LITERATURA E FOTOGRAFIA

Diógenes Moura apresenta monólogo em São Luís

O ex-curador da Pinacoteca de São Paulo apresenta o monólogo Carne é sangue – Imagens para uma consciência humana e no livro Fulana Despedaçou o Verbo

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Um olhar pessoal e crítico sobre a sociedade, a condição humana, sobre a vida, enfim, estão no monólogo Carne é sangue – Imagens para uma consciência humana e no livro Fulana Despedaçou o Verbo. Ambos são frutos de trabalhos de pesquisas de Diógenes Moura, ex-curador da Pinacoteca de São Paulo, , e serão apresentados ao público hoje (6), no Cine Praia Grande, às 20h. O evento terá ainda a presença da atriz Áurea Maranhão interpretando fragmentos do Poema Sujo, de Ferreira Gullar; o poeta Celso Borges fará o recital Língua Lambe Lambe, acompanhado do percussionista Isaías Alves.

Carne é sangue, o monólogo, é uma forma diferente do artista expressar suas opiniões, já que, segundo ele, não é muito de fazer palestras ou mesas redondas. Ao fundo serão projetadas imagens dos fotógrafos Wagner Almeida, Cesário Triste, Eliott Erwuitt, Marlene Bergamo, Antoine D’Agata, Ana Carolina Fernandes, Dóris Haron Kasco, Loren McIntyre, Claudia Guimarães, Ana Mocarzel, Monica Piloni, Monica Vendramini, André Cypriano e Mario Cravo Neto. O monólogo vem sendo apresentado nos últimos 10 anos, no Brasil e América Latina, a partir de pesquisas entre fotografia e literatura e da experiência do autor nos 25 anos de carreira.
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“Serão apresentados vários aspectos imagéticos ligados à palavra e temas como sexo, vida na cidade. É uma reflexão do meu olhar como cidadão e a relação no mundo ao qual fazemos parte”, comenta Diógenes Moura.

Embora faça duras críticas à sociedade, ele ressalta que isso não o impede de ser poeta, mas destaca a forma como o Brasil se apresenta. “O Brasil passa uma imagem de país, caloroso, afetuoso, mas não é nada disso. Nós somos muito violentos. Ou você assimila isso, ou vai para a praia. É muito confortável viver assim e estar nem aí para isso. Eu sou sozinho, não me reproduzi, porque isso é coisa da idade média e a minha responsabilidade é com a minha palavra. Foi isso que me salvou e não a arte. A arte não salva ninguém, mas sim a forma como você escolhe para olhar o mundo”, critica.
Diógenes enfatiza que embora tenha família e goste muito dela, é uma pessoa sozinha. E foi quando jogou vôlei na escola e passou a viajar para vários lugares, que decidiu “sair da casca”. “Eu acho que estou bem para os meus 57 anos. Não sei o que será o amanhã. Só sei o que eu quero hoje. Parece estranho dizer que sou sozinho, e que gosto dessa felicidade, alegria, isso que as pessoas adoram, acho muito piegas”.
A fulana da vez
São Luís será a última cidade onde o livro de contos/crônicas Fulana Despedaçou o Verso (Terra Virgem Edições, 2014) será lançado. Diógenes já fez anteriormente 8 lançamentos desde junho do ano passado. O livro reúne histórias de várias cidades do Brasil, pequenos lugares, estradas e países por onde Diógenes trabalhou entre 2011 e 2014, desde a República Dominicana, passando por Londres e chegando à Salvador durante o carnaval baiano.
É composto por textos que podem ser lidos como uma única narrativa ou individualmente, alinhavados por um personagem-palavra, Fulana, que ora está presente e, com a mesma intensidade, se perde entre uma página e outra. É também uma sequência de conflitos, um diálogo entre ficção e realidade e poderá ser lido como pequenos filmes.
A obra é uma forma de expressão de como o autor enxerga o mundo e que faz questão de frisar que escreveu o livro enquanto viajava a trabalho e não de férias. “Não gosto de férias, de praia, de alegria”. Me surpreendo e pergunto se ele está falando sério, e ele responde que sim. “Isso é coisa de revistas, de programas de televisão. Você tem a opção de olhar o mundo pela janela ou de entrar e participar de forma mais profunda, eu prefiro me expor. Não é algo que digo como frase de efeito, mas é que não dá para passar despercebido o que o Brasil está passando nos aspectos social, político…Não dá para fingir que nada está acontecendo”.
O artista
Diógenes Moura é de Recife (PE) e mora em São Paulo desde 1989. Entre 1998 e 2013 foi Curador de Fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 2009 foi eleito o Melhor Curador de Fotografia do Brasil pelo Sixpix/Fotosite. Em 2010 recebeu o prêmio APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte de melhor livro de contos/crônicas com Ficção Interrompida – Uma Caixa de Curtas (Ateliê Editorial). Com o mesmo título foi finalista do Premio Jabuti de Literatura 2011. O último prêmio recebeu com a mostra Retumbante Natureza Humanizada, leitura na obra do fotógrafo Luiz Braga. Atualmente trabalha na edição de O Livro dos Monólogos – Recuperação Para Ouvir Objetos.
Diógenes também está em São Luís para fazer o livro e cuidar da exposição nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires, do trabalho de Márcio Vasconcelos, Visões de Um Poema Sujo, aberto ao público no Museu de Artes Visuais (Praia Grande).
SERVIÇO
O quê? Monólogo Carne é Sangue – imagens para uma consciência humana e lançamento do livro Fulana Despedaçou o Verso, de Diógenes Moura
Quando? Hoje (6), às 20h
Onde? Cine Praia Grande (Praia Grande)
Quanto? R$ 10
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