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Sherlock Holmes molda-se a diferentes estilos e leituras

Mais nova produção sobre o personagem é ‘Mr. Holmes’, filme com Ian McKellen que conta a história do detetive já aposentado

Para o leitor que, nos últimos anos, tem redescoberto Sherlock Holmes na interpretação de Robert Downey Jr, um filme como ‘Mr. Holmes’ arrisca-se a surpreender, e não se sabe se favoravelmente. Já tivemos o jovem ‘Sherlock Holmes – O Enigma da Pirâmide’, de Barry Levinson, nos anos 1980 – e o filme era muito bom. Temos agora o velho Sherlock Holmes. Ian McKellen é excepcional no papel do velho detetive em ‘Sr. Holmes’. O filme refaz a parceria do ator com o diretor Bill Condon, que já rendeu um grande filme – ‘Deuses e Monstros’.
Lá, a história era do diretor James Whale, que criava beleza a partir das histórias de seres monstruosos como o Frankenstein de Mary Shelley. Velho, Whale vivia recluso em casa e, sendo homossexual, desenvolvia uma paixão platônica pelo jardineiro, Brendan Fraser. Também velho, Sherlock Holmes recolhe-se agora à sua casa de campo. Na companhia da caseira, que tem um filho garoto, aproveita o tempo para inventariar sua vida e tentar resolver um caso inacabado, e que envolve a mulher por quem se apaixonou, décadas antes. Por um desses sortilégios do cinema, o menino, incorporando métodos de dedução que fizeram a fama do Sr. Holmes, é quem vai ajudá-lo a resolver o caso.
Bill Condon conta sua história com a certeza de que o velho Sr. Holmes não é mais o que era. É um filme sobre a terceira idade, em confronto com a juventude. O garoto ousa, mas chega um momento em que a experiência conta pontos. Laura Linney faz a governanta, o garoto é Milo Parker. Exibido no Festival de Berlim, em fevereiro, o filme provocou entusiasmo. Sir Ian McKellen tem o que se chama de ‘Oscar winning performance’. Não será surpresa se for indicado para o Oscar.
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Sherlock Holmes, o emblemático personagem criado pelo escritor Arthur Conan Doyle, ressuscitou nos últimos anos graças a Robert Downey Jr., na série produzida pela mulher do ‘homem de ferro’. ‘Sherlock Holmes’ e ‘Sherlock Holmes – O Jogo de Sombras’ foram dirigidos por Guy Ritchie, que repetiu a bossa de montagem de ‘Snatch – Porcos e Diamantes’. Nos filmes, Sherlock mentaliza a dedução sobre determinado fato ou situação, que o diretor antecipa em câmera lenta e depois filma em tempo real. O público adorou o recurso. Essa maneira de desvendar os bastidores (do método) foi considerada a reinvenção do gênero mistério. Curiosamente, saiu nos EUA o Blu-Ray de ‘O Cão dos Baskervilles’, que Terence Fisher fez na Inglaterra, em 1959. Fisher ficou famoso por suas fantasias na empresa Hammer. Ele recuperou a dupla de seus Dráculas e Frankensteins – Peter Cushing como Mr. Holmes e Christopher Lee, que morreu há pouco, como Henry Baskerville, ameaçado pela maldição que persegue sua família. O Sherlock de Fisher é uma obra-prima de terror. O personagem presta-se a todas as leituras. Houve até um romântico de Billy Wilder (‘A Vida Íntima de Sherlock Holmes’). O tempo passa e ele permanece. Elementar, como diria seu amigo, o Dr. Watson. Sherlock é sempre ótimo.

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