ARTE E TECNOLOGIA

Exposição Códigos Primordiais exibe obras de artistas britânicos

RIO DE JANEIRO – Já imaginou estar em um espaço em que a arte dialoga com você? Que ela interage com você e que muda, se articula de acordo com os movimentos que você faz? A Oi Futuro está com a Exposição Códigos Primordiais, no Centro Cultural no Flamengo (RJ), disponível para visitas até o […]

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RIO DE JANEIRO – Já imaginou estar em um espaço em que a arte dialoga com você? Que ela interage com você e que muda, se articula de acordo com os movimentos que você faz? A Oi Futuro está com a Exposição Códigos Primordiais, no Centro Cultural no Flamengo (RJ), disponível para visitas até o dia 16 de agosto e reunindo, pela primeira vez na América Latina, obras dos britânicos Paul Brown, Harold Cohen e Ernest Edmonds e do alemão Frieder Nakem, precursores da arte computacional internacional, alicerce de uma das características mais predominantes da arte contemporânea: a conexão entre arte e tecnologia.

O Imparcial foi convidado pela Oi Futuro a participar da abertura da exposição e conhecer mais de perto a história desses artistas que usam lógica, matemática, engenharia e claro, criatividade para compor suas obras, um gênero ainda pouco explorado aqui no Brasil.
Todas as salas expositivas do Oi Futuro Flamengo estão abrigando as obras desses artistas que há mais de 40 anos trabalham tendo como ferramenta códigos gerados através do computador. Sob curadoria de Caroline Menezes e Fabrizio Poltronieri, documentos, gravuras, desenhos, pinturas e instalações interativas compõem as obras abertas à visitação.
Conhecida também como arte generativa (obras mutáveis onde o processo de execução é realizado pelo computador através de algoritmos escritos pelo artista), esta produção vem sendo desenvolvida desde o início da década de 1960 pelos artistas de Códigos Primordiais. As obras iniciais eram impressões produzidas através de plotters (impressoras que geravam desenhos em grandes dimensões, com elevada qualidade e rigor) e com o tempo se chegou à ideia da realidade virtual e às instalações artísticas interativas de hoje.
Segundo a curadora Caroline Menezes, a Exposição é uma grande chance de se conhecer mais sobre esse tipo de arte. “Para o público brasileiro, Códigos Primordiais é uma oportunidade única para entender o desenvolvimento do que hoje chamamos de arte digital, arte cibernética ou arte e mídia, tendência inerente à arte contemporânea e de que muito se fala e se faz na cena artística brasileira, contudo ainda sem grande escopo histórico. Além de apresentar a singularidade dos trabalhos antigos e novos destes artistas, Códigos Primordiais visa contar um pouco dessa história já longa e prestigiosa, mas ainda pouco conhecida no Brasil”, explica.
Todos os artistas selecionados são nomes prestigiados internacionalmente, com obras expostas pelo mundo, em museus como a Tate Gallery e The Victoria & Albert Museum, em Londres, e Kusthalle Bremen, na Alemanha.
Ernest Edmonds é um artista multidisciplinar, conhecido como especialista na interação entre homem e máquina, nasceu em Londres e estudou Matemática e Filosofia na Universidade de Leicester. Sua arte segue a tradição construtivista. Ernest é um dos precursores da arte cinética, trabalhando em filmes baseados na passagem do tempo. Em Códigos Primordiais ele está apresentando uma instalação interativa onde as imagens são constantemente geradas usando uma série de regras estabelecidas para determinar as suas cores, padrões e duração, variando de acordo com o ambiente ao seu redor. Na instalação, o movimento dos visitantes em frente de cada trabalho é detectado por uma câmara que produz alterações na forma e duração de cada imagem, conforme o público interage com a obra.
“Minha arte vai mudando com o tempo e não se repete. É uma obra que vai mudando e se tem um final? Como a vida só se for com a morte. Você está vendo algo que nunca vai se repetir”, descreve Ernest a respeito das suas obras que causam curiosidade e impressão a quem vê.

