Nos últimos anos, a técnica vem rendendo experimentações no cinema alternativo e chama a atenção também em festivais
Por: Estado de Minas
Padrão para os atuais grandes lançamentos de ação e fantasia, o cinema em 3D não apenas vende pipoca nas salas comerciais. Nos últimos anos, a técnica vem rendendo experimentações no cinema alternativo e chama a atenção também em festivais: este ano, Cannes incluiu em sua programação o longa-metragem Love, do argentino Gaspar Noé (Irreversível), que causou polêmica ao mostrar cenas de sexo explícito em três dimensões. O filme, com lançamento previsto para 17 de setembro no Brasil, chega ao circuito após a (breve) passagem de Adeus à linguagem, primeira incursão de Jean-Luc Godard no cinema 3D.
Apesar de experiências de imersão inovadoras como a oferecida por James Cameron em Avatar, o uso massificado da técnica pelos grandes estúdios – que em muitos casos convertem filmes gravados de maneira convencional para o 3D na pós-produção – deixa de lado o potencial criativo do recurso. Porém, se para para a indústria a imagem em três dimensões é uma ferramenta de marketing, cineastas como Godard, Wim Wenders (Pina), Werner Herzog (A caverna dos sonhos esquecidos), Alfonso Cuarón (Gravidade) e Martin Scorsese (A invenção de Hugo Cabret) se apropriam da tecnologia propondo uma aplicação mais expressiva, incorporando-a à concepção estética do filme.
O resultado são experimentações que transformam a imagem e ampliam a experiência na sala de cinema. Em Pina, Wenders traz o público para o centro das coreografias encenadas em seu documentário, enquanto Herzog nos leva para dentro da Caverna de Chauvet, no sul da França, que guarda as mais antigas pinturas rupestres já encontradas. Alfonso Cuarón, por outro lado, usa o 3D para transportar o espectador na jornada espacial de Sandra Bullock e George Clooney.