Gosto não se discute. O jargão popular vale para quase tudo, de sabores alimentares a escolha de um parceiro. No campo musical, no entanto, a sentença parece não ser mais uma verdade absoluta. Ao menos no que depender de psicólogos experimentais britânicos, as preferências musicais não apenas se discutem como podem ser previsíveis. Segundo estudo feito na Universidade de Cambridge, Reino Unido, basta conhecer o estilo de pensamento de uma pessoa para saber quais canções mais a tocam.

A questão, na visão dos pesquisadores, vai além de definir se o ouvinte prefere ouvir heavy metal ou música clássica. Mas que, dentro de cada estilo, ondas sonoras com maior ou menor energia e complexidade são as responsáveis pela escolha feita por um indivíduo. “Música é um meio altamente complexo. É construída com padrões e componentes estruturais detalhados e, com isso, as pessoas percebem uma gama de emoções, respondem emocionalmente a elas. Nós pensamos que a empatia e a sistematização podem estar envolvidas no processo de ouvir música”, explica o líder do estudo, David Greenberg.

Nos resultados, Greenberg e os colegas concluíram que pessoas mais empáticas tendem a optar por músicas com baixa energia e de emoções negativas — suaves, reflexivas, e ricas no que chamam de “elementos quentes”. São canções do gênero rhythm & blues, rock calmo, folk, country, pop; como também as melódicas e de cantores solo. Facilmente escolheriam Thinking out loud, de Ed Sheeran, para colocar no iPod. Por outro lado, pessoas de perfil sistemático preferem música intensa e forte, com alta energia. Tal como o punk, heavy metal, jazz contemporâneo e melodias complexas e sofisticadas, algo que foge do que conhecemos por “música ambiente”. O Metallica, por exemplo, é uma banda que facilmente entraria na playlist de um sistemático.