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Arte e tecnologia

A exposição também destaca a importância das linguagens de programação de computador na arte contemporânea e na educação, incentivando os visitantes a se envolver com as obras de arte e aprender sobre codificação e programação para a criação artística. Além de apresentar trabalhos anteriores, cada artista criou obras especialmente para três espaços no Oi Futuro: Grande Campo (fachada), Vitral (primeiro nível) e Video-Wall (entrada).
“Acreditamos que a exposição das obras dos primórdios desta interação entre arte e tecnologia computacional pode estimular o aprendizado e a utilização da programação – que se faz tão presente, mas ao mesmo tempo tão camuflada no cotidiano – como uma linguagem com a capacidade intrínseca de gerar significados novos e surpreender”, completa Fabrizio, que também assina a curadoria.
O artista e escritor britânico Paul Brown dispôs quatro obras no Instituto, feitas em tempo real. Para a exposição ele apresenta um novo trabalho criado especialmente para o Videowall, localizado acima da entrada principal do Oi Futuro. Trabalhos anteriores do artista estão sendo apresentados na exposição principal, incluindo a obra generativa Builder/Eater (1977) e o filme “The Earth Probe”, criado a partir de um gerador de script, entre outros.
Para a exposição, Frieder, artista alemão e Professor de Ciência da Computação da Universidade de Bremen, na Alemanha, fez uma obra inédita para o Vitral, ocupando uma parede inteira do hall de entrada.
“O conceito do meu trabalho é a minha alegria, a minha obsessão. É revolucionário porque na época que comecei a trabalhar não havia nenhuma interface, era só o programa de computador, então só via a obra por completo depois de impressa e podiam se passar vários dias para ver o que eu estava produzindo”, afirma Frieder.
No primeiro nível, haverá um painel com uma instalação introdutiva da exposição feita especialmente para o Oi Futuro. A galeria do segundo nível será divida em quatro setores para os respectivos artistas, com obras das décadas de 1960 e 1970, textos e um vídeo (entrevista) com cada artista, realizados especialmente para a exposição. Já na galeria do quarto nível, estarão cerca de 30 obras cobrindo a produção dos artistas por quatro décadas, uma obra em projetor e oito obras em monitor, todas legendadas e com referências históricas. Finalmente, na galeria do quinto nível, teremos duas salas em forma cúbica, cada uma exibindo uma obra com projeção por trás da tela.
Os Artistas
Paul Brown – Especializado em arte, ciência e tecnologia desde o final da década de 1960 e em arte computacional e generativa desde meados da década de 1970. Seus primeiros trabalhos incluíram a criação de obras de iluminação em grande escala para músicos como o Pink Floyd e de artistas performáticos, como Meredith Monk, entre outros. Ele tem um histórico de exposições internacionais a partir do fim dos anos 1960, incluindo uma série de obras públicas permanentes e temporárias. O seu trabalho está representado em coleções públicas e particulares na Austrália, Ásia, Europa, Rússia e EUA. Atualmente é Professor Honorário de Arte e Tecnologia do Centro de Neurociência Computacional e Robótica, na Universidade de Sussex, na Inglaterra, e fez parte da recente exposição Revolução Digital no Centro Barbican, no verão de 2014.
Harold Cohen – Artista britânico conhecido como o criador do AARON, um programa de computador que está em contínuo desenvolvimento desde 1973, projetado para produzir arte autônoma. O programa é capaz de executar pinturas, com total autonomia, sem recorrer a uma de base de dados pré-estabelecida. Segundo Cohen, é o programa quem decide o que fazer a partir de uma série de parâmetros sobre as características das imagens (como as proporções do corpo humano, por exemplo), algumas noções de composição de cor, regras de estilo etc. Cohen vive e trabalha em San Diego desde 1968, depois que passou a ser professor na Universidade da Califórnia, cargo que ocupou por quase três décadas, tendo sido também diretor do Departamento de Artes Visuais. Seu trabalho tem sido continuamente exibido em grandes galerias em todo o mundo, além de fazer parte de muitas coleções públicas, incluindo as da Tate Gallery, Whitechapel e Ashmolean, entre outras. Harold Cohen também representou a Inglaterra na Bienal de Veneza, e suas obras realizadas com o AARON foram exibidas na documenta III e documenta VI.
Ernest Edmonds – O artista utiliza computadores em sua prática artística desde 1968, tendo exibido pela primeira vez um trabalho interativo, com Stroud Cornock, em 1970. Tendo exposto no mundo todo, suas obras estão em coleções importantes como as do Victoria & Albert Museum, em Londres. Ernest é Doutor em lógica pela Universidade de Nottingham, Reino Unido, é membro da Sociedade Britânica de Computação e parte de um grupo de elite do Instituto de Engenharia e Tecnologia. Atualmente é professor de Ciência da Computação e Creative Media na Universidade de Tecnologia de Sydney e Professor de Arte Computacional na De Montfort University, Leicester, Reino Unido.
Frieder Nake – Começou a trabalhar em com arte computacional na década de 1960 e seu trabalho é reconhecido como um dos primeiros a ter ser sido exibido em galerias de arte. Seu Sua primeira exposição, na Galerie Niedlich em Stuttgart, foi em novembro de 1965. Ao longo de sua carreira, Nake participou de várias exposições internacionais, incluindo a seminal mostra Cybernetic Serendipity no Instituto de Arte Contemporânea, em Londres, em 1968 e da Bienal de Veneza em 1970. Com formação em matemática, Nake é um prolífico pesquisador e seus interesses de investigação recentes incluem mídia digital, projetos de sistemas interativos e semiótica computacional. Ele tem escrito extensivamente sobre arte, estética, computação gráfica, semiótica, mídia digital, educação e teoria da ciência da computação, em inglês e alemão..
Livro
Será produzido um livro bilíngue, editado pelos curadores Caroline Menezes e Fabrizio Poltronieri, incluindo texto curatorial, ensaios críticos, entrevistas exclusivas com os artistas, imagens das obras de arte e documentos que contam a história da arte computacional.
Projetos
O Oi Futuro é o instituto de responsabilidade social da Oi, que emprega novas tecnologias de comunicação e informação no desenvolvimento de projetos de educação, cultura, esporte, meio ambiente e desenvolvimento social. Desde 2001, suas ações visam democratizar o acesso ao conhecimento e reduzir distâncias geográficas e sociais, com especial atenção à população jovem.
*A jornalista viajou a convite da Oi Futuro
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