevista o ator revelou estar muito feliz por ter conquistado o prêmio e obtido resposta positiva pelo trabalho que foi feito, mas mais feliz ainda por ser um ator de São Luís se destacando lá fora. “Foi muito emocionante ouvir meu nome. Alegria está sendo muito grande”, diz o ator. O Último Cine Drive-in ainda ganhou os troféus de Melhor Atriz Coadjuvante, Fernanda Rocha; Melhor Direção de Arte, Maíra Carvalho, e Júri da Crítica.
O Festival de Gramado é um dos mais aclamados do Brasil. Ao todo, foram premiadas 28 categorias. Mariana Ximenez levou o troféu de melhor atriz e o filme Ausência, do diretor Chico Teixeira, o de melhor filme. Com este longa, Breno também recebeu o prêmio de melhor ator do 18º Festival Internacional de Cinema de Punta Del Leste, no Uruguai. À época ele dedicou o prêmio a São Luís.
O longa, uma produção da Pavirada Filmes, é dirigido por Iberê Carvalho e tem no elenco Othon Bastos (Almeida), Rita Assemany (Fátima), Chico Sant’anna (Zé), Fernanda Rocha (Paula), entre outros. O drama, fruto de um argumento original de Iberê Carvalho e roteiro assinado por Iberê e Zepedro Gollo, retrata a relação de pai e filho com cenários variando entre o Cine Drive-In e um hospital de base da capital federal.
O jovem Marlombrando (Breno Nina) se vê obrigado a voltar à Brasília, sua cidade natal, devido a doença de sua mãe, Fátima (Rita Assemany). Lá, ele vai reencontrar seu pai, Almeida (Othon Bastos), dono do Cine Drive-in, há 37 anos. Ele insiste em manter vivo o cinema, mesmo não atraindo mais espectadores como na década de 70. Para isso, conta com a ajuda de apenas dois funcionários: Paula (Fernanda Rocha), que cuida da projeção e da lanchonete; e José (Chico Sant’anna), um velho amigo de Almeida, que ajuda a vender ingressos no caixa e da limpeza do local. Com a ameaça de demolição do Cine Drive-in e o agravamento da doença de Fátima, pai e filho vão ter que se unir e tentar reviver o passado. Do hospital, Fátima lembra dos tempos de glória do Cine Drive-in com profunda paixão. Quando seu estado de saúde piora, o quarteto orquestra uma última e especialíssima sessão.
Em sua formação de ator, participa da pesquisa teatral The Gold Fish, dirigida por Luciana Martuchelli, em 2007, além de cursos de atuação em cinema. Em cinema, atuou nos curtas-metragens: Procedimento Hassali ao Alcance do Seu Bolso, de Saulo Tomé (2008); Na Casa ao Lado, de Naiara Rimoli (2010); Festa na República, de Lucas Zacarias (2011); Waiting, de Tércio Garofalo (2011); e Anônimos, de Gilberto Nascimento (2012). Também assina o roteiro e direção dos curtas meuSÓvos (2011) e A Menor Distância Entre Dois Pontos, em que dirige a direção com Elias Guerra.
Na televisão, estreia, em 2011, na novela Cheias de Charme, e depois em Alto Astral (2014), da Rede Globo. Aqui em São Luís participou da temporada de férias do espetáculo Pão com Ovo como filho de Clarisse Milhomem.
Sete perguntas//Breno Nina
Qual a sensação de ter sido premiado em Gramado?
“Muito emocionante. Até agora ainda não caiu a ficha. Gramado tem uma história muito forte, então só de estar sentado ali no meio de tanta gente importante, parecia que as horas não passavam. Foi uma emoção muito concentrada e que eu não estava esperando, uma coisa que você fica tentando administrar. Aí quando vi meu nome foi inacreditável. Só me lembro de ter afundando na cadeira e chorado que nem uma criança (risos)”.
E agora, depois da premiação?
“A expectativa é de que esse Festival abra portas. Eu estava com a peça Plano Sobre Queda em cartaz no Rio de Janeiro e depois em São Paulo e agora estou pensando em levar para São Luís. Mas o melhor de tudo foi eu ser de São Luís e ganhar esse prêmio, representar a cidade que eu amo, que é minha base”.
Como foi que você chegou ao elenco do filme?
“Eu estava saindo do Rio (de Janeiro) e indo para São Luís e fui chamado para fazer o teste em Brasília, então voltei na mesma hora. Nunca tinha ao Cine Drive in, não achava que existia ainda. Mas aí voltei para São Luís e quando estava saindo de um restaurante vi a ligação do Iberê dizendo que eu tinha passado no teste e que estava no elenco do filme. Foi desafiador”.
Você começou no teatro e como foi essa transição para o cinema?
“Eu comecei no teatro da escola com o professor Sergio Helal, que pra mim foi um grande mestre que me iniciou no teatro aos 13 anos. Depois fui Brasília e enveredei para o cinema. Considero o teatro na escola de fundamental importância para a formação do aluno, momento em que ele pode se descobrir nas artes, optar por uma carreira artística, por exemplo.
Eu acredito que ao trabalhar no teatro, no cinema e na TV você vai aprendendo as linguagens, mas eu acho que o que tem um pouco a ver com a característica do artista é que o ator tem que, não só estar trabalhando, mas trabalhar em algo que acredita, o quão ele está envolvido, isso que é o essencial. Essa entrega é que é o grande tesouro da carreira”.
Você mora em São Luís? É difícil ser ator em São Luís?
“Sim. Moro em São Luís, e o mais difícil é que você tem que estar disponível a todo tempo, mas isso aconteceria se morasse em outro lugar também. Quando fui fazer a novela Alto Astral me ligaram e eu tinha que estar na novela no dia seguinte, mas o trabalho de ator, em todos os lugares que já passei, em nenhum lugar é fácil. São Luís tem suas dificuldades, mas não sei se é mais difícil do que é em outras cidades”.
Você fala isso sobre as produções também?
“O potencial para o cinema é grande e tem acontecido uma descentralização da arte no Brasil com os programas de fomento à cultura, os editais. Eu acredito muito nesse potencial do Maranhão. Ninguém melhor do que a gente mesmo para contar nossas histórias. Este ano foi lançado o edital para produções audiovisuais, então eu estou apostando”.
E sobre ter participado da peça Pão com Ovo?
“Ah, eu adorei. O César, o Charles e o Adeilson são muito queridos. Fazem um trabalho que me surpreendeu. Já tinha visto a peça antes, mas não imaginava, vendo nos bastidores, o nível de profissionalismo deles com a produção, com a obra. Além disso, o que mais me chamou atenção foi na roda de oração que sempre se faz antes de iniciar uma apresentação, a missão que eles transmitem; a alma, o coração que eles depositam no trabalho que ele fazem. Foi muito bom ter participado. Foi incrível ter estado com eles”.
Ficha Técnica
Filme: O Último Cine Drive-in
Direção: Iberê Carvalho
Lançamento: 20 de agosto de 2015
Duração: 1h40min
Elenco: Othon Bastos, Breno Nina, Rita Assemany, Chico Sant’anna, Fernanda Rocha, Zecarlos Machado, Eugênio Barbosa, Vinícius Ferreira, André Deca