Foto: Divulgação.
Com Kika, companheira e parceira de canções em 1981
Na noite de 13 de agosto de 1989, Raul Seixas, ao lado de Marcelo Nova, subia ao palco, no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, para dar continuidade à turnê de 50 shows do disco Panela do diabo. Foi a última vez que os fãs puderam ver uma apresentação do músico. Oito dias depois, foi encontrado morto sobre sua cama, vítima de uma parada cardíaca, consequência de uma grave pancreatite, agravada pela diabetes. Amanhã, completam-se 26 anos desde que o Maluco Beleza se foi, deixando um rico legado de canções e histórias que revolucionaram a música brasileira.
Sylvio Passos tinha entre 17 e 18 anos quando ligou para o ídolo a fim de marcar um bate-papo. “Fui com minha cara de pau, peguei uns três ônibus para sair da Zona Norte de São Paulo e ir encontrar ele na Zona Sul, no bairro do Brooklyn”, conta. Passos fundou o primeiro fã clube do artista, ainda no ano de 1981. Atualmente, mantém um acervo gigantesco, com discos, fotografias, manuscritos, entre outros objetos. Ao todo, 34 anos dos 52 que Sylvio possui foram dedicados à função. “Não tem como desvincular minha vida da dele. Foi a forma que encontrei para ser útil”, afirma.
“Raul morava na rua mais modesta do bairro, era estrada de terra, tinha um carrão maior do que a garagem. Fui recebido super bem, como se já fosse um amigo de anos”, comenta Passos. Não demoraria muito tempo até que os dois virassem amigos de longa data, convivendo ao longo de oito anos de amizade. “Ele começou a me chamar de Silvícola, não sabia se estava me xingando ou me elogiando”, conta, entre risos. “Como estava muito sem graça, no primeiro encontro, não conseguia almoçar com ele. Raul pegou o macarrão com a mão e me serviu, falando que eu já era de casa”, lembra. “Sinto uma saudade gigantesca dele. Ele e meu pai foram meus grandes heróis”, desabafa.
Kika Seixas, ex-mulher de Raul, com quem teve uma filha, Vivi, explica que o 21 de agosto é uma data de comoção espontânea. “Até hoje vai um monte de Maluco Beleza visitar o túmulo do Raul, prestar respeito, cantar as músicas”, conta. “Depois de 26 anos, a dor diminui, mas o Raul foi o amor da minha vida, é o pai da minha filha. Guardo comigo milhares de manuscritos, bilhetes que ele deixava para mim, letras que compomos juntos”, lembra.